Mulheres Negras no Rock: Betty Davis, Trio Labelle, Joyce Kennedy e os Anos 70

Mulheres Negras no Rock: Betty Davis, Trio Labelle, Joyce Kennedy e os Anos 70

Nos anos 1960, o Rock se estabeleceu como um dos ritmos principais da época e acabou se ramificando nos mais variados estilos, como o glam rock, rock psicodélico, funk rock e heavy metal. Na década seguinte tivemos o surgimento de mais ícones advindos desses gêneros. Falaremos do trio Labelle, Betty Davis e Joyce Kennedy, do Mother’s Finest

O TRIO LABELLE E O SEU GLAM ROCK

Mulheres Negras no Rock
L-R Sarah Dash, Nona Hendryx e Patti LaBelle. Foto por RB/Redferns/Getty (Reprodução)

Você já deve ter ouvido em algum momento da sua vida o hit “Lady Marmalade”. Se não conhece, ele fez muito sucesso no começo dos anos 2000, na voz de Cristina Aguilera, Lil Kim, Mya e Pink, integrando a trilha sonora do filme Moulin Rouge.

Pois bem, o hit é fruto do trio Labelle, que nos anos 1970 fez sucesso com o seu glam rock e o seu visual ousado e único, chegando a excursionar com os Rolling Stones e o The Who. Recebeu ótimas críticas da imprensa especializada, além de ser o primeiro grupo negro a aparecer na capa da revista Rolling Stone. O visual extravagante e futurista do grupo serviu de referência para bandas que viriam depois, como o KISS.

O grupo foi formado na década anterior por Patti Labelle, Sundray Tucker, substituída posteriormente por Cindy Birdsong, Nona Hendryx e Sarah Dash. Ele nasceu de dois grupos rivais. No início era chamado “The Bluebells” e em seguida mudaram de nome para “Patti LaBelle and the Blue Bells”. Elas começaram fazendo sucesso com baladas de Doo-woop.

Em 1967, Cindy Birdsong deixou o grupo e ele passou a se chamar apenas “Labelle”. Elas aceitaram os conselhos de seu produtor e mudaram o visual para algo mais futurista, com estilo musical para o funk rock. O Labelle fazia um som que misturava funk rock, rock e glam rock. Porém, mesmo tendo feito muito sucesso no começo da década, o girl group acabou se separando em 1976, mas rendeu uma boa carreira solo para Nona Hendryx e Patti LaBelle, até hoje reverenciadas pelo trabalho.

O FURACÃO BETTY DAVIS

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Betty Davis. Foto por Baron Wolman (Reprodução)

Sem Betty Davis, talvez não haveria Madonna, Prince, e quem sabe, até o Red Hot Chili Peppers teria uma forma diferente sem a influência dessa mulher, que é mais conhecida por ser a segunda esposa de Miles Davis do que por seu talento e trabalho.

Nascida em 26 de julho de 1945, em Durham, na Carolina do Norte, com o nome de batismo de “Mabry”, ela teve uma bem sucedida carreira como modelo nos anos 1960 e era muito amiga de Jimi Hendrix. Além do trabalho como modelo na época, ela também escreveu canções para “The Chamber Brothers” e para o “Commodores” que, inclusive, conseguiram um contrato com a Motown graças às letras de Betty.

Aos 22 anos, ela conheceu Miles Davis e iniciou um relacionamento com o trompetista. Betty foi a principal responsável pela virada na carreira de Miles e o apresentou ao seu amigo Jimi Hendrix. Contudo, o casamento dos dois não resistiu aos ciúmes de Miles, que achava que ela tinha o traído com Hendrix.

Após se divorciar de Miles no começo da década de 1970, Betty começou a deixar a sua marca pessoal na música e a trabalhar em um disco solo. Em 1973, ela lançou o álbum “Betty Davis”, que continha canções como If I’m in Luck I Might Get Picked Up, Anti-Love Song e Your Man My Man. Ela nunca se considerou uma performer, mas aos 28 anos emergiu com uma voz incrível e um som repleto de sensualidade misturada com funk, rock, e uma performance no palco que causou a ira dos conservadores. As letras falavam de amor e sexo, e tudo o que envolvia Betty Davis era repleto de ousadia. Ela era uma mulher negra cantando sobre sexo de maneira explícita e com uma desenvoltura que incomodou muita gente.

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Contudo, o trabalho não foi um sucesso comercial, e em seguida ela lançou mais dois álbuns, “They Say I’m Different” (1974 ) e “Nasty Gal” (1975), mas o reconhecimento nunca veio. Os seus singles eram boicotados pelas rádios e altamente criticados pelo conteúdo sexual. Após o fracasso de seus três álbuns, ela deixou a carreira em 1975 e se isolou.

Betty Davis era uma mulher que estava à frente do seu tempo, e as suas músicas só seriam descobertas por um novo tipo de fã décadas depois. É inegável que ela foi uma das primeiras a abrir caminho para que artistas expressassem a sua sexualidade na música. Betty é peça fundamental da década de 1970 e antecedeu o movimento que estava por vir nas décadas seguintes.

https://www.youtube.com/watch?v=b2B0FBdzGis

MOTHER’S FINEST: JOYCE KENNEDY E O SEU FUNK ROCK

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Joyce Kennedy durante apresentação da banda Mother’s Finest. Foto por Manfred Becker (Reprodução)

O Mother’s Finest pode ser considerada uma das primeiras bandas de funk rock. Formada por Joyce “Baby Jean” Kennedy nos vocais, Glenn “Doc” Murdock também nos vocais e percussão, Gary “Moses Mo” Moore na guitarra, Jerry “Wyzard” Seay no baixo, Mike Keck no teclado e Sanford “Pepe” Daniels na bateria.

Eles lançaram o seu primeiro álbum chamado “Mother’s Finest” em 1972, e ao longo da década vieram mais três discos de estúdio: “Mother’s Finest” (1976), “Another Mother Further” (1977), “Mother Factor” (1978), e um álbum ao vivo em 1979.

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O grupo tinha Joyce Kennedy nos vocais e como centro da banda. Eles criaram hits como Baby Love, Fire e Don’t Wanna Come Back. O som do Mother’s Finest mistura elementos do funk, rock, soul, R&B com guitarras pesadas. A banda fez muito sucesso na década de 1970, chegando a abrir shows para o The Who, Black Sabbath, AC/DC e Aerosmith. Contudo, a banda entrou em um hiato na década seguinte, após lançarem mais dois discos, e Joyce Kenney seguiu em carreira solo até o final da década de 1980, quando grupo retornou à ativa.

O Mother’s Finest foi um grupo liderado por uma mulher negra e um dos grupos pioneiros a mesclar elementos do funk e soul com as guitarras pesadas do heavy metal, que havia surgido naquela década tão prolífica para o rock.

Aguarde, pois no próximo especial destacaremos as mulheres negras no punk!

Ouça a playlist especial Mulheres Negras no Rock:

“Julho é o mês da celebração da luta e da resistência da mulher negra. Marcadamente, o dia 25 representa o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. Durante todo o mês, núcleos e coletivos articulam entre si campanhas de cultura, identidade e empoderamento dessas mulheres.” #JulhodasPretas

Fontes:

Texto originalmente publicado em Sopa Alternativa.

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Formada em artes visuais e apaixonada por arte, música, livros e HQs. Atualmente pesquisa sobre mulheres negras no rock. Seu site é o Sopa Alternativa.
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