Bisha K. Ali: a misteriosa showrunner de Ms. Marvel

Bisha K. Ali: a misteriosa showrunner de Ms. Marvel

Se você está acompanhando as novidades da Disney Plus, principalmente a série “Ms. Marvel“, é provável que tenha encontrado dificuldades para saber mais sobre Bisha K. Ali, roteirista e showrunner da empreitada. Com o anúncio de seu nome para o projeto, Ali tornou todas as suas redes sociais privadas e apagou cerca de cinco mil tweets, o que gerou grande burburinho entre os fãs de quadrinhos.

Após passar o cadeado nas redes, a roteirista e comediante passou a ser alvo de críticas e boicotes, antes mesmo da estreia da série, por seu posicionamento político, considerado de extrema-esquerda pelos haters. Apesar da desaprovação de alguns, a editora da Marvel e co-criadora de Kamala Khan como Ms. Marvel, Sana Amanat, demonstrou apoio à Bisha via Twitter e se mostrou orgulhosa com a posição alcançada pela heroína de origem muçulmana, cultura ainda estigmatizada nas narrativas estadunidenses. A thread recebeu adendo de G. Willow Wilson, roteirista e também co-criadora de Ms. Marvel:

https://twitter.com/GWillowWilson/status/1165063620121677824

Levar Kamala Khan como Ms. Marvel para as telas é de suma importância: a heroína é a primeira personagem muçulmana a ter o próprio título. Como história em quadrinhos, a Ms. Marvel existe desde 1976, com Carol Danvers utilizando o pseudônimo para suas aventuras no combate ao crime. Inclusive, outras personagens já assumiram o manto até Danvers se tornar a Capitã Marvel em 2012.

Na série do serviço Disney+, o foco narrativo recai sobre a jovem Kamala Khan. De identidade paquistanesa e americana, a heroína vive em Nova Jersey com a família religiosa enquanto tenta se descobrir não só como heroína, mas como mulher. Por ter a habilidade de mudar sua forma, questões relacionadas à aparência podem aparecer com frequência nos roteiros.

Kamala Khan na aparência de Carol Danvers
Kamala Khan na aparência de Carol Danvers (Imagem: reprodução)
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Bisha K. Ali além de Ms. Marvel

Bisha K. Ali é britânica, tem 30 anos e é especialista em ficção científica e comédia de caráter político e pessoal, principalmente stand-up. Sua carreira como escritora profissional começou quando seu roteiro de piloto da comédia “Book Club” foi produzido pela Tiger Aspect e pela Sky, como parte de uma iniciativa pela diversidade dos dois grupos. Ela também forneceu material adicional para a série “Sex Education”, drama de comédia da Netflix produzido pela Eleven Film e estrelado por Gillian Anderson e Asa Butterfield.

Sex Education
Gillian Anderson e Asa Butterfield em “Sex Education” (Imagem: reprodução/Netflix)

Bisha também fez parte da sala dos roteiristas do piloto do programa de entretenimento britânico do Channel 4 “Next Week’s News” e de “True Believers”, drama de comédia para a CBBC. Em 2018, Bisha foi selecionada para o programa BAFTA Elevate — projeto de apoio designado para promover o trabalho de mulheres no cinema — e atualmente atua como roteirista em “Four Weddings and a Funeral” para a Hulu, liderada por Mindy Kaling.

Roteiros à parte, Bisha está frequentemente no podcast Guilty Feminist e foi co-apresentadora do podcast GrownUpLand da BBC Radio 4. Em 2012, participou do programa “Young Writers” do Royal Court Theatre e publicou vários artigos de não ficção e ficção. Apesar de já ter roteirizado várias séries e de estar sempre atenta à cultura pop nos podcasts, Bisha ainda não encontrou um trabalho que represente os ideais feministas, mas consegue enxergar personagens que transitam pela causa:

“Não tenho certeza se representa ideais feministas, mas ‘The Handmaid’s Tale, para mim, parece uma clara descrição de um mundo que as feministas estão lutando para evitar. É difícil apontar para um programa e dizer ‘este é um programa feminista’, mas direi que existem personagens femininas em toda a ficção científica que são surpreendentes, bem escritas, matizadas e que seu gênero não implica em seu valor para a equipe.

Talvez isso não seja feminista, não tenho certeza. O que quero dizer é: Starbuck em Battlestar Galactica é minha heroína, assim como o capitão Janeway e B’elanna Torres em Star Trek: Voyager. Sem mencionar Imperatriz Furiosa e todas as mulheres de Pantera Negra: Nakia, Okoye e Shuri eram todas personagens feministas fantásticas.”

Bisha K. Ali
O serviço Disney+ estará disponível no Brasil em 2020 (Imagem: @MCU_Direct)

Talvez a nova série da Ms. Marvel a faça mudar de ideia.


Edição realizada por Gabriela Prado e revisão por Isabelle Simões.

Escrito por:

Rafaella Rodinistzky é graduada em Comunicação Social (Jornalismo) pela PUC Minas e atualmente cursa Edição na Faculdade de Letras da UFMG. Participou do "Zine XXX", contribuiu com a "Revista Farpa" e foi assistente de produção da "Faísca - Mercado Gráfico". Você tem um momento para ouvir a palavra dos fanzines?
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