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DELIRIUM NERD
Liv Strömquist
QUADRINHOS

Mulheres nos Quadrinhos: Liv Strömquist

por Fernanda Coutinho @fercoutinhot · 19 de junho de 2019
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A capa de “A Origem do Mundo” é um resumo do estilo de sua narrativa. Nela, irreverente, uma mulher abre as pernas com um sorriso, expondo sua calcinha manchada de sangue. Essa é apenas a primeira da série de imagens marcantes que marcará o trabalho de Liv Strömquist, artista sueca.

Liv Strömquist nasceu em 1978, em Lund, na Suécia. Seu interesse por quadrinhos surgiu cedo: aos cinco anos, ela desenhou sua primeira história. Ao longo dos anos, ela se afastou das HQs, até que, aos 23, foi influenciada por seu colega de quarto e passou a escrever e desenhar fanzines. Em 2005, publicou seu primeiro álbum, “One hundred percent fat” (“100% de gordura”, em tradução livre). Já então destacava-se o caráter questionador de sua obra, que aborda questões políticas e assuntos relacionados à sexualidade e à liberdade da mulher.

Liv Stromquist

Liv Strömquist. Imagem: reprodução

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Nos seus próximos trabalhos, essa abordagem só se fortaleceria. Em 2007, em parceria com Jan Bielecki, ela criou a série “Drift”, em que dois personagens discutem histórias de relacionamentos enquanto andam de ônibus. A série era inspirada no estilo de arte característico de propagandas dos anos 50, mas suas imagens invertiam os papéis de gênero, colocando o homem na posição sexualizada.

Drift, Liv Strömquist

Capa de “Drift”. Imagem: reprodução

Ela também passou a publicar regularmente na revista de quadrinhos Galago e em uma série de outras publicações. Também voltou-se para programas de rádio, participando na Sveriges Radio P3, estação sueca voltada para jovens. Em conjunto com a escritora Caroline Ringskog, ela criou até o seu próprio podcast, “En varg söker sin pod” (“Nós não podemos”, tradução livre). Mas sem dúvida seu trabalho mais popular viria em 2014, com a publicação de “Kunskapens frukt”, ou, como ficou a tradução em português, “A Origem do Mundo”.

Provocativa do início ao fim, “A Origem do Mundo” é uma olhada nas formas de controle e opressão da sexualidade feminina ao longo da história, focando especificamente nas teorias científicas e percepção geral da vulva. O livro é quase caótico, adotando um tom episódico que começa com a lista dos “Homens que se interessaram um pouco demais por aquilo que se costuma chamar de ‘genitália feminina’”.

Liv Strömquist

Trecho do quadrinho “A Origem do Mundo“, publicado pelo selo Quadrinhos na Cia. Imagem: reprodução

Nessa lista, Liv Strömquist vai citando casos de homens individuais que estudaram a vulva, mas também traçando uma espécie de linha do tempo da percepção do órgão genital feminino através dos anos. De maneira cômica e um tanto confusa, ela não segue ordem cronológica nenhuma, discutindo a patologização médica do clitóris no século XIX, a demonização do corpo feminino na Idade Média, e até a caça às bruxas dos séculos XV ao século XVIII.

Essa bateria de informações pode ser meio atordoadora, mas logo fica claro que esse é o estilo de Liv Strömquist, que está presente em todos os outros segmentos do livro. Neles, ela examina o orgasmo feminino, as representações da vulva na sociedade e a menstruação. Há muito o que ser dito a respeito das questões que ela aborda, que vão desde a imposição do binarismo de gênero na representação e percepção popular da vulva até a colocação da menstruação como um estado que deixaria a mulher “suja”.

A Origem do Mundo: Uma História Cultural da Vagina ou A Vulva Vs. o Patriarcado

Capa de “A Origem do Mundo: Uma História Cultural da Vagina ou A Vulva Vs. o Patriarcado”. Imagem: reprodução

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Vale a pena também ressaltar o estilo de arte do livro, que complementa bem o tom debochado da autora. Os desenhos de “A Origem do Mundo” são com frequência simples e até escrachados, adotando um traço tosco e, por vezes, até meio caricaturado. As imagens vêm acompanhadas de letreiros grandes e fortes, que por vezes ocupam a maior parte do quadro, dando a impressão de um grito que evidencia a frustração de Strömquist com o mundo patriarcal que retrata.

Mas o que chama atenção no trabalho de Liv Strömquist é a camada de reflexão mais pessoal e emocional que fica por baixo da superfície irônica e divertida. Em “A Origem do Mundo”, isso fica evidente num segmento no meio do livro, que, ao contrário dos outros, à primeira vista não parece ter um tópico definido. Nele, acompanhamos a figura de Eva, logo após ser expulsa do paraíso. Ela devaneia em um deserto e faz diversos relatos diferentes que refletem a confusa experiência de ser uma mulher no nosso contexto social: a vergonha e confusão a respeito do sexo, o impulso de se calar diante do assédio ou abuso sexual, o ódio e nojo diante da aparência do órgão sexual, etc.

Eva também lista angústias e ansiedades, falando sozinha, e a última página do segmento também é uma das imagens mais marcantes do livro: Eva deitada num deserto, parecendo exausta, e fazendo a pergunta “será que existe alguma solução para isso?”. Na parte de baixo, um letreiro informa as diversas fontes do segmento, explicitando que tudo que Eva fala vem de relatos reais de diversas mulheres.

Eva em "A Origem do Mundo"

Trecho do quadrinho “A Origem do Mundo”, de Liv Strömquist. Imagem: reprodução

Esse é o ponto alto da obra de Liv Strömquist como um todo: a sinceridade nua e crua. Às vezes isso se manifesta de forma cômica, recheada de ironia, e outras vezes revela uma expressão da dor da posição feminina num mundo patriarcal da maneira mais visceral e humana possível. Por coincidência ou não, esse também é o único segmento do livro que aparece em cores.

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Fernanda Coutinho

Formada em História, Fernanda é escritora e trabalha com tradução, legendagem e produção de conteúdo. Gosta de games, quadrinhos e filmes. Passa a maior parte do tempo falando do seu cachorro ou do MCU.

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