Com a confirmação de O Diabo Veste Prada 2 pela Disney, a internet está em alvoroço novamente! A notícia trouxe alegria para os fãs, mas também reacendeu uma grande polêmica: quem é o verdadeiro vilão de O Diabo Veste Prada?
Para muitos, a resposta é clara: Miranda, a chefe tóxica, é a vilã, ponto final. Outros, no entanto, defendem que Nate é o verdadeiro vilão, um boy lixo que não apoia as ambições de Andy. E há até quem diga que Andy é sua própria vilã, por ser incompetente e desistir de seus sonhos.
Eu tenho minha opinião formada sobre o assunto, mas hoje quero te apresentar alguns pontos para que você possa tirar suas próprias conclusões.
Um resumo problemático do filme O Diabo Veste Prada
Você já conhece o filme, mas vamos aos fatos com um breve resumo do caos que se instala na vida de Andrea Sachs em O Diabo Veste Prada.
Andrea, uma aspirante a jornalista recém-formada, está em busca do seu primeiro emprego na área. Após algumas entrevistas, ela acaba na Runway, a revista de moda mais famosa do país, da qual ela nem sabia da existência.
Andy (Anne Hathaway), como é chamada por seus amigos e namorado, aceita o trabalho ao ver uma oportunidade para impulsionar seu currículo e abrir portas para futuras oportunidades. Afinal, sobreviver um ano sob o comando da Dama de Ferro, Miranda Priestly, interpretada de forma impecável por Meryl Streep, seria um feito notável.
Apesar de Andrea e seus colegas de trabalho questionarem sua presença na revista, ela persiste e se esforça ao máximo. Como todas nós, quando chega em casa, ela desabafa sobre as peculiaridades do seu novo emprego com Nate, seu namorado.
O que começa como risadas entre eles se transforma em incentivo por parte de Nate para que Andy aguente firme, afinal, seria apenas um ano.
Pressão e sobrecarga sem limite de horário
No entanto, as responsabilidades de Andy rapidamente ultrapassam seu horário de trabalho. Ela é acionada 24 horas por dia, 7 dias por semana, para as mais diversas tarefas. Seu pai chega a mencionar que até eles recebiam e-mails e ligações da Runway de madrugada na tentativa de falar com Andrea.
A grande mudança ocorre quando Andy decide se esforçar de verdade nesse trabalho, determinada a completar seu primeiro ano sem tantas reclamações da chefe.
A partir daí, ela não apenas muda seu estilo, mas também seu comportamento: passa a ser a primeira a chegar e a última a sair na editora, leva trabalho para casa, deixa de comparecer a eventos com amigos e começa a perder muitos compromissos pessoais e familiares.
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A teoria do namorado de Andy
Nate, interpretado por Adrian Grenier, é chefe de cozinha em um restaurante conceituado de Nova Iorque. Apesar de ser apaixonado pelo que faz, leva uma vida humilde, dividindo um apartamento simples com sua namorada, Andrea.
Com as mudanças no comportamento de Andrea, seus amigos tentam alertá-la sobre as possíveis consequências, e Nate, em especial, a incentiva a largar o trabalho antes que as coisas piorem. No entanto, Andrea insiste que “não tem escolha” e continua com suas atividades, que se tornam cada vez mais intensas.
O relacionamento dos dois fica por um fio. As brigas aumentam, eles quase não se veem, e Nate começa a considerar aceitar um emprego em outra cidade, enquanto Andrea decide acompanhar Miranda na Semana de Moda em Paris, quase como um prelúdio ao fim do relacionamento.
Nesse momento, o time #NateVilão argumenta que Nate é um namorado âncora, que poderia ter apoiado mais Andrea, aceitado suas mudanças e incentivado suas viagens e escolhas profissionais. Em vez disso, ele faz comentários negativos e se distancia ainda mais.
Além disso, Nate é criticado pelo tipo de namorada que deseja. Trabalhando em um ambiente chique, ele não se deixa levar pelo glamour e espera que sua parceira tenha “maturidade” suficiente para fazer o mesmo sem mudar sua essência simples. É o famoso “não quero que você cresça profissionalmente” disfarçado.
Por outro lado, se você estivesse em um relacionamento onde a pessoa cancela todos os compromissos para trabalhar, mal se veem apesar de morarem juntos, você também não consideraria o término? Fica aí a reflexão.
A teoria da Miranda Priestly
Miranda Priestly é a editora-chefe da revista de moda Runway, conhecida por ser a dona da p$%# toda! Uma mulher em uma posição de poder já é, por si só, ameaçadora para a sociedade, e para manter essa posição por tanto tempo, sem surtar tanto, Miranda precisou ser casca grossa.
Constantemente atacada por jornalistas sobre sua vida pessoal e seus casamentos fracassados, Miranda enfrenta um tipo de pressão que provavelmente não sofreria se fosse um homem.
No geral, existe uma certa sororidade por parte de Andrea em relação a Miranda, o que justifica as ações e exigências da chefe e motiva Andy a continuar seu trabalho da melhor maneira possível.
Por outro lado, no time #MirandaVilã, a Runway e sua dona, Miranda, representam um ambiente de trabalho extremamente tóxico. Os colegas de trabalho de Andrea tiram sarro dela por seu estilo de se vestir, por não entender os conceitos da moda e até pelo seu peso.
As pessoas riem dela pelas costas na hora do almoço – que dura 15 minutos, vale lembrar – por considerarem que ela está “gorda demais” para trabalhar ali e por consumir alimentos considerados calóricos. Esse tipo de comportamento pode causar sérios problemas de saúde mental e distorção da imagem corporal.
Além disso, sua chefe não lhe dá um minuto de folga, ligando de madrugada para resolver problemas pessoais, fazendo pequenas ameaças de demissão caso as tarefas não sejam bem executadas, entre outras ações de caráter duvidoso. Burnout, alguém?
Agora, uma reflexão: se você fosse estagiário, iniciante ou ocupasse qualquer posição júnior, também não se esforçaria ao máximo para conquistar seu lugar na empresa?
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Quem é o seu vilão?
Acredito que todas nós passamos por um momento “Andrea Sachs” na vida, aquele em que acabamos de entrar em um emprego muito bom e precisamos tomar decisões difíceis entre família e profissão, abrir mão de hobbies e eventos com amigos para dar conta do serviço.
Essas são escolhas muito pessoais, que dependem do seu caráter, dos seus objetivos de vida e das suas prioridades naquele momento.
Há muitas variáveis nesse tipo de decisão, como em tudo na vida. Você pode se dedicar 100% ao trabalho e alcançar o sucesso que planejou, ou pode ser demitido na primeira oportunidade que a empresa tiver, como aconteceu com Emily, personagem de Emily Blunt, que sempre priorizou sua vida profissional com unhas e dentes.
Da mesma forma, você pode abrir mão de algumas decisões profissionais para se dedicar à família e se arrepender pelo resto da vida. O problema apresentado em O Diabo Veste Prada é que essas decisões pesam muito mais para as mulheres do que para os homens, sempre, e em qualquer nível profissional.
O importante, no final das contas, é estar alinhada com a sua verdade, para que, no momento dessas escolhas, você tenha clareza de quem é o seu vilão e não se arrependa da sua decisão. Assim como Andrea também não se arrependeu da escolha dela.