A Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) deste ano será realizada nos dias 10 a 14 de julho e homenageará Euclides da Cunha. O evento contará com 17 autoras convidadas para debater sobre diversos que vão desde feminismo negro até a posição da mulher nas sociedades mais tradicionais.
Veja quem serão as mulheres que irão participar da 17ª edição da FLIP:
Adriana Calcanhotto
Natural de Porto Alegre, a cantora e compositora publicou o livro ‘Saga lusa: o relato de uma viagem (Cobogó)’ em 2008. A obra foi escrita após a autora ter um surto psicótico induzido por médicos por conta de uma gripe fortíssima que teve em meio à sua turnê em Lisboa. Em recuperação em seu hotel e sem conseguir dormir, Adriana começa a escrever compulsivamente sobre sua saga buscando afastar o medo e reencontrar o equilíbrio. Calcanhotto estará presente na mesa Uauá, no dia 11/07 juntamente com Guilherme Wisnik e Nuno Grande.
Aparecida Vilaça
Doutora em Antropologia Social e professora do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Aparecida publicou o livro ‘Paletó e eu‘ que descreve sua relação com seu pai indígena conhecido como Paletó. Ele morreu aos 85 anos, depois de ter vivido por décadas na floresta em meio aos Wari’. Entre outros livros e artigos, a autora publicou ainda ‘Comendo como gente: formas do canibalismo Wari‘ (2017) e ‘Quem Somos nós: os Wari’ encontram os brancos’ (2006). A antropóloga participará da mesa Bendengó no dia 11/7.
Ayelet Gundar-Gosehn
A israelita Ayelet Gundar-Gosehn escreveu o livro ‘Uma noite, Markovitch’, baseado na história real de um grupo de jovens que vão da Palestina até à Europa nazista para resgatar mulheres judias por meio de casamentos falsos. A obra foi traduzida para 14 idiomas e ganhou o prêmio da Sapir de literatura israelense por melhor estreia. A também mestre em psicologia pela Universidade de Tel Aviv, Ayelet fará parte da mesa Angico no dia 12/7.
Ayòbámi Adébáyò
A nigeriana iniciou sua carreira literária com a obra ‘Fique Comigo’ de 2018 que tece reflexões sobre o patriarcalismo instaurado na Nigéria e relata o dilema causado pela impossibilidade de não um casal não ter filhos e a pressão de adicionar uma nova esposa no relacionamento. O livro foi publicado em 15 países e recebeu diversos prêmios e menções, foi incluído nas listas de melhores de 2017 do The New York Times, The Economist, The Wall Street Journal e muitos outros. A autora é mestre em escrita criativa pela Universidade de East Anglia, na Inglaterra e estará presente na mesa Angico do dia 12/7 juntamente com Ayelet para debater a definição de família e a posição da mulher nas sociedades mais tradicionais.
Carmen Maria Machado
A autora convidada para a mesa ‘Vila Nova da Rainha’ do dia 13/7, Carmen Maria escreve contos que é caracterizado como weird fiction, que traz técnicas de escritas bem diferentes do tradicional. Seu livro ‘O corpo dela e outras farras’ (2018) narra de forma distinta as experiências de uma mulher e foi finalista no National Book Award e vencedor da premiação LGBTQ Lambda Literary Award. Carmen é de Pensilvânia, Estados Unidos, onde é escritora residente na Univerdade de Pensilvânia e ainda contribui com veículos como The New Yorker, Harpeer’s Bazar e Granta.
Cristina Serra
Jornalista formada pela Universidade Federal Fluminense, Cristina começou sua carreira aos 19 anos quando fez colaborações com o jornal Resistência, publicação da Sociedade Paranaense de Defesa de Direitos Humanos. Mais tarde, atuou como repórter no Jornal do Brasil, revista Veja e na Rede Globo, onde foi correspondente de Nova York. Como resultado de uma série de reportagens para o programa Fantástico da TV Globo, a repórter lançou o livro ‘Tragédia em Mariana: a história do maior desastre ambiental do Brasil’. Cristina fará parte da mesa Cocorobó do dia 13/7.
Grace Passô
Grace é autora de seis livros de textos teatrais publicados e peças ganhadoras de prêmios Shell, APCA, entre outros. Formada pelo Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado de Belo Horizonte, ela é atriz, dramaturga e diretora. Desenvolveu pesquisas relacionadas a uma linguagem teatral autoral com o grupo ‘espanca!’ e foi curadora do Festival Internacional de Teatro Palco e Rua (FIT-BR), cronista do jornal mineiro ‘O Tempo’ e estará presente na FLIP 2019 na mesa Poço de Cima do dia 13/7, onde fará uma performance autoral e, em seguida, um bate-papo.
Grada Kilomba
Nascida em Lisboa, descendente de angolanos, portugueses e são-tomenses, Grada hoje vive em Berlim onde recebeu uma bolsa de estudos para o doutorado em filosofia na Freie Universität Berlin e lecionou em universidades internacionais, entre elas a Humboldt Universität Berlin. A escritora trabalha linguagens híbridas que unem texto, performance, encenação, instalação, coreografia e vídeo. É formada em psicologia clínica e psicanálise e trabalhou com sobreviventes das guerras de Angola e Moçambique.
Seu livro ‘Memórias da Plantação’ relata os episódios de racismo cotidianos que mulheres da diáspora africana a contaram. Esta obra acompanha sua exposição no Brasil, ‘Desobediências Poéticas, presente na Pinacoteca de São Paulo. Seus trabalhos também já foram apresentados na 32ª Bienal de São Paulo, na 10ª Bienal de Berlim, na Documenta 14, entre outras. Na 17ª edição da FLIP, a psicóloga fará performances, videoinstalações e leituras encenadas sobre reflexões em relação ao feminismo negro e racismo na mesa Mata da Cobra do dia 12/7.
Jarid Arraes
Autora dos livros ‘Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis’, que vendeu cinco mil cópias em apenas seis meses, e ‘Um buraco com meu nome’, a cearense, Jarid é filha e neta de cordelistas e cresceu em meio às manifestações do Centro de Cultura Popular Mestre Noza. Ela foi a primeira mulher de sua família a se tornar cordelista e desde cedo questionava a predominância masculina na arte. Em junho, a poeta lançará seu primeiro livro de contos ‘Redemoinho em dia quente’. A autora acompanhará Carmen Maria na mesa Vila Nova da Rainha no dia 13/7 para debater sobre gênero, raça, pertencimento, entre outros.
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Karina Sainz Borgo
A jornalista cultural iniciou sua carreira no jornal venezuelano El Nacional e hoje vive na Espanha, onde colabora com publicações lá e na América Latina, como El Mundo, Folha de S Paulo e o digital Vozpópuli. A escritora possui dois livros de crônicas, sendo eles ‘Tráfico Guaire’ e ‘Caracas hip-hop’ e em 2019 estreou no mundo da ficção com ‘Noite em Caracas’, que foi best-seller imediato em terras espanholas. Ela fará parte da mesa Jeremoabo no dia 12/7.
Kristen Roupenian
Kristen é PhD em literatura africana por Harvard com pesquisa sobre questões pós-coloniais. Autora do livro ‘Cat person e outros contos’ (leia aqui a resenha), que é resultados da publicação viralizada do conto ‘Cat person’ no site da revista New Yorker e ainda teve os direitos vendidos para uma adaptação para o canal HBO. Ela passou dois anos trabalhando com o Corpo da Paz, ensinando sobre saúde pública. Na FLIP, a autora estará na mesa Bom Conselho do dia 11/7.
Marcela Cananéa
Marcela é formada em educação do campo na UFRRJ, atua como militante do Fórum de Comunidades Tradicionais e trabalho no Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis de Bocaina, uma instituição que promove o bem-viver e o desenvolvimento sustentável da região, em diálogos com as comunidades caiçaras, indígenas e quilombolas. A representante estadual da Coordenação Nacional Caiçara fará parte da mesa Zé Kleber/Cumbe no dia 12/7.
Mariana Enriquez
Além de escritora, a argentina Mariana Enriquez atua como jornalista, colaborando com muitos veículos do país. Como autora, ela escreve histórias góticas, de terror e ficção científica que se passam em bairros periféricos da Argentina, que se assemelham ao lugar que cresceu durante a ditadura. Seu primeiro livro foi ‘Bajar es lo peor’ publicado em 1995, quando tinha 22 anos e que a transformou em um sucesso literário. Em 2016 e 2019, pela editora Intrínseca, Enriquez publicou ‘As coisas que perdemos no fogo’ e ‘Este é o mar’, respectivamente. A jornalista estará presente na mesa Santo Antônio da Glória no dia 12/7.
Marilene Felinto
Nascida em Recife, Marilene vive em São Paulo desde pequena onde se formou em letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Seu primeiro romance foi ‘As mulheres de Tijucopapo’ que a fez ganhar o prêmio Jabuti na categoria “Autor Revelação”. Ela também já foi colunista no jornal Folha de S. Paulo e na revista Caros Amigos. Em 2019, Marilene lançará os livros ‘Fama e infâmia: uma crítica ao jornalismo brasileiro’, ‘Sinfonia de contos de infância: para crianças e adultos’, ‘Contos reunidos’ e ‘Autobiografia de uma escrita de ficção (sua dissertação de mestrado). Na FLIP, a autora estará presente na mesa Cansação em 13/7.
Maureen Bisilliat
Maureen nasceu na Inglaterra, mas se naturalizou brasileira em 1963, aqui estudou artes plásticas e escolheu a fotografia como forma de expressão. Em 1982 publicou o livro ‘Sertões: Luz e Trevas’, um trabalho que alterna trechos de ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha, e fotos do Nordeste. Ela foi diretora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina, que faz parte do Acervo de Arte Popular Latino-Americana, a qual foi criadora juntamente com Darcy Ribeiro. A autora contará sobre sua carreira no dia 11/7 em Serra Grande na FLIP.
Sheila Heti
Sheila é escritora com formação em história da arte e filosofia pela Universidade de Toronto. A autora já publicou oito obras de ficção e não ficção e foi traduzida para 21 línguas. Ela já foi apontada pelo The New York Times como uma das quinze autoras internacionais que estão “moldando a maneira como lemos e escrevemos ficção no século 21”. Colaborou com veículos como The New Yorker, n+1, Granta e London Review of Books. É também fundadora dos encontros “Trampoline Hall”, em Toronto, e mantém o Podcast with raisins, de assuntos variados. Sua última publicação chamada ‘Maternidade‘ é um misto de ensaio, autobiografia e ficção. A canadense estará na mesa Bom Conselho do dia 11/7 juntamente com Kristen Roupenian para debater sobre como as mulheres vêm sendo representadas na escrita.
Walnice Nogueira Galvão
Crítica de literatura brasileira, a autora da organização e edição crítica de ‘Os sertões’, publicou mais de quarenta livros, doze deles dedicados a Euclides da Cunha, com destaque para ‘No calor da hora: a guerra de Canudos nos jornais’ de 1994, e ‘Euclidiana: ensaios sobre Euclides da Cunha‘, ganhador do prêmio da Academia Brasileira de Letras. Walnice foi professora convidada nas universidades europeias de Oxford, Colônia, École Normale Supérieure, Paris VIII, Freie Universität Berlin, Poitiers e Berlin 2. A autora fará parte da abertura do evento com uma aula para o público sobre o autor homenageado no dia 10/7.
Edição realizada por Isabelle Simões.