Com estreia marcada para o dia 23 de novembro (quinta-feira), o longa Ninguém Está Olhando (Nadie Nos Mira) é uma produção Argentina que conta a história de Nico (Guillermo Pfening), ator que vai aos Estados Unidos tentar carreira após receber uma proposta para trabalhar num filme sobre imigrantes ilegais – que inclusive é seu status atual no país. Em meio a reviravoltas que ilustram a realidade de diversos imigrantes, o personagem descobre que nada é tão fácil quanto parece.
A equipe da Delirium teve a oportunidade de assistir ao filme em sua pré-estreia. Confira a resenha!
Ninguém Está Olhando conta com direção de Julia Solomonoff, mas não espere encontrar protagonismo feminino marcante. Embora haja presença de mulheres, o filme gira em torno da vida de Nico e sua tentativa em se tornar um ator de sucesso internacional – mas não que isso seja um ponto negativo, já que a proposta torna o fato plausível. Se tratando de representatividade feminina, temos Andrea (Elena Roger) como mãe/instrutora de yoga, Kara Reynolds (Cristina Morrison) como uma famosa produtora e Viviana (Paola Baldión) que atua como designer e companheira de apartamento de Nico – além delas, temos o grupo de babás que o personagem sempre encontra no parque e outras que acabam sendo mais figurinistas do que coadjuvantes.
Embora seja um filme no qual não há personagens femininas no front, há muito o que se aprender com Ninguém Está Olhando. Iniciando, o reacendimento do debate sobre imigração e a idealização de uma vida melhor em outro país é importantíssima, já que a taxa de imigrantes hispânicos nos EUA era de 34% em 2010 e tende a ser mais da metade da população total em 2044 (Estadão).
Temos a exploração de estereótipos: as mulheres latinas são reconhecidas de primeira como babás das crianças do parque e Nico é visto como pai tanto por ser homem quanto por ser loiro – destoando do clichê pelo qual latinos são representados no meio estadunidense; apesar disso o filme é falho ao reforçar um deles: exibe uma cena na qual um casal brasileiro sai de um apartamento alugado e deixa para trás uma enorme bagunça, sendo chamados pelo personagem de “selvagens”.
Ao lado dessas vertentes, temos Nico como pessoa: ambiguamente orgulhoso e frágil, no decorrer da história nos deparamos com o verdadeiro motivo de sua ida para terras norte-americanas, o que abre portas para exploração de relacionamento abusivo e infidelidade – bem colocados e passando uma mensagem positiva no final.
Descobrimos um outro lado do personagem, que até então era retratado apenas por vivências “positivas”. O personagem é aquilo que aparentava ser e também o oposto – o que aos poucos torna-se mais evidente e afeta amplamente seus relacionamentos.
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Ninguém Está Olhando pode ser definido como uma obra na qual há falhas notáveis, mas isso não descaracteriza a empatia adquirida por Nico e seus esforços – inúteis e por vezes desesperados – para mudar a situação na qual se encontra. Não é novidade que imigrantes saem de seu país em busca de uma vida melhor e não encontram o esperado, mas nunca é demais conversar sobre. Recomendado para se refletir sobre a vida, relações pessoais, ambições profissionais e origens: o quanto isso te afeta?
• Sinopse
Nico é um ator argentino de televisão de sucesso em seu país. Tenta sorte em Nova York, mas logo descobre que não encaixa no clichê do intérprete latino. Sua boa aparência o ajuda a esconder a solidão e a vida precária, e sobrevive de bicos e trabalhando como baby-sitter, cuidando do menino Theo. Conhece um grupo de babás latinas no parque que frequenta e entra em contato com as experiências dos imigrantes, muito mais difícil que o confronto com a natureza destrutiva de seu autoexílio.