[GAMES] The Legend of Zelda – Majora’s Mask: A representação feminina e o que gostaríamos de ver

[GAMES] The Legend of Zelda – Majora’s Mask: A representação feminina e o que gostaríamos de ver

The Legend of Zelda – Majora’s Mask é o sexto jogo da franquia The Legend of Zelda. Inicialmente lançado para Nintendo 64 em 2000, foi remasterizado para Nintendo 3DS e New Nintendo 3DS e lançado no início de 2015. Nele, Link deve salvar Termina, uma terra que contempla vários tipos de espécies, dos quais humanos, Zoras, Gorons e até mesmo fantasmas correm perigo. Curiosamente Zelda nem aparece nesse jogo, que leva seu nome.

Essa história se desenvolve porque uma lua má está caindo sobre essa terra, já que o Skull Kid, personagem travesso, mas não naturalmente mau, rouba uma máscara com poderes perigosos e perde o controle sobre suas vontades. Link possui apenas três dias para socorrê-la e com sua Ocarina mágica ele pode voltar no tempo infinitamente para concertar as coisas. Ao longo da aventura Link deve utilizar as máscaras que adquire para usar os poderes delas e percorrer Termina e adentrar locais como o pântano, a montanha, o oceano e o canyon, nos quais personagens femininas aparecem pontualmente no território e com exceção das piratas, precisam recorrentemente de ajuda.

Além da missão principal, que por si só já é bem intensa e longa, o jogo oferece Side Quests com os habitantes de todos os lugares de Termina. O jogo é excelente e possui todos os elementos que tanto amamos na franquia, além de oferecer muitas horas de jogatina. Mas a frequência com que personagens meninas aparecem é abaixo da média e quando aparecem são muito estereotipadas.

Atualmente existe uma exigência latente em como as personagens femininas são retratadas e existem meios de estabelecer debates saudáveis sobre o assunto, como é o proposto pelo site. Isso pode ser levantado com a simples pergunta do porquê um título que leva o nome de uma personagem feminina – Princesa Zelda – tem como foco um personagem masculino. Quem nunca chamou o menininho de trajes verdes que possui uma espada de Zelda ou conhece alguém que comete esse engano?

The Legend of Zelda
Zelda ou Link?

Para deixar bem claro, a franquia The Legend of Zelda proporciona uma imensa diversão para aquelas que curtem jogos RPGs bem contados e inteligentes, onde um castelo inteiro é um quebra-cabeça para ser desvendado. Mesmo assim, é sempre importante analisar as coisas com um olhar crítico construtivo. Por exemplo, por que as fadas que ajudam tanto Link, por dar vida, restabelecer poder, aumentar poder, dar golpe especial e etc, precisam possuir poses insinuantes, peitos grandes, cintura fina e maquiagem carregada? Ou no outro extremo, uma bruxa precisa necessariamente ser corcunda, feia e baixinha?

A representação feminina no jogo

É possível perceber o estilo de representação que remete desde a década de 1980. As personagens femininas são retratadas como sendo muito sensuais, como as fadas; indefesas, como o caso da cantora Zora Lulu; possuem pares românticos, como o caso de um casal que fica a todo o momento se olhando na cara e ficam rodando infinitamente; ou são velhas rabugentas com aspecto de bruxa bem estereotipado: enrugada, nariz comprido e com verruga. Não seria interessante se ver também representada por uma mulher grande, gorda, alta ou baixa?

Apostar em elementos representativos fora do protagonista é um modo de inserção para começar a naturalizar o público com elementos que são já naturais, considerando a enorme diversidade de pessoas que existem. Apostar em personagens baixas, gordas, negras, índias, pardas e orientais, dentre qualquer outro tipo de representação e combinação que existe, é extremamente importante para as mulheres se sentirem representadas. Ao longo do jogo, por mais que existam espécies de diferentes cores, personagens humanos com diferentes tons de pele não existem ou nem chegam a ser marcantes.

As personagens que merecem um destaque interessante são as piratas. Usualmente piratas são retratados com personagens masculinos, mas em Majora’s Mask não. Elas lutam muito bem, possuem personalidade forte, planos intrigantes, roupas fora do padrão do jogo e cores tão vivas quanto as fadas. Elas possuem, claramente, alguns problemas de representação, como todas possuírem principalmente cabelo comprido, cintura fina e serem altas, além de serem brancas.

É importante entender que todas elas são iguais ou pouco diferenciadas, porque a complexidade inteira do jogo precisa disso. Mas isso não quer dizer que elas não poderiam ser baixas, negras, gordas, ou orientais. Existem infinitos tipos de representatividade para mulheres totalmente diferentes umas das outras, que nem precisam ser citados aqui. Até mesmo as mulheres da cidade poderiam ser retratadas de formas diferentes.

The Legend of Zelda
Piratas

Com todos esses problemas é importante sempre ressaltar que os jogos da franquia são ótimos. Muito bem estruturados, histórias cativantes, das quais você não quer largar o console até saber o que acontece, dicas bem dadas, sem subestimar a inteligência da jogadora, vilões bem feitos e os personagens principais são bem construídos e desenvolvidos. Os pontos levantados neste debate devem servir de reflexão e não como um desencorajamento ou como um modo de canalizador o ódio pela franquia. Muito pelo contrário. Pode-se reconhecer o futuro dela e esperar para que dê certo.

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No ano passado com a aproximação do jogo The Legend of Zelda – Breath of the Wild, o diretor de Zelda, Eiji Aonuma, comentou sobre a possibilidade de uma história com uma protagonista feminina, seja ela Zelda ou uma versão feminina de Link. No jogo Hyrule Warrior Legends já podemos encontrar uma visão dos criadores de como seria a Link. Imaginem um jogo inteiro com ela?

Podemos apenas esperar e torcer para que isso se torne realidade, porque quem de nós mulheres (homens também, mas digo em especial nós, por causa das representações femininas regulares em mídias) não adora escolher uma personagem feminina em um jogo, seja ele da franquia Pokémon, que acrescentou até cores de peles distintas, ou mesmo em Skyrim, com as infinitas possibilidades de combinações de escolhas de trajes, cabelos e personalidade? É interessante refletir em como seria uma história onde realmente Zelda seja a protagonista da sua própria história e lute pela sua própria vida ou até mesmo salvando a de seus amigos e amigas.

The Legend of Zelda
Link mulher? Imagem: Reprodução
Autora convidada: Bruna Maria é estudante de Geologia e tem 22 anos. Ama a Mulher-Maravilha, é leitora árdua da revista National Geographic, cresceu lendo/assistindo Harry Potter, e atualmente é louca pela Brienne. Assassin’s Creed é sua franquia preferida. Acredita que para a construção de um caráter pessoal as personagens de jogos, filmes e livros são tão importantes quanto qualquer outra mídia, para as meninas e mulheres que gostam desse meio. 

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