[MÚSICA] Chastity Belt: A banda feminista que não se leva tão a sério

[MÚSICA] Chastity Belt: A banda feminista que não se leva tão a sério

É um pouco difícil ter vinte e tantos anos e não se identificar com as letras da Chastity Belt. O post-punk da banda norte-americana, permeado de letras irônicas, pontuadas com uma certa melancolia e o espírito feminista de quem está arregaçando as mangas e se posicionando na cena musical independente é tudo que uma garota precisa hoje.

O quarteto foi formado em 2010 por Julia Shapiro (vocal e guitarra), Lydia Lund (guitarra), Annie Truscott (baixo) e Gretchen Grimm (bateria). Colegas na Whitman College, em Washington, lançaram juntas o primeiro álbum, “No Regerts“, em 2013, seguido de “Time To Go Home“, de 2015. O terceiro trabalho de estúdio da banda será “I Used to Spend So Much Time Alone”, e tem lançamento marcado para 2 de Junho.

Embora a própria banda assuma que boa parte das músicas do primeiro disco sejam piadas sobre a rotina universitária – e que nem mesmo elas pretendiam gravar -, é perceptível a mente sagaz das integrantes. O álbum contém pérolas como “Nip Slip” e “Pussy Weed Beer“, inusitadas canções sobre seu frequente estado de embriaguez em festas universitárias. É dentro dessa temática que as garotas da Chastity Belt destilam um humor ácido e jocoso.

O lançamento seguinte, “Time To Go Home“, traz um certo amadurecimento. Enquanto a primeira leva de músicas discorre sobre o estigma universitário de encher a cara e transar por aí, a porção de composições de Shapiro do novo álbum possui uma certa melancolia e se distancia da temática juvenil. A primeira faixa, “Drone“, tem “ele era apenas mais um homem tentando me ensinar algo” como refrão. A vocalista deixou claro em entrevista ao Noisey que se trata de uma canção sobre mansplaining, e o próprio título da canção já dá a entender que é sobre manipulação.

Chastity Belt

A divertida “Cool Slut“, que possui um clipe bem caricato apresentando a Chastity Belt num video caseiro estilo anos 90, evoca para todas as garotas do mundo que está tudo bem você fazer o que quiser. O que chama atenção no segundo álbum é o fato de não existir nenhuma menção à palavra “love” nos dois álbuns, pois Julia Shapiro acha que há muitas canções sobre amor já escritas e não quer soar meio brega; a guitarrista Lydia Lund prefere temas recorrentes do dia a dia.

O jogo pode virar no álbum que será lançado no próximo mês. A banda garante que ter passado de pequenos shows na cena da universidade onde se conheceram para turnês com nomes como Death Cab For Cutie e Courtney Barnett fez com que crescessem musicalmente e ganhassem mais confiança. Ao Phoenix New Times, a vocalista afirma que o próximo registro em estúdio da banda não será nada como o primeiro álbum. As canções deverão ganhar um tom mais pessoal e sentimental, além de serem assinadas por toda a banda.

Mesmo sem querer, a premissa da Chastity Belt acaba por guiar jovens de vinte e tantos anos sobre emancipação e como reafirmar sua presença no mundo. Julia disse ao Ladygunn que um dos objetivos, enquanto vocalista, é influenciar garotas mais novas e mostrar que elas também possuem potencial para música, que não é mais um Clube do Bolinha. Ao The Baltimore Sun, Lydia indagou por que estar numa banda só de garotas sempre soa como algo importante.

A cena musical está repleta de mulheres que mostram tanto potencial quanto o sexo oposto. Mulheres na música não é novidade, mesmo que sempre façam parecer algo revolucionário. É lamentável o meio ainda ser incrivelmente sexista e todas as que trabalham por isso estarem dando a cara a tapa para que o constante rótulo “all-girl band” ou “girl group” não seja mais necessário. Se pudermos discutir por que mulheres precisam de um destaque a parte nesse meio, quem sabe outras bandas como a Chastity Belt ganhem cada vez mais espaço sem precisarem de rótulos específicos de gênero.


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Aspirante a jornalista, carioca e apaixonada por música. Quando não está rondando os sebos de vinis e cds do Centro do Rio, está lendo, falando e escrevendo sobre essa paixão. Queria largar tudo e viajar na TARDIS com o Doctor.
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