Feminismo e heroísmo em “Capitã Marvel: mais alto, mais longe, mais rápido e mais”

Feminismo e heroísmo em “Capitã Marvel: mais alto, mais longe, mais rápido e mais”

O quadrinho “Capitã Marvel: mais alto, mais longe, mais rápido e mais” finalmente foi publicado pela Editora Panini no país. Depois de uma longa espera, os fãs podem obter fisicamente uma das melhores histórias da heroína. O quadrinho é escrito por Kelly Sue DeConnick, autora de grandes gibis como “Pretty Deadly” (Image Comics) e “Bitch Planet” (Image Comics), e desenhado pelo talentoso David Lopéz, que já desenhou vários títulos para Marvel Comics, entre eles “Novíssima Wolverine”, “X-men” (2013) e “Novos Mutantes”.

Ainda sobre o time criativo, vamos falar um pouco de Kelly Sue DeConnick e sua revolução no título de Carol Danvers. A roteirista assumiu o quadrinho da heroína em meados de 2012 e a ela coube transformar Carol Danvers – até então Ms. Marvel – em Capitã Marvel, a heroína mais poderosa da Casa das Ideias. A primeira fase de DeConnick durou 17 edições, nas quais a mitologia de Danvers passa por uma metamorfose, ganhando mais riqueza e uma pegada feminista forte. Neste momento temos a aproximação de Carol de outras figuras femininas fortes e inspiradoras, como Helen Cobb.

DeConnick também faz questão de mostrar que Carol é uma influência muito positiva para as meninas; assim conhecemos Kit, uma grande fã de Carol e da Capitã. “Capitã Marvel” (2012) é o início de uma longa jornada, onde Carol se estabelece como um dos pilares do Universo Marvel, e “Capitã Marvel: mais alto, mais longe, mais rápido e mais”, de 2014, é simplesmente a continuidade dessa jornada, porém, assim como diz o título, tudo muito mais grandioso.

Capitã Marvel
DeConnik e Lopéz (Imagem: reprodução)

Além do volume de 2012, a história também se passa depois dos eventos de “Infinito”, saga dos Vingadores escrita por Jonathan Hickman, na qual uma raça milenar chamada de “Construtores” destroem diversos mundos do Universo Marvel. Carol participou avidamente de “Infinito” e, após tais eventos, a heroína passa por uma crise existencial e pretende buscar seu lugar em um universo tão múltiplo e cheio de possibilidades. Apesar da grandiosidade da trama, a história não deixa de contextualizar nada para a leitora. Kelly Sue DeConnick faz questão de criar uma narrativa bem confortável para o novo público, além de algo nostálgico e desafiador para quem já conhece e curte a personagem.

Tramas e pontos iniciais

Em uma missão, Carol e Rhodes (o Máquina de Combate) interceptam uma estranha cápsula, com aparência de uma arma nuclear, mas que na verdade abrigava uma alienígena que teve seu mundo destruído pelos Construtores. Dois pontos que chamam atenção nesse momento são as relações interpessoais de Danvers; Kelly trabalha muito bem o relacionamento amoroso de Carol e Rhodey. Nos quadrinhos de super-heróis é raro de ver uma relação heterossexual que seja saudável; sabendo disso, a roteirista deixa claro que Danvers e Rhodes não são dependentes um do outro e estão prontos para abrir mão do relacionamento, se isso for bom para ambos.

Capitã Marvel
Trecho de “Capitã Marvel”. Imagem: reprodução/Panini

Outra ligação interessante que está presente no quadrinho, que é um pouco mais antiga que a anterior, é a amizade de Tony (o Homem de Ferro) e Carol. Os dois já enfrentaram muitas batalhas juntos, tanto físicas quanto psicológicas. Quando Carol estava passando por um período difícil por conta do álcool, Tony (que também já passou por isso) esteve lá para auxiliar sua amiga e companheira de equipe. É bom saber que DeConnick deu novos passos e levou a Capitã para outros ambientes, mas também é interessante perceber que a autora conhece a história da personagem, por isso mantém algumas características essenciais de sua mitologia, como por exemplo sua personalidade e a relação de amizade com Tony Stark.

Capitã Marvel
Trecho de “Capitã Marvel”. Imagem: reprodução/Panini

Se a trama do volume anterior, de 2012, era focada nos problemas que a Capitã Marvel tinha na Terra, o novo volume é totalmente o oposto. Carol Danvers vai para o espaço! Tony menciona que seria interessante ter a presença de um Vingador no espaço; como Danvers é uma ótima pilota e está se sentindo inquieta na Terra, ela é a perfeita escolha. No melhor estilo Star Wars, a nossa querida Capitã Marvel vai para o espaço chutar bundas de bandidos intergaláticos!

Por falar em Star Wars, Carol é fã da saga e sempre que pode faz alguma referência sobre algum episódio, inclusive o nome de sua gata é Chewie em homenagem a Chewbacca. Kelly se preocupou em dar mais profundidade à personagem, criando características que o público pudesse se identificar mais facilmente; o lado nerd e o humor ácido e debochado de Carol são pontos que fazem com que a heroína crie uma ligação com seu público.

Para finalizar esse tópico, vamos falar do ótimo desenvolvimento da personagem presente no quadrinho. Como já havíamos mencionado, Kelly Sue DeConnick torna Carol Danvers mais humana: ao mesmo tempo em que ela é a heroína mais poderosa do Universo Marvel, também tem falhas, frustrações e erros, e isso torna a personagem apaixonante!

Carol Danvers
Trecho de “Capitã Marvel: mais alto, mais longe, mais rápido e mais”. Imagem: reprodução/Panini
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Carol não tem muita paciência e sempre prefere resolver tudo com os punhos – e isso atrapalha seu desempenho como heroína em certos momentos. Além disso, Danvers se cobra demais. Muitas mulheres vão se identificar com esse ponto, já que sempre precisam ser duplamente ou até triplamente boas no que fazem, sempre precisam se provar e qualquer deslize é um erro quase irreparável. Carol sabe disso, ela precisa ser infalível, pois a todo momento alguém vai duvidar de sua capacidade, seja dentro da história ou fora dela.

A pegada feminista do quadrinho está nessa particularidade, que para muitas leitoras (e para Kelly) também pode ser um dos pontos fundamenteis. “Capitã Marvel: mais alto, mais longe, mais rápido e mais” não é um título qualquer; é a superação de Carol, uma elevação de seus limites e uma grande inspiração para diversas meninas e mulheres.

A nova equipe da Capitã Marvel e seu team-up com os Guardiões da Galáxia

Além dos personagens já conhecidos, também temos novos rostos. Carol precisa ajudar a alienígena que havia interceptado na Terra, assim vai até o planeta natal da alien para resolver diversos problemas e também para devolvê-la ao lar. Lá nossa Capitã Marvel encontra diversos problemas, e a trama que parecia sem muitas pretensões, se torna bem política e mais complexa. Danvers forma uma equipe para enfrentar as adversidades, uma equipe bem humorada e muito diversificada, que é composta por Abelha, Jackie, Gil e Tic (a alienígena que Carol abordou na Terra). Junto de sua nova equipe, a Capitã tentará resolver todos os problemas políticos que permeiam Torfa (o planeta de Tik).

Em meio a isso, temos a participação especial dos Guardiões da Galáxia, que voltarão em outro momento na fase de DeConnick. Como as outras relação estabelecidas na história, Carol e os guardiões se dão muito bem e fazem sentidos juntos. Rocky e o Senhor das estrelas dão um ar muito bem humorado para a história e Carol complementa com seu sarcasmo e sua teimosia.

A arte de David Lopéz em “Capitã Marvel: mais alto, mais longe, mais rápido e mais”

Carol Danvers
Trecho de “Capitã Marvel: mais alto, mais longe, mais rápido e mais”. Imagem: reprodução/Panini

Importante destacar o trabalho fantástico que o desenhista espanhol, David Lopéz, desempenhou na história. Seus personagens são extremamente expressivos e, quando necessário, transparecem uma boa dose de humor em seus rostos. As cenas de lutas espaciais são muito boas e frenéticas e de fato passam uma noção de urgência e adrenalina. As lutas em terra são igualmente boas, ágeis e visualmente bonitas. A arte, ao mesmo tempo em que é limpa, consegue captar bons destaques que enchem os olhos da leitora. Acreditamos que o design que Lopéz criou para Carol Danvers seja um dos melhores e ficará eternizado no imaginário das fãs.

Capitã Marvel: mais alto, mais longe, mais rápido e mais” é uma leitura agradável, com uma trama instigante, uma arte estonteante, uma aula de como se desenvolve um personagem e sua mitologia e o mais valioso: uma leitura essencial para quem curte Carol Danvers. É bom para quem ainda não leu nada da personagem e para quem já tem uma bagagem da heroína. Talvez soe como uma leitura despretensiosa, mas assim como o título já diz, tem muito a dizer e desvendar!


Capitã Marvel: mais alto, mais longe, mais rápido e mais

Kelly Sue Deconnick 

136 páginas

Editora Panini

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Edição realizada por Gabriela Prado.

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