O dia 19 de abril de 2024 ficou marcado no mundo pop pelo lançamento do novo trabalho de estúdio de Taylor Swift, intitulado “The Tortured Poets Department” (“O Departamento dos Poetas Torturados”, em tradução). Anunciado durante o Grammy Awards em fevereiro deste ano, o décimo primeiro álbum da cantora norte-americana gerou expectativa nos fãs, principalmente pela temática que mistura romance, melancolia e revolta pessoal.
Desde o anúncio público, The Tortured Poets Department recebeu uma divulgação intensa e engajada. Uma das estratégias foi a estreia de uma nova ferramenta de contagem regressiva no Instagram. Além disso, houve uma parceria com o Spotify em Los Angeles (EUA), onde foi montada uma biblioteca ao ar livre com livros “altamente selecionados para representar a direção do novo álbum”.
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Álbum é marcado por rancor e melancolia
Com 16 faixas disponíveis nas plataformas digitais e uma antologia com mais 15 músicas adicionais, The Tortured Poets Department carrega influências líricas de artistas como Fleetwood Mac e é marcado por letras melancólicas e rancorosas, que casam perfeitamente com as melodias harmoniosas e profundas inspiradas no indie rock.
A maioria das composições marca um momento da vida comum (e doloroso) para a maioria das pessoas: a compreensão de que alguém que parecia ser a pessoa perfeita, na verdade estava causando danos emocionais profundos em sua vida. A união das 31 canções forma uma espécie de alegoria musical que exemplifica as fases do luto pelo fim de um relacionamento, desde a negação até a aceitação e superação – independentemente de como elas se apresentam.
Em I Can Fix Him (No Really I Can), a cantora aborda um relacionamento com um homem problemático e perigoso. Ela acredita poder consertá-lo, apesar das advertências das pessoas ao redor sobre sua índole e atitudes. Swift descreve sua atração por ele, sua percepção da natureza perigosa do romance e suas próprias habilidades para lidar com ele. No entanto, no final, ela reconhece a possibilidade de que talvez não possa realmente consertá-lo.
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A sonoridade traz memórias de “folklore” e “evermore”
As melodias do álbum The Tortured Poets Department transportam o ouvinte de volta a 2020, quando Taylor se dedicou ao indie folk ao lançar os álbuns “folklore” e “evermore“. Essa característica, embora agrade aos fãs que têm ambos os álbuns classificados entre seus favoritos da cantora, decepcionou uma parcela de ouvintes que esperava o retorno do pop dançante, característico de álbuns como “1989” e “Red“, por exemplo.
A atmosfera pessoal e introspectiva transmitida pelas melodias proporciona ao ouvinte uma sensação de imersão emocional, permitindo uma conexão mais profunda com a persona descrita nas canções. Como resultado, o público tem a oportunidade de refletir e contemplar as temáticas abordadas, cultivando espaço para uma experiência auditiva cada vez mais íntima.
Apesar de o 11º álbum de Swift ter sido aclamado pela crítica e pelos fãs por sua profundidade e experimentação musical, também existe o outro lado da moeda. A ausência de elementos pop proeminentes pode ter sido uma escolha arriscada. Até “Lover” (2019), os fãs da cantora estavam acostumados com uma mistura de estilos mais voltados para o pop, e a transição para um estilo mais folk e indie pode ter deixado alguns ouvintes desejando um retorno a essa temática.
No entanto, essa mudança também pode ser vista como uma demonstração da versatilidade e maturidade artística de Swift, que não tem medo de desafiar as expectativas do público e explorar novos territórios musicais.
Comparado ao seu álbum anterior, “Midnights“, The Tortured Poets Department apresenta uma evolução coerente e uma melhoria em termos de composição. Enquanto Midnights entrega uma mistura de ritmos e narrativas, o novo produto demonstra uma progressão mais natural e uma abordagem mais consistente em termos de melodia e temática. As letras atuais criam uma narrativa que faz mais sentido quando ouvida tanto em ordem quanto aleatoriamente, pois não fogem da proposta que o álbum se propõe.
A aceitação nem sempre quer dizer perdão ou esquecimento
Uma das mensagens mais fortes transmitidas pelo novo álbum de Swift é que aceitar que algo não deu certo não significa necessariamente esquecer ou perdoar. Cada pessoa tem seu próprio modo de lidar com determinadas situações, e a superação pode manifestar-se de várias maneiras que vão além da indiferença.