“Eu Sei Porque O Pássaro Canta na Gaiola” é o primeiro livro de uma série de autobiografias da escritora, atriz, cantora e poetisa Maya Angelou, falecida em 2014 aos 86 anos. Ao todo ela escreveu sete autobiografias.
A obra trata da infância e começo da adolescência da autora, quando foi enviada aos três anos de idade junto com o seu irmão mais velho, Bailey, em uma viagem de trem para ser criada por sua avó em Stamps, no estado americano de Arkansas, após a separação de seus pais.
Com uma narrativa simples e sem floreios, acompanhamos os primeiros anos de Marguerite Ann Johnson, morando com a sua avó, uma das poucas mulheres negras empreendedoras da época, dona de um mercadinho que sobreviveu à crise e à depressão dos anos 1930 nos EUA. Junto com a pequena Marguerite, observamos como as relações raciais aconteciam no sul dos Estados Unidos.
Aos oito anos de idade ela e seu irmão voltam a morar com a mãe, mas um acontecimento marcaria para sempre a vida de Maya quando, aos oito anos de idade, ela foi estuprada pelo namorado de sua mãe e desenvolveu uma mudez que durou anos em decorrência do trauma. Esse evento fez com que ela voltasse a morar com a sua avó e se enterrasse na leitura como forma de lidar com o trauma. Nessa época ela conheceu uma mulher que lhe ensinou a ter a própria voz e a libertou do silêncio.
“(…) Os alunos brancos teriam a chance de se tornar Galileus e Madames Curie e Edisons e Gauguins, e nossos garotos (as meninas nem estava na conta) tentariam ser Jesses Owens e Joes Louis. (…) Era horrível ser negra e não ter controle sobre a minha vida. Era brutal ser jovem e já estar treinada para ficar sentada em silêncio ouvindo as acusações feitas contra a minha cor sem chance de defesa.”
Em “Eu Sei Porque O Pássaro Canta na Gaiola” temas como violência sexual, racismo, gravidez precoce e a pobreza dos primeiros anos de vida de Maya, se mesclam com as peculiaridades da vida dessa mulher, que viria ser conhecida e admirada por grandes nomes do movimento negro como Martin Luther King Jr., pelo fato, por exemplo, de Maya ter sido a primeira mulher negra a conduzir um bonde em São Francisco.
“Eu Sei Porque O Pássaro Canta na Gaiola” se tornou leitura obrigatória nas escolas americanas, mesmo com o protesto de alguns pais e a censura pelo livro conter o relato da violência sexual sofrida pela autora. O livro foi uma das primeiras autobiografias escritas por uma mulher negra. Lançado pela primeira vez em 1969, ele ganhou uma reedição em 2018, aqui no Brasil, pela editora Astral Cultural, após anos esgotado.
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Eu Sei Porque O Pássaro Canta na Gaiola
Maya Angelou
Astral Cultural
336 páginas
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