A Ascensão de Kyoshi: a poderosa avatar do Reino da Terra

A Ascensão de Kyoshi: a poderosa avatar do Reino da Terra

Diretamente do universo de Avatar, recebemos este grato presente: o livro que conta a história da Avatar Kyoshi em seus primórdios, revelando como tudo começou.

Este é um livro, não um mangá, e sem ilustrações, que narra a história de uma das encarnações anteriores do Avatar do Reino da Terra.

Escrito por F.C. Yee e Michael Dante DiMartino – DiMartino, co-criador de Avatar: A Lenda de Aang – embarcamos na jornada emblemática desta guerreira que se tornou um Avatar memorável em vários aspectos de sua vida.

Se você é fã do universo Avatar e já maratonou tudo que a Netflix nos proporcionou sobre a série – todas as temporadas do anime e a série live action – recomendo fortemente conhecer A Ascensão de Kyoshi.

Vem comigo para entender por quê!

A Ascensão de Kyoshi
Imagem: reprodução – Kyoshi vestida de Avatar

Como tudo começou

Para fornecer um contexto breve sobre os Avatares, caso você ainda não conheça a história mas tenha interesse: o primeiro Avatar foi Wan, um jovem solitário que teve muitas dificuldades na vida. Por ironia do destino – ou não – ele teve um encontro místico com o Espírito da Luz e da Paz, Raava, criando uma Convergência Harmônica e, assim, o Espírito Avatar.

O Espírito Avatar é a ligação entre o ser humano e o espírito divino, conferindo ao Avatar a habilidade de dobrar os quatro elementos da natureza e trabalhar em prol da paz e harmonia entre o mundo físico e o mundo espiritual.

Para manter esse equilíbrio entre os mundos e também entre as nações, o Avatar reencarna constantemente, cada vez em uma nação diferente: do Fogo, do Ar, da Água e da Terra, respectivamente nessa ordem.

Além disso, o Avatar atual tem acesso às suas memórias anteriores através de uma conexão espiritual ou meditação (o Estado Avatar), permitindo-lhe entender melhor sua missão e fatos ocorridos em encarnações passadas.

Até hoje, a história registra 10 Avatares renascidos, sendo a última Korra, cuja jornada também está disponível na Netflix.

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Mas por quê Kyoshi é importante?

A história de Kyoshi foi particularmente intrigante por uma série de fatores que antecederam sua ascensão como Avatar, deixando muitas dúvidas em sua época, mas também um legado muito forte.

Para resumir alguns dos pontos mais importantes, e sem dar muitos spoilers, aqui está uma lista de fatores que tornaram a Avatar Kyoshi uma guerreira fora da curva:

Fato 1: A busca do novo Avatar

Pelo histórico de encarnações do Avatar, já se sabe em qual nação o próximo nascerá, e cada nação tem seu próprio método de descoberta do próximo Avatar ainda na infância, por volta dos 8 anos.

Com Kyoshi, a história já começou de maneira tortuosa. Ela era uma criança órfã abandonada em um pequeno vilarejo, o que por si só já tornou difícil a localização da criança certa, uma vez que os testes começam pelas cidades maiores, nas casas de famílias mais influentes.

Kyoshi foi deixada de lado pela equipe que procurava pela criança Avatar, por estar totalmente fora desse padrão. No entanto, um membro do grupo se sensibilizou com o abandono de Kyoshi pelos moradores da vila e a levou para morar na que seria a Mansão do Avatar revelado, para trabalhar como criada.

Ela era uma menina alta demais para sua idade, considerada feia e submissa demais para brigar pelo seu espaço. Sofria bullying das outras crianças da vila e nunca se defendia para não criar problemas.

Fato 2: O mundo precisava de um Avatar urgentemente

A demora na revelação do novo pacificador universal ultrapassou o prazo médio determinado para as buscas. Os conflitos entre as nações estavam se agravando, e um Avatar foi escolhido às pressas, antes que fosse tarde demais.

Ao longo dos anos, o protetor de Kyoshi notou pequenos sinais no comportamento da menina que a aproximavam mais das vivências do Avatar anterior do que o escolhido de fato.

O escolhido era um rapaz talentoso e gentil, que se tornou amigo de Kyoshi e, em alguns trechos, percebemos que poderiam ter sido algo mais. Porém, como os deveres com a nação vêm em primeiro lugar, o escolhido, Yun, não estava atingindo as expectativas sobre suas funções, o que foi tornando a veracidade de sua identidade ainda mais duvidosa.

Depois de uma série de acontecimentos cruciais que dependiam da força e influência total do Avatar, Yun e Kyoshi foram postos à prova, e Kyoshi foi revelada como a verdadeira Avatar.

Com muita relutância, ela aceitou seu destino e teve que fugir em busca de um lugar seguro para se desenvolver, sendo suspeita de ter atacado Yun friamente para tomar seu lugar.

Fato 3: Um mestre para um espírito rebelde

Kyoshi nunca teve treinamento apropriado para combates, sempre fugia de lutas, e não teve aulas de etiqueta ou diplomacia, como se espera de todos os Avatares. Então, foragida, ela precisava de alguém que não se importasse tanto com leis e tradições para treiná-la.

Em uma época tão cheia de formalidades e tradições, os únicos que não se importavam com isso eram os fora da lei – os daofei. Uma gangue, que por coincidência foi fundada por seus pais, aceitou treiná-la desde que ela não se voltasse contra eles e seus códigos de conduta criminosos.

Foi uma grande experiência para Kyoshi, tanto pessoalmente quanto espiritualmente, conhecer mais sobre seus pais e entender porque a abandonaram, através do olhar desse grupo tão peculiar.

Claro que ela teve que improvisar um pouco. Kyoshi tinha o poder de dominar os quatro elementos, mas como não tinha controle total sobre eles, suas dobras eram brutas e descoordenadas.

Uma ferramenta que era de sua mãe a ajudou a dominar todos os elementos da melhor forma possível, e ainda se tornou sua marca registrada: a dominação através dos leques.

Fato 4: Uma nova versão de Avatar

Era uma época muito política, e os interesses dos diplomatas das nações em relação ao Avatar eram muito mais territoriais do que espirituais. Kyoshi precisou aprender a lutar, dominar os elementos, fazer as pazes com seu passado e desenvolver sua personalidade como Avatar na marra, seguindo suas crenças, seu coração e as diretrizes daofei.

Ela tinha seus próprios ideais e vinganças pessoais que gostaria de resolver antes de se tornar Avatar, e assim o fez, apesar do que o mundo acreditava ser certo para um Avatar.

Como a menina inocente que era, Kyoshi tomou decisões totalmente avessas ao seu comportamento infantil para poder sobreviver. Tornou-se uma espécie de alter ego de sua personificação como Avatar, uma vez que usava uniforme militar e pintura de gangue daofei no rosto para enfrentar suas lutas.

Bem diferente dos Avatares anteriores, que eram criados dentro da doutrina de suas nações e incentivados à imparcialidade e diplomacia, Kyoshi simplesmente fazia o que achava justo.

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A Ascensão de Kyoshi
Imagem: Netflix – Kyoshi em combate no Estado Avatar

Uma deusa, uma louca, uma feiticeira

Pode parecer que Kyoshi foi a única Avatar mulher, mas não foi. Antes dela veio Yangchen, e depois dela Korra. Mas por que sua trajetória foi tão marcante?

Kyoshi não teve uma infância comum; era órfã e rejeitada no vilarejo onde vivia pelos moradores que deveriam ajudá-la. Cresceu sem amigos, sem autoestima, sem ter a menor noção de quem era. Foi só aos quase 18 anos que ela começou a se descobrir, não só como Avatar e seus poderes, mas como mulher e seus valores.

A sexualidade é um ponto sutil na história, mas que não passa despercebido. Kyoshi pode não entender completamente, mas nós conseguimos perceber sua descoberta como uma mulher bissexual.

Ela teve um primeiro contato amoroso com Yun e, mais tarde, descobriu um amor maior por Rangi. É interessante ver como isso não é tratado como mais um problema que Kyoshi precisa resolver, mas simplesmente como seus sentimentos.

Lemos em vários momentos Kyoshi tendo que se reafirmar, fazer melhor, se impor, e até se tornar mais dura por ter que se provar constantemente, tanto como pessoa quanto como Avatar. Esse é um comportamento que muitas mulheres ainda vivenciam hoje em ambientes de poder, sejam eles corporativos ou não.

Parece que Kyoshi não teve a opção de não querer ser o Avatar e fugir, como outros Avatares homens já fizeram em outras vidas. Ela teve que estar presente e provar a si mesma e aos outros que era capaz!

Um comportamento bem familiar, não é, amigas?!

É muito interessante acompanhar a ascensão de Kyoshi em um momento da vida em que muitas de nós nos identificamos, passando por essas descobertas sobre nós mesmas.

Apesar das Avatares Yangchen e Korra também serem mulheres, elas tiveram uma base de apoio muito mais sólida para encontrarem seu caminho. Para Kyoshi, isso foi realmente difícil de encontrar sozinha, mas ainda assim, ela deixou um legado de muita inspiração para futuras gerações de mulheres.

Após sua morte, sua antiga ilha ganhou seu nome e se tornou lar das guerreiras Kyoshi, que se inspiram em suas vestimentas e maquiagem. As guerreiras Kyoshi protegem o povo dessa ilha, e não necessariamente são dobradoras de algum elemento. Elas treinam lutas e suas armas são os leques, iguais aos da Avatar.

Durante sua vida, mesmo após ser descoberta como Avatar, ela ainda era questionada sobre a veracidade de sua identidade. Ela mesma se questionava se era realmente o Avatar (olha a síndrome da impostora aí!). Todos os seus anos de vida foram de luta pela igualdade de gênero e diversidade sexual entre as nações.

A Ascensão de Kyoshi
Imagem: reprodução – Kyoshi e Rangi

A ascensão de Kyoshi continua

É realmente um livro maravilhoso, mesmo para quem não é fã do universo Avatar. A história de Kyoshi é tão atual quanto a nossa.

Ela se tornou um dos Avatares favoritos de todos, tendo várias menções e episódios dedicados a suas aparições e feitos em Avatar: A Lenda de Aang e A Lenda de Korra.

E alguns detalhes importantes que ficaram em aberto no primeiro livro serão melhor explicados no segundo livro, A Escuridão de Kyoshi.

Os dois livros estão disponíveis na Amazon, tanto em formato físico quanto na versão digital. O primeiro livro está gratuito para assinantes do Prime Reading.

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