Nova York, 1985. Um dos museus de arte mais respeitados do mundo, o MoMA (Museu de Arte Moderna), promovia uma grande exposição de pinturas e esculturas, que despertava o sentimento de revolta de ativistas feministas. O motivo? Dos 165 artistas escolhidos para terem seus trabalhos expostos no evento, apenas 13 eram mulheres. Foi assim que nasceu o Guerrilla Girls, movimento revolucionário feminista do mundo das artes. Desde então, o coletivo, composto por mulheres mascaradas, se propõe a combater o sexismo na cena artística. Suas ações provocativas marcam presença em exposições ao redor do mundo.
O movimento Guerrilla Girls
Com cartazes repletos de estatísticas chocantes e perguntas incisivas, o grupo expõe as disparidades de gênero e raça no mundo da arte. Frases como “As mulheres precisam estar nuas para entrarem no Museu do Met?” e “Quantas mulheres tiveram uma exibição solo nos museus de Nova York este ano?” confrontam o público com a dura realidade da sub-representação e desvalorização de artistas mulheres em grandes eventos.
As ações do movimento, porém, não se limitam a cartazes provocativos. Também são organizadas ações públicas, performances e intervenções artísticas que chamam a atenção para questões como a falta de mulheres em cargos de liderança em museus, a baixa remuneração de artistas mulheres e a ausência de obras de mulheres em grandes exposições. Com ironia e sátira, o grupo mobiliza o público e gera debates acalorados sobre as desigualdades de gênero na sociedade.
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O empoderamento feminino como instrumento da arte
O ativismo das Guerrilla Girls teve grande impacto na vida de mulheres em todo o mundo, sejam elas artistas ou espectadoras atravessadas por suas obras. Ao dar voz às suas lutas e denunciar as injustiças enfrentadas pela comunidade artística feminina, o grupo inspirou diversas mulheres a se unirem à causa e reivindicarem seus direitos.
A iniciativa também abriu caminho para outros projetos feministas no mundo da arte. O intuito de todos eles é incentivar a criação de espaços expositivos alternativos, além da valorização de artistas marginalizadas.
Mais de três décadas após sua criação, as Guerrilla Girls continuam a ser um dos coletivos de arte feminista mais influentes da atualidade. Seus trabalhos, marcados pela criatividade, ousadia e compromisso com a justiça social, servem como fonte de inspiração para pessoas de todo o mundo que lutam por um mundo mais justo e igualitário.
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O movimento também fez história no Brasil
As Guerrilla Girls também tiveram um impacto significativo em terras brasileiras. Em 2017, por exemplo, o grupo realizou uma exposição no MASP (Museu de Arte de São Paulo) que questionava a falta de representatividade de mulheres na coleção do museu. A exposição gerou grande repercussão e contribuiu para a abertura de um diálogo importante sobre as desigualdades de gênero no cenário artístico brasileiro.
Mundialmente famoso por seus cartazes provocativos, o grupo foi idealizador de diversas intervenções em exposições no Brasil. Os eventos marcaram a cena artística nacional com ações ousadas e questionadoras.
As intervenções no Brasil geraram repercussão em canais especializados, porém não o suficiente para repercutir na grande mídia. Contudo, as exposições estimularam debates em torno da luta por igualdade na arte e em outros campos. As ações também inspiraram artistas brasileiros a se engajarem em ativismo artístico e questionarem as estruturas de poder existentes.
Guerrilla Girls é uma inspiração para novas gerações de ativistas
As Guerrilla Girls se erguem como um farol de ativismo artístico, utilizando a arte como arma poderosa para promover mudanças sociais. Com cartazes provocativos e performances públicas, o grupo desafia incansavelmente o status quo, expondo as desigualdades de gênero e raça que permeiam a sociedade.
Sua arte não se limita a denunciar injustiças, pois também celebra e dá voz a artistas marginalizadas, muitas vezes esquecidas pelos cânones tradicionais da arte. Elas são um lembrete de que a arte é um instrumento de transformação, capaz de inspirar e mobilizar pessoas para a construção de um mundo mais justo e igualitário.