WandaVision – 1×01/02: primeiras impressões da nova série da Disney+

WandaVision – 1×01/02: primeiras impressões da nova série da Disney+

Estreou nesta sexta-feira (15) a primeira série da nova fase de produções do universo Marvel nas telinhas. A aguardada WandaVision contará com estreias semanais na plataforma de streaming Disney+. Acompanhando a feiticeira escarlate (Elizabeth Olsen) e o sintozoide Visão (Paul Bettany) em uma narrativa misteriosa, a série abre as portas para novas perspectivas com relação ao universo cinematográfico da Marvel. 

Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) em WandaVision. (Créditos: Disney/ Marvel Studios/Divulgação)

Novas oportunidades em WandaVision

Tanto Wanda como Visão integram o time de personagens queridos pelo público, mas que não dispuseram nem de um vasto tempo de tela, tampouco de um desenvolvimento digno. A própria jornada da feiticeira escarlate nos cinemas é bastante problemática, com reclamações do público que vão desde uma representatividade apagada até o que alguns fãs consideram uma descaracterização completa. 

Sendo uma personagem extremamente poderosa nos quadrinhos, muitos espectadores aguardam ansiosamente o momento em que Wanda chegará ao ápice de seus poderes. Entretanto, uma construção digna de sua história ainda é uma peça que falta no alicerce da personagem. Durante muito tempo, Wanda e Visão foram apenas coadjuvantes no universo cinematográfico da Marvel.

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A oportunidade de protagonismo traz consigo ensejos que são benéficos tanto para os fãs dos personagens quanto para a construção e expansão do universo Marvel em si. A estrutura da narrativa, com mais tempo de tela do que um filme, possibilita que as histórias sejam trabalhadas em profundidade. A opção pela produção de séries possibilita que a Marvel finalmente se distancie da fórmula já saturada que vinha utilizando nos cinemas. 

Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) em WandaVision
Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) em WandaVision (Créditos: Disney/Marvel Studios)

Uma mudança nessa fórmula dá a chance para que os estúdios experimentem novas ideias, narrativas e histórias, testando as reações do público. Dessa forma, os fãs poderão esperar por adaptações não apenas mais fidedignas, como também mais diversas. As possibilidades de trabalhar arcos mais longos das HQs se tornam maiores. O formato das séries também dá a chance de que as produções se distanciem um pouco do mainstream e foquem em trabalhar com um maior diálogo entre-mídias, o que atende muito mais as expectativas de fãs mais engajados com o mundo dos quadrinhos. 

A estreia de WandaVision mostra que essas prospecções podem se revelar verdadeiras. O lançamento duplo com episódios situados, respectivamente, nas décadas de 50 e 60,  revelou uma grande quantidade de referências aos quadrinhos. Repleta de mistérios, a série despertou diversas teorias. Entretanto, WandaVision não é uma obra produzida apenas para os fãs mais ávidos dos quadrinhos. Ela pode ser apreciada por qualquer espectador que estime uma boa série.

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Além da oportunidade de explorar novas fórmulas e linguagens, a nova aposta da Marvel mostra que irá aprofundar e humanizar personagens tão queridos pelo público. Se o romance de Wanda e Visão nos filmes foi mostrado de forma breve, quase como uma nota de rodapé em alguns casos, eles agora podem vibrar na mesma frequência, independente do desenrolar da história.

Algumas teorias criadas por fãs afirmam que o Visão que o público vê na série pode não ser real, e sim apenas uma criação de Wanda, bem como toda a realidade ao seu redor. Se tudo o que o espectador vê na série não passar de uma ilusão, será possível compreender muito sobre a mente e as memórias da heroína através do que os episódios revelam. 

Wanda e Visão em arte promocional
Wanda e Visão em arte promocional (Créditos: Disney/Marvel Studios/Divulgação).

A própria Wanda carece de aprofundamento nos filmes. Os estúdios Marvel vêm traçando um caminho errante para representar heroínas no cinema, transitando entre falhas e acertos na forma como exploram a figura feminina em seu universo ficcional. WandaVision tem a oportunidade de entregar o tão ansiado desenvolvimento de uma personagem feminina no panteão dos heróis da Marvel nas telas. 

Uma teoria popular entre os fãs é a de que uma personagem da série, a vizinha Agnes (Kathryn Hahn), seria na verdade Agatha Harkness, uma poderosa bruxa advinda dos quadrinhos. A teoria conta com a possibilidade de que Agatha atue como uma espécie de mentora para Wanda. Essa ideia construiria uma relação interessante entre personagens femininas. Nos dois primeiros episódios é possível perceber que Agnes frequentemente orienta Wanda para que ela possa se adaptar ao mundo ao seu redor. Tal ligação entre as personagens possibilita uma futura orientação relacionada aos poderes da heroína. 

Histórias para uma nova história

O ritmo dos episódios em WandaVision é construído na estrutura de uma sitcom. As aventuras parecem leves e divertidas, até subitamente mudarem o tom para um teor muito mais sombrio. A sensação de artificialidade propositalmente passada por algumas cenas lembra o espectador de que algo está errado. Essa impressão também se constrói com a ajuda do surrealismo presente na história, uma linguagem que funciona muito bem diante do que a série se propõe. 

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Cada episódio funciona como uma ode às séries da época que escolhe retratar. Todas as escolhas estéticas são feitas com influências diretas de séries clássicas de cada década, deixando easter eggs divertidos para fãs da televisão. As referências, que sempre foram uma marca registrada do universo cinematográfico da Marvel, agora se elevam a outro patamar. 

Enquanto Wanda e Visão traçam sua misteriosa história, que é apresentada ao público sem contexto algum, um mundo de possibilidades se abre para ser explorado, seja na série, seja no futuro do universo Marvel. Dançando entre as histórias cômicas, mas com o lembrete de que há algo trágico e sombrio por trás de tudo, WandaVision faz sua estreia triunfal, inaugurando uma nova proposta para o universo cinematográfico que conquistou milhares de fãs.

Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) em WandaVision
Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) em WandaVision. (Créditos: Disney/Marvel Studios/Divulgação)
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E a introdução da série, sem contexto algum, quase faz um paralelo com a forma como os personagens foram introduzidos nos filmes. Suas histórias de origem trabalhadas de forma breve retornam para reivindicar seus lugares no cânone dos heróis do cinema. Diversos elementos que cercam a existência dos personagens fazem suas aparições, dando à série o ar de um futuro promissor.

Enquanto envolve o público, WandaVision conta a história das séries de televisão através de suas homenagens aos períodos clássicos do entretenimento televisivo. E, na medida em que relembra essa história, a série traça as possibilidades para o futuro do universo Marvel. Universo este que testemunha também um novo capítulo na trajetória das séries, diante da era dos serviços de streaming. Essa metalinguagem de contar uma história enquanto a vive atribui à obra um charme que diverge da fórmula já tão conhecida e explorada pelos estúdios Marvel 一 na medida em que oferece a chance de um novo mundo para os mundos tão amados pelos fãs.

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Formada em Jornalismo. Gosta muito de cinema, literatura e fotografia. Embora ame escrever, é péssima com informações biográficas.
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