As Cientistas – 50 Mulheres que Mudaram o Mundo: os nomes que deveríamos ter conhecido nas escolas!

As Cientistas – 50 Mulheres que Mudaram o Mundo: os nomes que deveríamos ter conhecido nas escolas!

Que os livros de história foram escritos majoritariamente por homens, nós já sabemos. Homens sempre receberam destaque e reconhecimento nas conquistas históricas, (sempre vistos como homens inabaláveis, temíveis ou gênios); na composição de obras artísticas (recebendo prêmios célebres e importantes); e o mesmo acontece nas descobertas científicas. Quantas mulheres cientistas aprendemos nas escolas? Quantos livros escolares nos ensinam, por exemplo, que Ada Lovelace foi uma importante matemática que criou “apenas” o primeiro programa de computador da história? Mas o livro As Cientistas – 50 Mulheres que Mudaram o Mundo, da autora Rachel Ignotofsky, chegou para sanar uma parcela dessa falha inadmissível.

Até mesmo na faculdade o trabalho célebre dessas cientistas é silenciado, pois ouvimos falar mais sobre os homens geniais que revolucionaram áreas científicas, do que das diversas mulheres que foram importantes para o desenvolvimento da Ciência, além de abrirem caminho permitindo que futuras mulheres cientistas pudessem entrar nesse campo de estudo e trabalho predominantemente masculino, desafiando, sobretudo, um dos maiores empecilhos: o machismo estrutural. 

A preocupação que a autora e ilustradora Rachel Ignotofsky teve ao resgatar as histórias dessas cientistas – que muitas não conhecíamos até então – no livro As Cientistas – 50 Mulheres que Mudaram o Mundo, é um marco tanto para as jovens mulheres que se interessam pela carreira científica, quanto pela importância histórica e cultural que os adultos podem adquirir ao longo das 127 páginas do livro.

As Cientistas

As Cientistas é uma espécie de enciclopédia que contém ilustrações junto com uma frase marcante de cada cientista. Os textos são curtos e possuem uma linguagem de fácil compreensão. Para os termos técnicos ou desconhecidos, a obra possui um glossário no final do livro.

E para um maior aproveitamento da leitura, por tratar-se de uma enciclopédia, sugerimos ler a obra devagar, para assimilar aos poucos as diversas cientistas que conhecemos e, caso seja do seu interesse, aprofundar nos estudos de alguma pioneira.

“O que significa essas crianças estarem em um lugar? …. Elas estão isoladas das brancas, e nunca poderão aprender que são tão boas quanto as brancas … É preciso acabar com a segregação dessas crianças” – Mamie Phipps Clark (psicóloga e ativista dos direitos civis)

Além disso, o livro apresenta uma linha do tempo que destaca algumas conquistas das mulheres na educação e ciência, como também as estatísticas nos campos STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Matemática) que comprovam como as mulheres ainda possuem baixa representação nessas áreas movidas pela falta de incentivo, que infelizmente é um problema estrutural persistente em muitos locais, embora esse quadro seja diferente atualmente no Brasil.

Sabemos que há diversos fatores externos no Brasil que podem barrar o interesse das mulheres na ciência desde a infância, quando, por exemplo, delimitam através da educação o que é “coisa de menina” ou “coisa de menino”. O incentivo por campos de estudos científicos nas escolas ainda é escasso e vergonhoso, além da falta de interesse em contribuições econômicas para o desenvolvimento da ciência no Brasil

“Se as circunstâncias atuais da sociedade não admitem o desenvolvimento livre das mulheres, então a sociedade precisa ser remodelada.” – Elizabeth Blackwell (médica)

Além de conhecemos as descobertas dessas cientistas, também nos deparamos com alguns de seus enfrentamentos, em épocas onde as mulheres eram hostilizadas e recusadas em universidades. São mulheres que nasceram em gerações onde não possuíam ao menos o direito ao voto e eram vistas unicamente com a funcionalidade dos deveres domésticos e do cuidado aos filhos e maridos. 

“A primeira coisa sobre o empoderamento é entender que você tem o direito de estar envolvida. A segunda é que você tem contribuições importantes a fazer, e a terceira é que você tem de se arriscar para fazer essas contribuições.” – Mae Jamison (astronauta, educadora e médica)

Através de porões insalubres (como o caso da física ganhadora do Nobel, Marie Curie) sem ao menos possuírem locais dignos para desenvolverem suas pesquisas e estudos, essas cientistas reinavam com seus conhecimentos e inteligência. 

Essas pioneiras foram importantes tanto pelas descobertas científicas, quanto pelo desenvolvimento dos direitos das mulheres, desafiando os padrões impostos. Se hoje pensamos em nos tornar cientistas, ou simplesmente estudar para qualquer área, uma parcela dessa conquista ocorreu graças a persistência de cada uma dessas cientistas que conhecemos no livro. 

O viés interseccional do livro

A obra As Cientistas ainda se preocupa com o viés interseccional, ao mencionar conquistas de mulheres negras e asiáticas, como o caso de Katherine Johnson, a cientista afro-americana que calculou a trajetória da primeira missão tripulada à lua em 1969, conhecida como Apolo 11. Katherine ainda foi representada no excelente longa “Estrelas Além do Tempo”

“Nada jamais foi dado à minorias ou às mulheres. Foi necessário lutar para conseguir oportunidades iguais, e continuamos lutando hoje em dia.” – Annie Easley (programadora de computador, matemática e cientista de foguetes)

Conclusão

As Cientistas – 50 Mulheres que Mudaram o Mundo é uma obra essencial principalmente para presentar jovens mulheres. Através da persistência e das dificuldades que essas cientistas enfrentaram, somos encorajadas e tomamos consciência de que o caminho e a batalha para a igualdade de gênero continua e que precisamos lutar e espalhar sempre a mensagem: Lugar de mulher é em qualquer lugar! Principalmente na Ciência!

Sobre a autora

As Cientistas

Rachel Ignotofsky cresceu em Nova Jersey e formou-se Design Gráfico pela Tyler School of Art em 2011. Atualmente mora em Kansas City, Missouri, e acredita que a ilustração, aliada com a história e a ciência, é uma ferramenta poderosa de aprendizado. Com o lançamento de As Cientistas a autora espera que a obra inspire meninas e mulheres a seguirem seus objetivos e sonhos.

Atualmente, a autora prepara-se para o lançamento do seu próximo livro “Women in Sports: 50 Fearless Athletes Wo Played to Win” (Tradução livre: “Mulheres nos Esportes: 50 Atletas Destemidas que Jogaram para Ganhar”) que sai dia 18 de julho no seu site oficial e segue a mesma narrativa de As Cientistas, contando histórias de mulheres atletas em formato de enciclopédia. Esperamos que a Editora Blucher traga mais essa obra da autora para o Brasil!


As cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo

128 páginas; capa dura

Autora: Rachel Ignotofsky

Editora Blucher

Essa obra foi cedida pela editora para resenha

Onde comprar: Amazon


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Fundadora e editora do Delirium Nerd. Apaixonada por gatos, cinema do oriente médio, quadrinhos e animações japonesas.
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