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DELIRIUM NERD
Charlotte Matou um Cara
ENTREVISTAS, MÚSICA

[ENTREVISTA] Charlotte Matou um Cara: Punk, Feminismo e Lançamento do disco

por Isabelle Simões @_bellesimoes · 19 de abril de 2017
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A banda paulista de punk rock Charlotte Matou um Cara é um grito nacional frente ao patriarcado, fascismo e violência policial. Através de canções marcantes e letras feministas, elas enxergam o punk como uma forma de protesto e um ato político frente a misoginia presente na sociedade atual. Batemos um papo com uma das fundadoras da banda, a vocalista e jornalista Andrea Dip, que nos convida para o lançamento do primeiro disco, que ocorrerá na Trackers, em São Paulo, no próximo domingo (23/04).

DN – Como e quando surgiu Charlotte Matou um Cara? Como vocês se conheceram? Tem algum significado particular a escolha desse nome?

Andrea Dip – A ideia da banda surgiu em um show das Mercenárias em julho de 2015. Eu estava lá com a Júlia, que foi nossa primeira baixista, e a gente estava muito emocionada por vê-las tocar depois de tanto tempo. Inspirada por toda aquela energia eu virei pra Juju e disse: “Vamos montar uma banda punk de garotas?” e ela topou. Na verdade esse sempre foi um sonho meu. Eu já tive outra banda de garotas na adolescência mas era de metal e eu sempre gostei de punk e do movimento riot grrrl. Do show mesmo eu fiz um post no Facebook procurando guitarrista e baterista e a Nina e a Dori apareceram! Eu, a Júlia e a Nina já nos conhecíamos do roller derby, nós todas fomos das Ladies of Helltown.

Eu e a Julia na época ainda andávamos juntas de patins em pistas de skate. A Dori era conhecida minha e também tinha sido apresentada por ter em comum o interesse pelo patins quad (aquele tradicional, sabem?) e pelo roller derby. Depois de um tempo, quando ainda estávamos ensaiando, a Julia se mudou pra Los Angeles e a Katharina apareceu (também através de um post no Facebook) e pegou o baixo. O nome vem de longas noites de brainstorm no bar (risos). A gente queria nomes de mulheres fodas que não fossem tão óbvios ou conhecidos, que instigassem as pessoas a pesquisar e conhecer outras histórias. Então meu namorado, Guilherme Peters, que é artista plástico e tem grandes influências da Revolução Francesa em seu trabalho, sugeriu a Charlotte Corday, que matou o Marat. Charlotte era uma aristocrata de família católica, aquelas garotas criadas para serem princesas, que premeditou e executou um crime político. Daí veio Charlotte Matou um Cara.

Charlotte Matou um Cara

2) Como surgiu a apresentação do punk rock para você? E qual foi o primeiro álbum marcante que você ouviu de punk rock?

Andrea Dip – Ainda na adolescência eu comecei a ouvir L7 e depois Bikini Kill, fui me aproximando desse universo riot grrrl e foi não só meu primeiro contato com essa cena mas também meu primeiro contato com o feminismo. Apesar de Bikini Kill ser minha banda do coração, acho que o primeiro disco que eu ouvi que me fez procurar mais bandas de meninas (não tinha google na época, tá, gente) foi mesmo o Bricks are heavy, do L7, que não é necessariamente punk mas que foi a porta para todo o resto.

DN – Nota-se que Charlotte Matou um Cara tem uma influência forte de Bikini Kill e do movimento riot grrrl. Você também utiliza o discurso All Girls to the Front! (Todas as Garotas para Frente!) da Kathleen Hanna nos shows da banda? Você já presenciou alguma situação machista e desagradável nos shows? E quais são as outras inspirações do punk rock feminista pra você?

Andrea Dip – Sim, nós amamos Bikini Kill não só pelo som mas por tudo que representa, né? Pelo movimento riot grrrl que é mais atual que nunca. A gente sempre pede para as garotas virem pra frente nos shows. Algumas vezes os caras dão uma reclamada, mas incomodar faz parte, né? (risos). As vezes eles gritam umas besteiras e quando eu ouço, eu paro o show, peço pra repetir, pergunto se quer vir até o palco falar diretamente pra mim, aí eles se encolhem e ficam caladinhos. O que rola também é uma coisa mais sutil de “pô, vocês tocam mesmo, né? Gritam mesmo, né? Não imaginei”, um espanto por sermos mulheres tocando punk. Que ano é hoje, né, gente?  Sobre outras influências, acho que cada uma tem as suas, mas, poxa, X-Ray Spex, Slits, Bratmobile, Sleater-Kinney, Bulimia, Mercenárias, Dominatrix.

DN – Como você enxerga o cenário musical atualmente para as mulheres do punk rock? Você já enfrentou alguma discriminação nesse meio por ser mulher?

Andrea Dip – O cenário tá lindo! Várias bandas nascendo, várias voltando a ativa, festivais feministas rolando… Eu particularmente não sofri discriminação, mas o que eu digo sempre e vou continuar dizendo até isso acabar é que pra mim não tem outro motivo a não ser o machismo no punk pra existirem festivais com 10, 15 bandas e nenhuma banda de garota.

DN – As letras de Charlotte Matou um Cara falam sobre pautas feministas, como assédio, opressão, machismo e criticam inclusive o cenário político atual do Brasil. Qual a importância de expor e discutir esses problemas através do punk rock? Você acredita que o punk pode atingir e conscientizar as pessoas de uma forma diferente?

Andrea Dip – Acho que o punk é cru, é direto, é um soco na cara. Por isso ele é ótimo pra falar sobre esses assuntos. É uma forma de nós mulheres nos fortalecermos e nos unirmos e gritarmos pro mundo que não vamos mais tolerar a misoginia em nenhum aspecto de nossas vidas. Também é uma forma de nos fazermos ouvir. É protesto, é um grito.

DN – Andrea, como você também é jornalista, gostaria de saber como você enxerga o jornalismo brasileiro na divulgação de trabalhos feitos por mulheres. Você acredita que o jornalismo atualmente tem a preocupação de divulgar e falar sobre bandas formadas por mulheres? Ou essa preocupação ocorre em grande escala através de coletivos, jornais e sites independentes?

Andrea Dip – Acho que a abertura é muito maior em veículos independentes, sem sombra de dúvida. Os grandes veículos são mais reticentes mas é porque tem muita coisa em jogo, né? Muita grana que rola, muito rabo preso. Fiquei muito feliz e admirada por podermos ter mostrado nossa música que diz “mexe comigo que eu arranco o seu saco” na rádio 89, por exemplo. Mas duvido que a gente seja chamada pra tocar numa emissora de TV aberta por exemplo. E nem quero (risos).

DN – O lançamento do disco acontecerá dia 23 de abril no Trackers, em São Paulo. Como foi a produção do novo disco e o que podemos esperar no evento do lançamento? E qual música você mais gostou do disco e por quê?

Andrea Dip – A produção foi suada! (risos) É muito difícil produzir um disco de forma totalmente independente, com baixíssimo orçamento, nenhuma de nós tinha muita experiência com isso, cada uma tem uma opinião, é um trabalho árduo e demorado! Tivemos uma super ajuda do Prego, marido da Dori, que cuidou da gravação e do mix, ele teve muita paciência! Mas acho que a gente aprendeu muito nesse processo e fizemos um disco de verdade, com a nossa cara, nossas ideias. Dá orgulho fazer um som sobre o que a gente acredita. A gente queria que o resultado final não se distanciasse muito do que a gente faz nos shows. Espero que vocês curtam e gritem com a gente! A música que eu mais gosto é “Tiro, porrada e bomba”, que fala sobre a violência policial e sobre resistência. Relembra a história da menina que foi chamada de vadia por um PM, porque passou mal com o gás de pimenta. Ele disse que se ela vomitasse e sujasse sua farda teria que lamber. É muito intensa.

DN – O Lollapalooza, um dos maiores festivais de música que acontece todos os anos em São Paulo, convidou apenas 8% de artistas mulheres para o evento esse ano. Qual a sua opinião sobre isso? Você acha que as bandas formadas por homens são mais divulgadas e mais valorizadas nos grandes festivais, do que as bandas formadas por mulheres? Qual festival maior você gostaria de tocar com Charlotte Matou um Cara?

Andrea Dip – Com certeza as bandas de homens são mais divulgadas e valorizadas! Para o mainstream, banda de mulher (ou mulheres artistas em geral) só valem se houver uma sexualização em jogo, se as integrantes forem bonitas, sexies, se o som for palatável, limpinho, agradável. São anos dessa construção misógina na música, né? Vai demorar pra a gente ver algo diferente disso, eu acho. Putz, acho que meu sonho seria tocar com a Charlotte no Rebellion, já pensou?

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DN – Em 2016 a banda tocou no retorno do festival independente Hard Grrrls, que desde 2006 tinha encerrado suas atividades. O festival foi muito importante para a divulgação de bandas de punk formadas por mulheres no Brasil. Como foi a sua experiência ao receber o convite e tocar nesse festival? Você espera que ocorra mais edições futuras do Hard Grrrls?

Andrea Dip – Foi uma grande honra pra nós tocar no Hard Grrrls! A Pryka e a Lucia são incríveis, viramos grandes amigas. Elas estão com uma coluna na revista Azmina e continuam agitando rolês muito legais. Espero que não parem nunca mais, o festival é um marco.

DN – Qual o seu conselho para as meninas e mulheres que estão formando novas bandas no Brasil?

Andrea Dip – Não desistam! Sejam corajosas, determinadas, divirtam-se! Subam no palco e deem o recado. A gente precisa de vocês.

Charlotte Matou um Cara

Crédito da foto em destaque: Larissa Zaidan/VICE

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Isabelle Simões

Fundadora e editora-chefe do Delirium Nerd. Revisora. Apaixonada por gatos, café, cinema do oriente médio, quadrinhos e animações japonesas. Ouve muito Harry Styles e cantoras melancólicas.

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