5 contos de terror para ler neste Halloween!

5 contos de terror para ler neste Halloween!

Dia das bruxas: para uns, uma data qualquer; para outros (como nós), a data mais aguardada do ano. Quem ama as festas à fantasia típicas da data, as comemorações já se encerraram no último fim de semana. Mas, para as introvertidas, não há nada como comemorar o dia com um bom livro e uma decoração à luz de velas.

Para essas, preparamos uma lista com 5 contos de terror para ler neste Halloween, dos mais variados para agradar todos os gostos e ainda curtinhos para caberem nesta quinta-feira assombrada. Vem com a gente!

1) Venha ver o pôr do sol – Lygia Fagundes Telles (1988)

Começando com um clássico absoluto! Esse é um conto escrito pela grandiosa Lygia, a dama da literatura brasileira. Ela é uma dessas escritoras completas que expandiu seu talento para vários formatos e gêneros literários. Podemos ver essa variedade desde os romances dramáticos como As meninas (1973) até os contos experimentais que nos fisgam até o último ponto final.

O conto Venha ver o pôr do sol foi publicado pela primeira vez em 1988. Saiu em uma antologia homônima pela Editora Ática e continua disponível para compra. Também é possível encontrá-lo na antologia completa chamada Os contos que saiu pela Companhia das Letras.

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Em princípio, a história, parece triste, mas inofensiva. Sob o olhar voyeur que a narrativa em terceira pessoa nos proporciona, observamos os personagens de ex-namorados Raquel e Ricardo. Eles estão caminhando juntos rumo a um local onde apreciariam o pôr do sol.

Porém, alguns elementos sinistros começam a aparecer logo no começo, como o fato de que o ponto de encontro dos dois é um cemitério, mas o choque do horror vem mesmo no final, em uma reviravolta que demonstra a verdadeira intenção daquele passeio. Se você nunca leu, o susto é garantido!

Venha ver o pôr do sol - Lygia Fagundes Telles (1988)
Lygia Fagundes Telles | Imagem: reprodução

2) A farsa de Moby Dick – Juliane Vicente (2021)

Quem leu Moby Dick (1851), calhamaço de Herman Melville, sabe que a obra por si só já contém elementos do horror. No entanto, nesse conto, o medo ganha outros contornos, principalmente o da raça.

A farsa de Moby Dick é de autoria de Juliane Vicente, uma multiartista com várias histórias publicadas. O conto faz parte do livro Afrohorror: Medos ancestrais (2021), uma antologia que reúne contos de escritores negros com protagonistas negros explorando as várias faces do horror.

Na narrativa de Juliane, o cenário ainda é famoso barco baleeiro Essex. Os eventos que se passam ali são narrados pela perspectiva de um dos tripulantes que trabalhava em condições desumanas junto a outros oito homens racializados. Ao contrário do drama psicológico de Melville, Juliane nos leva em uma agonia que dói no corpo e derrama sangue.

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Afinal, essa não é a história de um capitão em sua busca frenética por redenção. Essa é a história dos que se apertam no convés, são usados e abusados para propósitos alheios e testemunham a máxima de Elza Soares: a carne mais barata do mercado é a carne negra.

3) O homem da areia – E.T.A Hoffmann (1817)

Esse é para as fãs de Frankenstein (1818) e outras obras clássicas do gótico que brincam com as questões existenciais do que é ser um ser humano frente aos avanços científicos.

O homem da areia começa com uma carta do protagonista Nathanael para seu cunhado, Lothar. Nela, Nathanael narra os bizarros acontecimentos de sua infância ligados ao “homem da areia” que levaram à morte de seu pai, e expressa como esses fantasmas do passado estão voltando para assombrá-lo.

A partir daí, vemos o personagem partir em disparada para o declínio de sua razão, além de discussões interessantíssimas sobre a natureza do mal e os encontros entre ciência e arte.

Essa obra é tão emblemática para a história da literatura que influenciou, conforme o site da Ubu Editora, desde as teorias de Freud até as composições de Tchaikovsky. Por essas e por outras, vale muito a pena ler. De preferência, mais de uma vez.

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Afrohorror: medos ancestrais (2021)
Afrohorror: medos ancestrais (2021)

4) A igreja do Diabo – Machado de Assis (1883)

Quem conhece Machado de Assis somente por Dom Casmurro (1899) ou Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), talvez se surpreenda com a variedade de gêneros e assuntos que o patrono da nossa literatura já se aventurou. Não que essas duas não sejam excelentes obras, mas com certeza há muito o que conhecer desse grande escritor.

Publicada pela primeira vez no jornal Gazeta de Notícias em 1883, A igreja do Diabo é um ótimo exemplo de texto que toca em certos temas que podem ser tabu até hoje. Embora o elemento do horror não está ligada a acontecimentos bizarros e sangrentos, ele está em sua premissa e personagem principal que se apresentam logo no título.

Na história, cansado da desorganização de seus fiéis, Satanás decide fundar sua própria igreja. Isso implicaria em organizar dogmas, ritos e mandamentos que guiassem a práticas dos adeptos. Essa intenção é expressa logo no início do conto, em um diálogo entre o Diabo e o próprio Deus.

Em contraste com o óbvio do que se imaginaria em uma história como essa, Machado de Assis nos leva em uma série de dilemas morais sobre a humanidade, sempre com o toque cheio de humor e ironia que são próprios do autor.

Este conto está disponível em domínio público, é só acessar e apreciar.

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5) Indisposta – Carolyn Parkhurst (2019)

Relações tóxicas entre irmãos é um tema que remonta até o Gênesis bíblico, que narra a competitividade entre Caim e Abel. Na literatura brasileira, também, temos o romance Dois irmãos (2000) de Milton Hatoum, uma obra que utiliza essa tema tendo o estado amazonense como cenário.

Por outro lado, Indisposta vai bem fundo nessa rivalidade ligada por laços de sangue, mas dessa vez com duas personagens mulheres: Yvonne e Arlette. A história é contada pelo ponto de vista de Arlette, que logo reconhecemos como o lado mais perverso da relação.

Minissérie "Dois Irmãos" (2017)
Minissérie “Dois Irmãos” (2017)

Arlette relembra os acontecimentos mais sórdidos da sua relação com Yvonne, que com frequência é vítima das armações da irmã. Sabendo que Yvonne está prestes a se casar, Arlette já está com mais um plano em mente para arruinar essa cerimônia, e os detalhes dessa ideia deixam um sabor amargo no leitor.

É uma pena que Carolyn Parkhurst não tenha nenhum livro traduzido para o português brasileiro, mas você pode conferir o conto Indisposta no livro Seres mágicos e histórias sombrias (2019), um compilado de contos de terror dos mais variados autores e com a organização de Neil Gaiman.

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Qual ou quais contos chamaram sua atenção? Algum deles vai te acompanhar nesse Halloween? Não deixe de marcar a gente nas redes sociais mostrando suas leituras de terror!

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Criança dos anos 2000, filha do cerrado mato-grossense, historiadora, pesquisadora da cultura e aspirante a crítica.
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