Vamos começar o ano bem, falando de jogo brasileiro em um projeto que vai mostrar a você, leitora apaixonada por games, o que está sendo produzido no Brasil! Uma vez por mês apresentaremos uma produção brasileira em desenvolvimento, um lançamento que merece a sua atenção ou um review daquele jogo que precisa ser lembrado. E a atração que vai iniciar os trabalhos por aqui é Gravity Heroes, jogo independente visto na Brasil Game Show 2018 e que já conquistou nosso coração!
O jogo
Gravity Heroes é um jogo 2D de arena com temática futurista, ainda em desenvolvimento pela Studica Solution, desenvolvedora brasileira com filial no Canadá e EUA, especializada em realidade virtual, realidade aumentada, jogos e aplicativos mobile.
Comportando de 1 a 4 jogadores, os heróis de Gravity Heroes lutam pela paz entre homens e máquinas utilizando o controle da gravidade. Com 3 modos de jogo (Campanha, Co-Op e Versus), pode se preparar para nostalgia pura: os gráficos em pixel art e a trilha sonora impactante transportam a jogadora para os videogames lá da década de 90, e o clima sci-fi é mais que um detalhe, pois transparece nos cenários, personagens e interface.
A história é muito legal e bem construída: homens e sintéticos, que são robôs inteligentes capazes de se reproduzir e existir em sociedade, viviam em conflito até que foi selada uma aliança. Ainda assim, muitos humanos recusaram-se a cultivar boas relações com os sintéticos, seja por temê-los ou por não reconhecer a sua existência. Os sintéticos, por sua vez, organizaram-se para se defender e lutar por seus direitos. À medida que a história avança, casos estranhos de sintéticos atacando a população são reportados e então os heróis, conhecidos como Gravity Heroes, são chamados para neutralizar os ataques e investigar a situação.
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Desenvolvimento e inspiração
Entrevistamos Hugo Campos, líder de desenvolvimento da Studica Solution e um dos criadores do jogo, que contou como nasceu Gravity Heroes, quais foram as inspirações da equipe e como a concepção do game foi menos planejada do que parece para um produto final tão bem elaborado.
“Começamos em uma Game Jam com o tema ‘one room’. Durante este desenvolvimento estávamos em dois, eu como programador e o Jonatan Candeias como artista. Não havia muito tempo para pensar, então nossas principais inspirações foram jogos que estávamos mais próximos, como Towerfall Ascension e Super Crate Box. Quando iniciamos a fase de desenvolvimento do jogo completo, agora em 9 pessoas, nós começamos a absorver muito mais referências em outros jogos como Metal Slug, Mega Man, Rogue Legacy e outros. Fora da indústria de games podemos dizer que Daft Punk exerceu bastante influência no visual dos heróis”.
Gravidade e narrativa
Sobre a ideia de usar a gravidade como recurso de jogabilidade, Hugo diz que essa era uma ideia antiga que foi aprimorada ao longo do desenvolvimento.
“Antes de existir Gravity Heroes nós tínhamos em mente um game que utilizava de recursos gravitacionais em sua mecânica, porém era completamente diferente, com gráficos mais realistas e câmera em primeira pessoa. Por incrível que pareça o jogo surgiu como um pré-teste do recurso de gravidade, quase como um estudo que iríamos aproveitar durante aquela Game Jam. Porém, no final das contas achamos que Gravity Heroes se tornou muito mais plausível”.
E apesar da gravidade parecer uma ideia chave também para a narrativa, o desenvolvedor explica que há muito mais nesta história que o estúdio quer contar.
“O fato de usarmos recursos gravitacionais nos coloca imediatamente em um futuro com tecnologias incríveis e uma sociedade avançada. O foco do roteiro não está no uso da gravidade em si, pois isso se tornou muito natural para aquela sociedade. Nos inspiramos nas ideias mirabolantes de Isaac Asimov que fala muito sobre computadores, robótica e inteligência artificial, então o foco do roteiro de Gravity Heroes está no relacionamento entre os seres humanos e os sintéticos, como chamamos os robôs com consciência. Apesar do tema estar em alta em outros jogos como Detroit com androides e Overwatch com ômnicos, nós buscamos referências em outros lugares como nos livros ‘Histórias de Robôs’, de Asimov”.
Personagens femininas
Depois da BGS 2018 e também durante a pesquisa para esta publicação, nos encontramos apaixonadas pela Nala, uma das personagens jogáveis: ela é uma cientista negra, defensora da igualdade entre homens e sintéticos, que começou a carreira como voluntária na equipe forense, mas com a sua competência logo chegou à elite de Gravity Heroes. Hugo Campos contou como foi criar uma personagem forte e carismática como ela e as expectativas para outras personagens femininas.
“A criação da Nala e dos nossos personagens foi bem natural pra gente, nós buscamos sempre criar personagens ‘reais’, que contam histórias simplesmente com sua existência. Desde os primeiros conceitos do jogo nós sabíamos que teríamos uma personagem feminina, e ela tem passado por diversas transformações desde então. A sua primeira versão era a Rey, ou Ray, tinha origem latina e personalidade forte.
Porém foi difícil contar sua história visualmente, com os poucos pixels na tela era difícil decifrar. Então mudamos algumas características, a Rey passou a ter uma origem africana e logo veio um dos pontos chaves para representar tudo isso visualmente, o seu turbante. Também mudamos o nome, pois sentimos que Rey era muito americano, e essa nova personagem se tornou Nala. Nós temos planos para novos personagens em uma DLC futura e, apesar de não termos esses personagens definidos, existe uma grande possibilidade de uma personagem feminina.”
Gravity Hero: NALA – #pixelart #gamedev #indiedev #gravityheroes pic.twitter.com/5XVGvAX44p
— Gravity Heroes (@gravity_heroes) August 21, 2018
Lançamento e expectativa para o futuro
O desenvolvedor também nos contou como anda a produção do jogo, o que esperar para o futuro de Gravity Heroes e como o carinho do público tem sido essencial para o projeto e equipe.
“Atualmente estamos desenvolvendo as fases 7 a 9 de Gravity Heroes, e temos um total de 15 fases previstas para o modo história. Ainda tem muita feature legal para ser implementada, principalmente em relação ao modo multi-jogador. Para o lançamento, no segundo semestre de 2019, nós estamos mirando para as plataformas Playstation e Windows, mas não descartamos Xbox e Nintendo Switch, queremos ter o título lançado para todas as plataformas possíveis e alcançar o maior número de jogadores não importando o seu sistema preferencial.
A BGS foi nosso primeiro contato com o público, que nos recebeu com muito carinho e entusiasmo, foi como um power-up para a equipe e estamos bem animados em entregar o melhor conteúdo possível. Tivemos um retorno melhor do que esperávamos e se tudo der certo já temos planos para o futuro do Gravity Heroes: DLC com novos mapas, personagens e modos de jogo; e 2 outros títulos da franquia. Mas a esta altura do campeonato só posso dizer que são planos, e que a concretização destes depende muito de como o público irá recebê-lo no lançamento“.
Bom, se depender do que já foi apresentado até aqui, o jogo será mesmo um sucesso. Além de ter sido aclamado pela crítica na última Brasil Game Show, na qual também foi eleito o Melhor Jogo na opinião do público, Gravity Heroes é dinâmico, envolvente, com narrativa e jogabilidade imersivas e uma obra de qualidade inquestionável. E ter uma personagem feminina forte como a Nala, além da possibilidade de outras heroínas futuramente, é apenas a cereja do bolo para nós, mulheres apaixonadas por games.
Se você curtiu este jogo brasileiro e, assim como nós, também está ansiosa pelo lançamento, pode acessar o site para mais detalhes, conferir o teaser e também 5 minutos de gameplay: