“Trigger Run“, mais um jogo brasileiro visto na última edição da Brasil Game Show, é uma boa surpresa para o mercado nacional. Em open beta desde 24 de setembro, o jogo de tiro em equipe atraiu a atenção do público da maior feira de games da América Latina e mostrou que tem muita personalidade, apesar de lembrar outros títulos do mesmo gênero. Nós conversamos com Mário Silveira, fundador e CEO da desenvolvedora e publisher 2Axion, para saber um pouco mais sobre o processo de criação e desenvolvimento de Trigger Run e vamos contar tudo a vocês!
O jogo
“Trigger Run” já deu o que falar, principalmente pelas semelhanças com Overwatch e Paladins, mas garantimos que tem sim muita personalidade. Por ser um jogo cooperativo para até 5 jogadores, pensar estrategicamente é essencial e por isso o título conta com 25 personagens em desenvolvimento, sendo 15 já disponíveis no beta. Com habilidades diversas que permitem formações para cada tipo de mapa e objetivo, você poderá escolher heróis nas funções ataque, defesa, suporte e tanque. No beta também estão disponíveis 8 mapas e 5 modos de jogo, sendo eles Team (disputa pelo ouro), Control (captura de objetivo), Escort (proteção da carga), Capture (controle das bases A e B) e Arena (eliminação da equipe adversária).
O jogo também conta com outras funcionalidades, como a escolha de atributos para melhorar o desempenho de seu herói, muito frequente em títulos do gênero MOBA, além de bônus e presentes por login diário e até pelo tempo online. “Trigger Run” é rápido, frenético, exige atenção e agilidade, mas também é muito simples e intuitivo. E o mais importante, além de gratuito é super leve! Os requisitos mínimos pedem apenas 200MB de espaço e só 4GB de memória, então qualquer PC roda o jogo.
Desenvolvimento e inspiração
O fundador e CEO da desenvolvedora e publisher 2Axion, Mário Silveira, nos contou que a ideia inicial surgiu de um outro projeto, enquanto ele trabalhava na China, que poderia ser adaptado para o mercado brasileiro de games. Já as inspirações artísticas sempre são decididas em equipe e todos que participam do desenvolvimento tem voz ativa para expor as suas ideias e opinar sobre as escolhas gráficas, de narrativa e jogabilidade.
Sobre as comparações com outros jogos, o desenvolvedor afirma que o título “tem uma história mais curta, não simples, mas mais enxuta e também sem muito filme como é Overwatch”. Pelo que foi possível ver até o momento, visualmente os mapas e até alguns personagens fazem referência clara ao jogo, mas, em defesa de “Trigger Run”, parece muita ingenuidade do público exigir mapas muito diferentes do que já existe por aí. Tomando como exemplo jogos de MMORPG, um continente costuma ter uns 5 mapas que dificilmente fogem dos temas deserto, pântano, montanha nevada, floresta, grande metrópole, e por aí vai. Então já está na hora de parar com a implicância e dar uma chance a novos jogos, ainda mais quando são brasileiros.
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Personagens femininas
Dentre 21 personagens com perfis disponíveis no site oficial, 10 são femininas, bem diferentes entre si, cada uma com personalidade, história e origem próprias, formando uma lore bem construída para um jogo tão simples como é “Trigger Run”. Mário Silveira nos contou que as personagens femininas são muito fortes, e isso é possível ver pelos diferentes papéis que elas podem assumir, como tanque e defesa, fugindo da ideia de que meninas só jogam de suporte.
Na BGS, a principal atração nos materiais de divulgação foi a personagem Venus, suporte com foco em cura e escudos, mas há também a guerreira Valkyrie, a dançarina Carmen, a princesa do gelo Scarlett, a androide Eva e a atiradora de elite Alice, entre outras, então as opções são bem diversas mesmo. Mais uma vez, algumas delas assustam pela similaridade com “Overwatch”, mas ao jogar é possível ver que a essência é diferente e conseguimos sentir como elas são únicas, cada uma a sua maneira.
Um eterno problema chamado personagens femininas hiper sexualizadas
“Trigger Run” inova ao trazer mais personagens femininas, seguindo a tendência dentro do gênero FPS, mas quantidade infelizmente não significa qualidade. Todas as heroínas, sem exceção, tem um ar sensual. Até mesmo a pequena Angel, que parece uma criança, tem um quê de lolita e nem precisamos destacar como isso é problemático. A gente reitera que ser sensual não é um problema em si, visto que é apenas mais um jeito de ser, independente do seu gênero. No entanto, quando resumem mulheres apenas a esta qualidade, temos sim que parar um instante para conversar.
Confessamos que encontrar um jogo tão legal e acessível, recheado de personagens que sugerem um apelo sexual que não precisaria estar ali, dá um pouco de preguiça. E se para as mulheres faltam roupas, para os personagens masculinos de “Trigger Run” sobram armaduras que os cobrem até o pescoço, transformando qualquer um em herói grego. A física e a anatomia dos corpos também é um pouco incômoda, porque além de irreal, com 100% de personagens esbeltas e longilíneas, aqueles peitos enormes balançando chegam a ser cômico. De qualquer forma, apesar de ser um ponto que merece nossa atenção e questionamento, não tira o brilho e a qualidade do jogo.
Lançamento e expectativa para o futuro
Os desenvolvedores consideram o jogo praticamente lançado, pois não há previsão para realizar um reset, então a ideia agora é focar na distribuição, trazer cada vez mais jogadoras(e) e melhorar a base do game para o lançamento oficial. Além do modo PVE, chamado King Trial, e do modo Aventura ranqueado, mais dois personagens serão lançados no próximo update. E falando em personagens, a equipe planeja investir mais na cultura brasileira.
Segundo Mário Silveira, “depois a gente vai criar coisas ligadas ao Brasil mesmo, personagens não bem brasileiros pra não ficar muito ‘tupiniquim’, mas ligados à comunidade brasileira”. Ponto positivo para Trigger Run, tanto pela questão da representatividade como por exaltar a nossa cultura que é tão rica, mas tantas vezes negligenciada no mercado nacional. Sobre a experiência na Brasil Game Show, o CEO confessa ter ficado surpreso com a recepção positiva do público.
“Acho que a Avenida Indie, no geral, está um passo acima dos outros anos. Essa meninada mais nova jogando o meu jogo me motivou bastante, porque a gente imaginava ser um público mais velho e de repente me aparece meninos de 12 ou 13 anos encantados com as vozes, encantados com os personagens, com o fato de ser mais cartoon. E também muitas meninas, elas participaram do nosso campeonato, alguns times com duas ou mais meninas… A gente tem bastante menina jogando. Eu acho que a gente conquistou”.
“Trigger Run” é uma grande aposta dentro do cenário brasileiro e do gênero hero shooter: graficamente agradável, com boa interface e efeitos visuais, muito divertido de jogar e com conteúdo para quem gosta de lore. É também uma opção mais acessível para quem não tem tempo, recursos e disposição para se dedicar a jogos maiores e mais elaborados. Disponível apenas para PC, o download está disponível no site do jogo e também na steam. Por hora só nos resta aproveitar o beta enquanto esperamos o lançamento oficial e completíssimo deste jogo que promete!