Björk e sua admiração pela música brasileira

Björk e sua admiração pela música brasileira

Björk é um dos mais influentes nomes da música mundial. Afinal, a cantora islandesa marcou seu lugar com seu estilo único e excêntrico, explorando as diversas possibilidades e formas de compor e performar.

Björk no Primavera Sound São Paulo, em 2022
Björk no Primavera Sound São Paulo, em 2022 | Foto: Divulgação/Primavera Sound São Paulo

Com a liberdade artística conquistada ao longo de sua carreira e a naturalidade ao criar, Björk navega pelos diferentes gêneros musicais em seu trabalho e se encanta com os diversos formatos dessa arte.

A música brasileira é um exemplo dessa admiração. A cantora sempre deixou claro seu apreço pelos artistas do Brasil, incluindo-os em suas inspirações e exaltando suas influências. Desde parcerias marcantes nos anos 90 até o interesse pela cena atual do funk, Björk mantém um contínuo encantamento com a musicalidade do país.

Elis Regina, a musa de Isobel

Elis Regina foi tema de diversas entrevistas com Björk no Brasil. Em 1995, para o Estadão, Björk revelou que Elis foi a primeira cantora brasileira com quem se identificou. Em 1996, a islandesa contou para a Folha de São Paulo como Elis se tornou uma fonte de inspiração: “escrevi uma canção, ‘Isobel‘, sobre ela. Na verdade, é mais uma fantasia, porque sei pouco a respeito dela“, disse.

Elis Regina | Björk e sua admiração pela música brasileira
Via: Reprodução/Wikipedia

Björk exaltou a cantora de Águas de Março: “O que eu gosto em Elis é que ela cobre todo um espectro de emoções. Em um momento, ela está muito feliz, parece estar no céu. Em outro, pode estar muito triste e se transforma em uma suicida“, revelou para a Folha.

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Além disso, foi um cover de Elis Regina que levou Björk a se aprofundar na música brasileira: Travessia, de Milton Nascimento.

Milton Nascimento: admiração recíproca

Ao ouvir Travessia na voz de Elis, Björk se encantou pela música. Durante a promoção do álbum Homogenic (1997), Björk passou pelo Brasil e se encontrou com o autor da canção, Milton Nascimento, antes de um show no Rio de Janeiro.

Acompanhados por um repórter do O Globo, os dois conversaram sobre a composição da música preferida de Björk e sobre a admiração dela por Milton. Björk até gravou uma versão de Travessia, cantando em português. O cover seria lançado na compilação Red Hot+Rio, mas o plano não se concretizou. Ouça:

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Björk revelou que já tinha assistido a um show de Milton em Londres, onde se emocionou muito. Milton ainda a prestigiou no Tim Festival em 2007, como um presente de aniversário para si mesmo. O carinho entre os dois se tornou uma lembrança positiva para os fãs brasileiros.

Parcerias da Björk com Eumir Deodato

Eumir Deodato, um compositor, pianista, arranjador e produtor musical brasileiro, conquistou fama internacional com sua versão de Also Sprach Zarathustra, de Richard Strauss.

Björk conheceu Deodato ao ouvir os arranjos originais de Travessia e pediu para que ele contribuísse com seus trabalhos. Eumir participou do arranjo de canções para os álbuns Post (1995) e Homogenic (1997), além do disco de remixes Telegram (1996).

Os três discos de Björk com contribuições de Eumir Deodato
Os três discos com contribuições de Eumir Deodato | Via: Reprodução

A gente sabe quando a Björk fica satisfeita porque ela começa a dar pulinhos de felicidade. Quando ela não gosta, ela vai embora“, revelou Deodato para a Folha. Foi com ele que Björk conheceu histórias sobre sua ídola Elis Regina e se familiarizou com o olhar brasileiro sobre a música.

DJ Sets e funk brasileiro

A música eletrônica pode ser tão orgânica quanto guitarra, baixo ou bateria. Não há diferença entre uma guitarra e um computador em termos de natural/artificial. É apenas um instrumento“, disse Björk em entrevista para o Les Inrockuptibles, em novembro de 2022 (traduzida por Björk Brasil).

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Com sua paixão pela música eletrônica, Björk atualmente promove DJ sets em diversas localidades. A artista surpreende tanto os fãs brasileiros presentes quanto os que assistem aos vídeos pela tela do celular ao incluir música funk nas setlists, especialmente os “proibidões”.

Em 2015, ela evidenciou o gênero em suas apresentações pela primeira vez, tocando a música Sabe que dia é hoje, de MC Brinquedo e MC 7belo, em Nova Iorque.

Posteriormente, outros sets incluíram faixas com Movimento da sanfoninha, da Anitta, Chamo Teu Vulgo Malvadão, da MC Jhenny e Sexta dos crias, do DJ Ramon Sucesso.

Descobertas surpreendentes

Em entrevista à Apple Music, Björk revelou que, durante sua passagem pelo Brasil em 2022, quando performou na primeira edição do Primavera Sound no país, usava o aplicativo Shazam nas viagens de táxi para identificar as canções que gostava.

Admiração de Björk com a música brasileira

Na playlist que montou para o streaming musical, que inclui suas músicas eletrônicas favoritas de diversas eras, apareceram funks como Na Pepeka Sem Camisinha, de DJ Gabriel do Borel & MC Lucy; Esse é Meu Marrento, de DJ Cabelinho de Caxias & MC Jhenny; e Deixa Tua Amiga Saber (Remix), de DJ Sorriso BXD & MC Negritin.

Seleções: BjörkMúsicos ouvem música!

O encanto de Björk com a música brasileira se dá, principalmente, pela dedicação da artista à sua arte. Um bom músico deve ouvir músicas de diversos estilos, gêneros e origens e, acima de tudo, saber avaliá-las criticamente. Afinal, todos os aspectos positivos observados podem ser incorporados ao próprio trabalho.

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Fontes: Björk Brasil / G1 / Folha de S. Paulo / Rolling Stone Brasil

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Jornalista/comunicóloga, com amor por música, cinema, jogos e escrita.
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