Furiosa: ela nunca precisou de subtítulos

Furiosa: ela nunca precisou de subtítulos

No dia 22 de maio, o Delirium Nerd esteve na cabine de imprensa de Furiosa: Uma Saga Mad Max, organizada pela Warner Bros. no Rio de Janeiro. Como o título já indica, este é o novo capítulo da série de filmes Mad Max, co-criada pelo diretor australiano George Miller nos anos 1980.

Seguindo o enorme sucesso do revival da série em 2015, Mad Max: Estrada da Fúria, que recebeu dez indicações ao Oscar, vencendo seis delas, nesta produção revisitamos não apenas o mundo deserto que caracteriza a franquia, mas também a personagem que marcou o retorno de Miller ao universo Mad Max e que dá título à nova produção, Furiosa. Vivida originalmente por Charlize Theron e agora, apresentando o passado da personagem, por Anya Taylor-Joy.

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Retornando ao mundo de Mad Max

Em Mad Max: Estrada da Fúria, somos introduzidos a Furiosa, uma personagem que se destaca do ambiente ao seu redor por se manter ligada à esperança da existência de um lugar de abundância, diferente da imensidão estéril e repleta de violência que os cerca. Uma guerreira que não mede esforços para atingir seu objetivo de liberdade, ela se distancia do modo de pensar deste mundo comandado pela ganância daqueles que controlam os últimos meios de sobrevivência restantes.

Anya Taylor-Joy em "Furiosa: Uma saga Mad Max"
Anya Taylor-Joy em “Furiosa: Uma saga Mad Max” | Imagem: Warner Bros.

Dessa vez, George Miller volta no tempo da personagem para desenvolver, na tela, os caminhos que a levaram aos momentos decisivos de Estrada da Fúria. A jovem atriz australiana Ayla Browne divide o papel com Anya Taylor-Joy, representando Furiosa na infância. Também se juntaram ao elenco nomes como Tom Burke e Chris Hemsworth, que vive um novo vilão em uma história cheia deles.

Furiosa começa no momento em que a personagem-título é sequestrada de sua terra natal, uma espécie de oásis comandado por mulheres no meio do deserto. A narrativa acompanha sua transformação até adquirir os elementos característicos que são marcas da personagem, como os cabelos raspados e o braço mecânico. Descobrimos como e o que levou Furiosa à sua futura forma, dando ainda mais profundidade à personagem.

Furiosa – Uma Saga Mad Max é um épico moderno

Ainda maior que seus antecessores, Furiosa ousa mais do que nunca ao retornar aos visuais característicos da franquia. O filme alinha efeitos especiais práticos e computação gráfica de uma forma mais concentrada que o capítulo de 2015. Maquiagem e figurino continuam tendo destaque na construção do mundo de Mad Max, assim como a direção de arte, que dá vida a essa viagem de proporções épicas.

Desta vez, podemos perceber um uso mais intensivo do CGI na composição de cenas e backgrounds, com alguns elementos inteiramente feitos por computação gráfica. No entanto, isso não desmerece os visuais do filme. Os efeitos digitais são utilizados de uma maneira que não distrai tanto o espectador, mas torna tudo ainda maior e mais urgente.

Em entrevista, a atriz Anya Taylor-Joy contou que, para manter a transição entre Furiosa criança e adulta, Miller escolheu utilizar ferramentas de Inteligência Artificial e computação gráfica para unir os rostos das duas atrizes. A técnica funcionou, já que o momento de passagem do tempo, em que acontece a troca de atrizes, é quase imperceptível e chega a ser bizarro o quão parecidas elas ficaram.

A atriz também compartilhou que seus diálogos são mínimos. O filme conta com poucos diálogos no geral, deixando a ação falar por si só. Assim, a carga emocional do longa é toda transmitida por Anya, que faz um ótimo trabalho em expressar os sentimentos da personagem através de seu olhar marcante.

Anya Taylor-Joy em "Furiosa: Uma saga Mad Max"
Anya Taylor-Joy em “Furiosa: Uma saga Mad Max” | Imagem: Warner Bros

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Nem só de explosões se faz um filme

O filme é dividido em cinco partes, que percorrem anos da formação de Furiosa na personagem reconhecida pelo público. É uma história de vingança em ritmo frenético. Para muito pouco, permitindo que tanto as personagens quanto o espectador possam digerir o que acabou de acontecer. Esse ritmo pode atrapalhar o desenvolvimento da protagonista em alguns momentos, dependendo demais da relação que o público tem com a Furiosa de Theron.

Há momentos e relações importantes para Furiosa, mas que vemos as consequências apenas de longe ou rapidamente. Para os que imaginaram que o filme exploraria mais o psicológico da personagem, talvez o longa deixe um pouco a desejar, tornando-se cansativo em determinados momentos, antes de recuperar o fôlego no ato final. Porém, para os amantes dos filmes de ação intensa, Furiosa: Uma Saga Mad Max não decepciona.

Como já mencionado, os visuais são ainda mais épicos e o ritmo ainda mais empolgante. O uso mais intensivo da computação permitiu cenas maiores e mais elaboradas. A ação é, sem dúvida, a protagonista do filme. Assistir ao filme em uma tela de cinema, especialmente no IMAX, é uma experiência única. O espectador é envolvido pela magnitude da produção.

Furiosa sempre foi a protagonista

Anya Taylor-Joy em "Furiosa: Uma saga Mad Max"

Esse apoio na conexão entre o público e a personagem apresentada em 2015 fica ainda mais evidente ao final do filme, quando o mesmo parece admitir tratar-se de uma introdução para o ato principal, que seria Estrada da Fúria.

George Miller parece reconhecer que o que alcançou com Estrada da Fúria dificilmente seria superado. E que talvez esse nem seja seu objetivo, mas sim reparar o fato de que Mad Max: Estrada da Fúria sempre deveria ter se chamado Furiosa.

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Historiadora e mestranda em Cinema e Audiovisual, com pesquisas voltadas para as relações entre os lugares ocupados por mulheres no cinema brasileiro. Apaixonada por arte, cinema e educação.
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