Um jogo de exploração, aventura e mistério, recheado de contos macabros sobre uma família amaldiçoada: é assim que What Remains of Edith Finch prende a atenção da jogadora do início ao fim. Na pele de Edith Finch, a jogadora explora a casa de sua família, deixada como herança, e em sua caminhada encontra pequenas histórias sobre cada um de seus parentes, todas contando o último dia deles neste mundo.
What Remains of Edith Finch foi produzido pela Giant Sparrow e lançado pela Annapurna Interactive, em 2017, para PC, PlayStation 4 e XBox One. Jogado em primeira pessoa, pode apostar que em pouco mais de 3 horas este jogo aclamado pela crítica vai emocionar e surpreender!
O texto não contém spoilers do jogo
Vencedor na categoria Melhor Jogo (BAFTA 2017) e Melhor Narrativa (The Game Awards 2017), What Remains of Edith Finch já conquista pela jogabilidade, que é bastante intuitiva. A jogadora encarna a última remanescente da família Finch para explorar sua antiga casa e arredores, tudo repleto de detalhes, com diversos objetos e muitas coisas para olhar. A princípio parece que tanta informação poderia confundir, mas ao contrário, faz com que se queira vasculhar tudo!
Cada segredo revelado teleporta a jogadora para algum Finch, seja de décadas passadas ou de poucos anos atrás. E não tem como não se emocionar com Edith ao reencontrar pequenos objetos, quartos fechados repletos de histórias e mistérios, e até a decoração da casa. Sabe quando voltamos à casa de nossos avós e conseguimos sentir até o cheiro das coisas e dos dias daquela época distante? É dessa forma que Edith, e até quem está atrás dos controles, sente-se ao revisitar algumas memórias.
E os recursos gráficos dão um show. A começar pelas legendas que desvanecem, rodopiam, se misturam e escapam… Algo que em muitos jogos é apenas um detalhe, aqui é quase parte da história. Os gráficos da natureza nos arredores, da própria casa e também da decoração são uma obra de arte. E a física de What Remains of Edith Finch dá aula para muito game AAA, mostrando mais uma vez que jogos indies não devem mesmo ser subestimados!
Outro detalhe interessante é que, ao interagir com as peças que dão o gatilho para cada conto, a jogadora é levada a formas diferentes de gameplay, como uma história contada em uma revista em quadrinhos, brincando em um balanço ou soltando pipas, escalando árvores como um gato, fotografando ou jogando um minigame… E para propiciar um pouco mais de imersão, a trilha sonora e a dublagem impecável dão o toque final nesta obra riquíssima em detalhes, que leva a jogadora a um mundo de recordações.
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Bom, não pretende-se contar muito sobre a narrativa para não estragá-la, mas o que você precisa saber é que a família Finch continua sobrevivendo à maldição de uma forma muito peculiar. E que além da história de cada Finch ser contada de uma forma única, há cerca de uma dúzia de personagens, todos muito bem construídos – ainda mais se considerar que o jogo é bastante curto.
Muitas destas personagens são reconhecíveis na vida real, fazendo uma ponte interessante com a fantasia: entre as mulheres, há a vovó Edie, um pouco insana ao lacrar os cômodos daqueles que já se foram, mas ainda muito lúcida; a mãe Dawn, muito temerosa pelo futuro; a pequena e faminta Molly, que parece aquela prima ou sobrinha perigosamente curiosa; e Bárbara, que poderia ser a irmã de qualquer um, uma típica adolescente sonhando com fama e sucesso… E claro, Edith, que representa a curiosidade infantil que não morreu ao passar para a idade adulta, ou ainda aquela menina ou mulher que luta para tomar as rédeas de sua vida. Também há personagens masculinos interessantes e importantes da mesma forma, e que também lembram pai, tio, avô ou irmão de alguém.
E como não poderia deixar de ser, o que mais impressiona, depois dos sustos e momentos sem noção, é a mensagem que o jogo deixa para quem dedicou algumas horinhas de sua vida para vasculhar a história dos Finch. What Remains of Edith Finch faz pensar sobre a morte, é claro, mas principalmente sobre a vida, ou a brevidade dela.
Os finais trágicos de cada Finch dão um toque sobrenatural àquilo que sabemos que está logo ali, esperando, à espreita… E mesmo falando sobre morte, o jogo diz mais sobre aproveitar o agora: em um momento estamos aqui, vivendo nossas vidas, brincando, cuidando de nossos entes queridos ou simplesmente executando tarefas cotidianas, e de repente, como em um passe de mágica, podemos não estar mais (e pelos motivos mais bobos ou absurdos).
E claro, para as mais otimistas, What Remains of Edith Finch também fala sobre como a vida continua, apesar de tudo… Então, você que é fã de boas histórias, siga este belo recado e não deixe a oportunidade passar pelos seus olhos! Se tiver a chance, conheça este jogo incrível! E não esqueça de aproveitar a vida enquanto está por aqui!