[LIVRO] “Lobo de Rua”: Os lobisomens paulistanos de Jana P. Bianchi (resenha)

[LIVRO] “Lobo de Rua”: Os lobisomens paulistanos de Jana P. Bianchi (resenha)

A maldição do lobisomem é um tema recorrente na ficção fantástica e este talvez seja o monstro mais icônico da cultura pop depois dos vampiros.

A representação do humano que pode se transformar em lobo é perfeita analogia para os medos e loucuras que habitam o interior de todos nós, e, seja na forma de um animal irracional, ou na de uma alma atormentada pela maldição, os lobisomens sempre renderam ótimo material para livros e filmes, que vão desde os clássicos do terror até obras de teor erótico.

Sendo uma das lendas mais populares do nosso país, os Lobisomens parecem muito à vontade em território brasileiro e geram ótimos trabalhos na ficção nacional, como a HQ independente “A ordem de Licaão”, do quadrinista Rodney Buchemi; o romance “Lobas”, de Rafael Campos Rocha (já resenhado aqui no Delirium); e também o elogiado “Exorcismos, Amores e uma Dose de Blues”, de Eric Novello.

“Lobo de Rua”, o mais recente lançamento da editora Dame Blanche, vem se juntar ao time e nos traz mais  um ótimo exemplo de como se explorar o mito do lobisomem em uma fantasia urbana com mitologia própria que quebra muitos dos estereótipos com os quais estamos acostumados.

No livro, conhecemos Raul, um menino de rua que vê sua vida miserável ser piorada quando durante a lua cheia começa a passar por uma terrível transformação na qual seu corpo e também sua mente são rasgados de dentro para fora para libertar uma fera com sede implacável de sangue.

Com um jeito de prólogo, “Lobo de rua” nos mostra, em suas oitenta e poucas páginas, uma São Paulo fantástica, desconhecida aos olhos dos meros mortais e habitada por criaturas mágicas de toda espécie. Acompanhamos os tormentos de Raul que é guiado por Tito, um lobisomem centenário, nos dias que antecedem a chegada da próxima lua cheia e a derradeira transformação.

“– Ah , não, garoto, acho que cheguei a tempo desta vez. Quando senti você no mês passado, tratei de monitorar a Folha, o Estadão, a Globo.com. Não saiu nada muito óbvio, fica tranquilo, você foi até que bem discreto. E, de todo o modo, não temos mais nenhum grande caçador residente em terras brasileiras. O último, Onofre Fagundes, morreu no início da década de oitenta, em uma expedição de caça na Floresta Amazônica, mordido por uma das mais malditas criaturas dos infernos.

– Por um lobisomem? – Perguntou Raul.

– Não…

– Vampiro, então?

– Não, pô. Por um mosquito – disse Tito, dando uma risada amarga e rouca. – Malária, vê se pode. Uma ironia dos caralhos, não?”

Jana P. Bianchi faz um excelente trabalho nessa apresentação do universo fantástico da Galeria Creta e nos deixa curiosos para saber o que vem a seguir. O livro foi lançado em formato e-book, mas estará disponível em formato físico em breve.



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Lobo de Rua

89 páginas

Jana P. Bianchi

Editora Dame Blanche

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Escrito por:

46 Textos

Formada em Comunicação Social, mãe de um rebelde de cabelos cor de fogo e cinco gatos. Apaixonou-se por arte sequencial ainda na infância quando colocou as mãos em uma revista do Batman nos anos 90. Gosta de filmes, mas prefere os seriados. Caso encontrasse uma máquina do tempo, voltaria ao passado e ganharia a vida escrevendo histórias de terror para revistas Pulp. Holden Caulfield é o melhor dos seus amigos imaginários.
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