The Handmaid’s Tale: mulheres vão dirigir 8 dos 10 episódios da série

The Handmaid’s Tale: mulheres vão dirigir 8 dos 10 episódios da série

Mulheres vão dirigir oito dos dez episódios da primeira temporada de The Handmaid’s Tale, série estrelada por Elizabeth Moss (Top of the Lake) e produzida pelo serviço de streaming Hulu. Os três primeiros episódios lançados simultaneamente em 26 de abril deste ano foram dirigidos por  Reed Morano, mais conhecida por seu trabalho na direção de fotografia de filmes como Irmãos Desastres (2014, Craig Johnson), Versos de um Crime (2013, John Krokidas), Rio Congelado (2008, Courtney Hunt), além do estrondoso sucesso Lemonade, da diva Beyoncé e oito episódios da série de televisão LookingO sucesso de público e crítica foi tamanho que a série já foi inclusive renovada para uma segunda temporada.

O quarto e quinto episódios de The Handmaid’s Tale foram dirigidos pelo inglês Mike Barker, conhecido por seus inúmeros trabalhos na direção de séries para a televisão como FargoOutlander, sendo o único homem a integrar a equipe de diretores do seriado. Considerando que os criadores de The Handmaid’s Tale queriam, inicialmente, que uma mulher estivesse no comando, Bruce Miller fala, em uma resenha publicada pelo New York Times, como foi produzir a série sendo homem:

“Offred falou comigo”, disse Miller, referindo-se à personagem principal da obra. “Ela se encontra numa situação pavorosa, mas conserva seu cinismo, sarcasmo e senso de humor. Ela encontra maneiras realmente interessantes de acionar alavancas do poder e de expressar-se.” 

O Conto da Aia, em tradução para o português, livro escrito por Margaret Atwood, é um romance da década de oitenta (1985) que representa um rito de passagem fundamental para muitas mulheres, sendo considerado um dos muitos textos feministas seminais de ficção.  Tendo em vista que os produtores estavam à procura de uma mulher, Miller diz:

“Ele é sagrado para mim também, mas não sinto que seja uma história masculina ou feminina. É uma história de sobrevivência.” 

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Na première da série, no Festival de Cinema de Tribeca, Elisabeth Moss, que interpreta a personagem principal, Offred, afirmou que

“Não é uma história feminista, é uma história humana, porque os direitos das mulheres são direitos humanos”, ela disse. “Nunca tive a intenção de representar Peggy [da série ‘Mad Men’] como feminista e nunca pensei em representar Offred como feminista. Abordo a personagem com um espírito muito humano, espero.” 

The Handmaid's
Elisabeth Moss como Peggy Olsen, na série “Mad Men”.

Apesar destas polêmicas declarações, a autora do livro foi consultada durante a produção acerca de todas as modificações em termos de roteiro que a série realizou para adaptar seu romance distópico. Cabe ressaltar que Margaret Atwood ganhou destaque nos principais jornais do mundo recentemente ao receber o Pen Pinter Prize, concedido anualmente desde 2009 a autores que abordam temas considerados relevantes para a sociedade.

Prêmio mais que merecido, já que existe em sua produção um diálogo constante com as formas de representatividade e o lugar destinado às mulheres na sociedade, assim como a luta pelos seus direitos, sempre partindo de fatos históricos e acontecimentos reais. Em entrevista realizada em março deste ano, perguntada sobre de onde sairiam as bases de suas obras, Atwood respondeu:

“Do que foi feito no passado, em circunstâncias similares (não coloco nada no livro que já não tenha sido feito, de uma maneira ou de outra). Do que está sendo dito e feito nesse momento. Do que pessoas com ambições políticas dizem que farão se tiverem poder (elas geralmente tentam fazê-lo). Ou seja, não sou profeta.”

The Handmaid's Tale
Foto de George Kraychyk/Hulu

O sexto e sétimo episódios terão direção da italiana Floria Sigismondi, que também dirigiu o primeiro episódio da nova série Deuses Americanos, criada por Bryan Fuller e Michael Green, baseada no romance de mesmo nome de Neil Gaiman, e o primeiro episódio de Demolidor, entre inúmeras outras, além do videoclipe Sledgehammer, da cantora Rihanna. 

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A australiana Kate Dennis estará na direção do oitavo e nono episódios, sendo conhecida por seu trabalho na direção de alguns episódios de séries como Offspring, Segredos e Mentiras, SuitsCSI: Cyber além de ter dirigido o telefime The Alice (2004). Por fim, para fechar esta primeira temporada em grande estilo, o último episódio terá direção da canadense Kari Skogland, considerada pelo Hollywood Reporter como uma das  dez diretoras para se ficar de olho (“Ten Directors to Watch”) pelo seu desempenho como diretora e roteirista na época do longa-metragem Emboscada (2012), estrelado por Wesley Snipes e Linda Fiorentino. Kari Skogland é um nome muito requisitado no universo dos seriados de televisão norte-americano, tendo dirigido vários episódios de aclamadas séries como The Walking Dead, House of Cards, Fear the Walking Dead, Penny Dreadful, Vikings, The Killing, Os Bórgias, Boardwalk Empire, entre outras.

Saiba mais sobre nossas primeiras impressões acerca da adaptação do livro de Margaret Atwood para o serviço de streaming Hulu no texto de Athena Bastos AQUI.

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Aquariana, mora no Rio de Janeiro, graduada em Ciências Sociais e em Direito, com mestrado em Sociologia e Antropologia pelo PPGSA/UFRJ, curadora do Cineclube Delas, colaboradora do Podcast Feito por Elas, integrante da #partidA e das Elviras - Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema. Obcecada por filmes e livros, ainda consegue ver séries de TV e peças teatrais nas horas vagas.
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