A abertura da 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes foi marcada pelo tom político de defesa da cultura como elemento fundamental para a consolidação da educação e da economia nacional. E para celebrar um festival reconhecido pela sua inventividade e homenagear a atriz e dramaturga Grace Passô foi exibido o média-metragem “Vaga Carne”. o filme é uma transcriação audiovisual do premiado espetáculo solo da artista e marca também a sua estreia na direção cinematográfica assinando o filme ao lado de Ricardo Alves Jr.
A pré-estreia mundial foi antecedida por uma performance multiartística comandada por Grazi Medrado e Chico de Paula. A apresentação repercutiu a temática central do evento deste ano, “Corpos Adiante”, por meio de música, dança e performances, numa espécie de “narrativa dramatúrgica” que traçou paralelo com a atual situação política e social do Brasil, valorizando a presença da diversidade na arte e no cotidiano do país. Grace foi definida como um “corpo poliglota, de múltiplos tempos, artes, espaços, de todos os palcos”, em leitura apresentada pela atriz Gláucia Vandeveld, a homenageada foi chamada para receber o Troféu Barroco.
Leia também:
>> [CINEMA] 63 mulheres negras dirigiram curtas-metragens inscritos na 22ª Mostra de Tiradentes
>> [CINEMA] Filme “A Rosa Azul de Novalis” coloca o ânus em evidência para falar de tabus
>> [CINEMA] Grande Dame Guignol: sobre a violência que é envelhecer quando se é mulher
Aos 38 anos, Grace vem sendo reconhecida como uma das grandes atrizes em atividade no Brasil. Escrevendo e atuando para teatro desde 2000, ela recentemente acrescentou o cinema entre seus talentos, participando de filmes de grande repercussão, como “Elon não Acredita na Morte” (Ricardo Alves Jr, 2016), “Praça Paris” (Lúcia Murat, 2017) e “Temporada” (André Novais Oliveira, 2018) – estes dois últimos lhe renderam diversos prêmios.
“A arte é um chão essencial da nossa formação e da nossa existência. Que delícia poder celebrar alguma coisa nesse momento em que a gente vive no Brasil”, afirmou ela. “Um corpo não pode ter limites, e a política serve para que a existência dos corpos possa acontecer”, completou.