[GAMES] Assassin’s Creed Origins: A representação feminina no jogo

[GAMES] Assassin’s Creed Origins: A representação feminina no jogo

Assassin’s Creed Origins é o novo jogo da franquia Assassin’s Creed, que depois de dois anos de uma merecida pausa retorna com a história de Bayek, um dos medjai do Antigo Egito. Os medjais são protetores do faraó, mas após a morte de seu filho, Bayek abandona sua devoção às reencarnações de deuses e procura vingança ao lado de sua companheira Aya. Ambos buscam essa justiça através de mares, desertos e cidades, até que finalmente toda a conspiração é revelada. Frustrados com todos os acontecimentos e pensando em como eles e seus outros companheiros agem no meio do povo, Aya cria o que conhecemos por Ordem dos Assassinos.

O jogo possui gráficos maravilhosos e evoluiu sua jogabilidade com a nova forma RPG, dando às jogadoras uma vontade e até uma obrigação a mais para completar as missões secundárias. Dentre todos os aspectos positivos desse novo mundo, a Ubisoft conseguiu dar características marcantes para as personagens femininas. Sem estarem dentro dos padrões esperados de beleza (branca, peitos grandes, curvas e etc), elas são fortes, inteligentes e inspiradoras e são essas características que marcam suas passagens.

Aya é uma guerreira e possui missões num navio onde é respeitada por toda a tripulação masculina. Cleópatra é inteligente e ambiciosa, com a vontade de conquistar um trono que é seu por direito. Layla é astuta e confiante a ponto de saber que deve continuar sua pesquisa perigosa. Todas essas características podem ser transmutadas entre elas e até aplicadas em personagens secundárias, que auxiliam Bayek durante o jogo.

Assassin’s Creed
Aya, Layla e Cleópatra

Suas personalidades fortes acompanham suas roupas e refletem o jeito que as mulheres de jogos vêm sendo retratadas atualmente, principalmente considerando Aya e Layla. Elas usam roupas confortáveis que cobrem o corpo inteiro e são semelhantes com as roupas de combate de Bayek. Suas armas são tão poderosas quanto o jeito que lutam e enfrentam qualquer homem, sem que em nenhum momento o fato de ser uma mulher seja uma desvantagem.

Já Cleópatra é mais destoante das duas, com seus vestidos mais decotados e que mostram mais seu corpo. Isso, no entanto, não tem problema nenhum, já que a escolha de uma mulher querer mostrar seu corpo é inteiramente dela, e é essa sensação que pode-se ter ao longo da história. Sua principalmente arma é seu carisma e sensualidade, que é tão valioso para seu jogo político quanto a arma ou a luta de Aya. As três personagens são válidas e bem construídas.

Com todas as características positivas, as partes românticas de Aya e Bayek poderiam ser preocupantes, sendo representadas com um tom chato e destoante da história, levando a um sentimento de que poderia ter ficado de fora do jogo. No entanto, elas são muito interessantes e trabalham na sexualidade da personagem, mostrando que nós mulheres também gostamos de sexo.

Cleópatra segue o mesmo estilo, com suas abordagens, olhares e falas que mostram sua vontade de ter todas as experiências que desejar. Essas cenas, por mais relevantes que sejam para a história, não são o foco da vida da personagem. Ela é livre para escolher se fica ao lado de Bayek ou se vai para uma missão, só marcada pela pressão quando seu amado Bayek pede para ela ficar. Mas ela entende qual seu foco na vida e continue sua vida bem independente. A sua relação com Bayek é o que levou a formação da Ordem dos Assassinos, que é importante para entender a sua sede de vingança e todos os desdobramentos consequentes.

Outro elemento surpresa interessante do jogo é a relação de Layla com seu antepassado masculino. Ao invés de entrarem na mesma situação que nos influencia a associar um personagem masculino com outro, eles apresentam essa situação diferente. Layla acessa seu antepassado para tentar entender a origem da ordem e em nenhum momento a diferença de sexo é um problema ou questionada. Futuramente quem sabe não podemos ter o contrário, onde a personagem principal é feminina e quem está no Animus é um homem?

Com todos esses pontos positivos apresentados, não podemos ignorar que essas três personagens principais assumem papéis secundários na história. A história de Bayek é o fio condutor de toda a trama e ele não deixar de ser um personagem masculino. Em alguns momentos é possível assumir o papel de Aya, quando ela controla um navio em uma batalha ou quando ela recebe uma missão para acender uma torre para dar um sinal importante em outra. Esses momentos, por mais interessantes que sejam ainda são poucos, perto da obra entregada às jogadoras. Uma história inteira com a visão de Aya seria tão interessante quanto a de Bayek, já que ela possui habilidades iguais as dele.

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É importante ressaltar que Bayek é um personagem muito interessante e atraente, mas atualmente queremos mais que isso. Nós queremos nos ver escalando paredes, vasculhando tumbas e ganhando pontos de habilidade. Outros jogos da franquia já trouxeram personagens femininas como personagens principais, vide Assassin’s Creed Chronicles China ou Assassin’s Creed Syndicate, e fizeram muito sucesso no meio gamer. Elas merecem um destaque maior na franquia agora, já que sabemos quem realmente que fundou a Ordem mais famosa do mundo. Essa continuação está boa, mas nos resta torcer e esperar.

Autora convidada: Bruna Maria é uma escorpiana, estudante de Geologia e tem 22 anos. Amo a mulher-maravilha, sou leitora árdua da revista National Geographic, cresci lendo e assistindo Harry Potter, atualmente sou louca pela Brienne, Assassin’s Creed é minha franquia preferida e surfar é um dos meus hobbys.

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