A Cor Púrpura: o incrível musical da Broadway chega ao cinema!

A Cor Púrpura: o incrível musical da Broadway chega ao cinema!

Após o sucesso do romance original de Alice Walker e a adaptação cinematográfica de Steven Spielberg nos anos 80, A Cor Púrpura foi transformado em musical da Broadway, ficando em cartaz por dois períodos (de 2005 a 2008 e depois de 2015 a 2017), e recebendo vários prêmios. Agora, essa versão chega aos cinemas, com direção de Blitz Bazawule.

A narrativa conta a história de Celie (interpretada por Phylicia Pearl Mpasi e Fantasia Barrino), uma mulher vivendo no estado da Georgia, Estados Unidos, no início do século XX. Sob abusos do pai e depois do marido, Celie também sofre com a partida de sua irmã Nettie, e vê seus filhos, frutos do abuso que sofre do pai, levados para longe ainda bebês.

Tímida e conformada, Celie suporta as agressões do dia a dia, até que a presença de outras mulheres mais insubordinadas, como Sofia (Danielle Brooks) e a cantora Shug Avery (Taraji P. Henson), a inspira a resistir e se posicionar. Essas duas atrizes, inclusive, roubam a cena desde o primeiro momento em que aparecem.

Leia também >> Bela Vingança: um filme controverso sobre a cultura do estupro

Danielle Brooks como Sofia em A Cor Púrpura (2024)
Danielle Brooks como Sofia | Imagem: reprodução

As mulheres de A Cor Púrpura: uma inspiração para Celie

O musical gera estranhamento no início, provavelmente pela maneira como foi concebido para o teatro. A história começa muito dura com Celie, enfrentando muitos abusos psicológicos e físicos. Dessa forma, os números iniciais com danças coreografadas e um estilo musical pop, embora reflexo dos sonhos de Celie, destoam do tom sério e dramático da narrativa.

Esse descompasso tonal finalmente se encerra quando entram em cena Sofia e Shug Avery, cada uma com números musicais contagiantes.

Por serem mulheres mais resolutas e determinadas, as canções energéticas fazem sentido com a história. Shug, em especial, ilumina a cena. Ela representa um ponto de virada crucial na forma como Celie enxerga a própria vida, fazendo-a finalmente ter alguma autoestima.

Leia também >> Como o romance entre humanos e robôs evoluiu no audiovisual?

Taraji P. Henson como Shug Avery em A Cor Púrpura (2024)
Taraji P. Henson como Shug Avery | Imagem: reprodução

O poder da canção “I’m Here” em A Cor Púrpura

É sabido que, no livro de Alice Walker, o romance entre Shug e Celie é muito mais desenvolvido. O musical de Blitz Bazawule para o cinema não o apaga completamente da história, mas outras críticas apontaram o quanto havia espaço para muito mais aprofundamento.

Pelo menos Bazawule concede a esse romance o melhor número musical do filme. Pela pujança audiovisual e o lindo cenário, ele acaba se sobressaindo até mesmo à canção carro-chefe do musical, a famosa “I’m Here”, que Celie canta mais próximo do final.

Leia também >> Por que ficções científicas adoram falar sobre maternidade?

Fantasia Barrino (Celie) e Shug Avery (Taraji P. Henson) em A Cor Púrpura (2024)
Fantasia Barrino (Celie) e Shug Avery (Taraji P. Henson) | Imagem: reprodução

A estética visual do musical: entre o convencional e o sensível

A Cor Púrpura pode ser um filme musical bastante convencional em sua forma. A fotografia, bastante escura, e com tons azulados e alaranjados, também remete ao que Hollywood tem feito de mais comum nos últimos anos. Entretanto, o filme ainda consegue carregar a densa e dolorosa história de Celie durante os 40 anos que a narrativa retrata com bastante sensibilidade.

Preparem os lenços, pois há muitos momentos com os quais se emocionar! A jornada de Celie pela emancipação física e metafórica de seus algozes homens, e o companheirismo de várias mulheres que conhece pelo caminho, faz tudo valer a pena.

Escrito por:

88 Textos

Cineasta, musicista e apaixonada por astronomia. Formada em Audiovisual, faz de tudo um pouco no cinema, mas sua paixão é direção de atores.
Veja todos os textos
Follow Me :