As Águas Vivas Não Sabem de Si: a relação entre o oceano e o desconhecido em nós mesmas

As Águas Vivas Não Sabem de Si: a relação entre o oceano e o desconhecido em nós mesmas

Ler As Águas Vivas Não Sabem de Si, livro de Aline Valek, é ser absorvida pela história e se encantar pelas personagens, pelos animais marinhos, pelos trajes de mergulho, pela Estação Auris, local em que os personagens se encontram, e se perceber fascinada pelo oceano.

Somos gente. Gente é uma espécie curiosa, apesar de não ser a única com essa característica. Vivemos à procura de algo, uma caça por vida, companhia e noção de pertencimento. Não sabemos do que, mas estamos sempre em busca. Essa perseguição que tanto nos seduz pode ser no espaço, no oceano, na mente humana, nos testes de nossos limites, nos outros animais, nos vegetais, nas formações rochosas, na comunicação e nas relações humanas.

As Águas Vivas Não Sabem de Si é um pouco sobre essa busca e muito sobre o que nos faz viver buscando rastros de algo que não sabemos bem o que é. É tão fácil se sentir entregue ao livro justamente porque sabemos que o oceano guarda segredos, assim como os humanos, e eles podem ser fascinantes, como também assustadores. Geralmente são ambos.

O mar me fascina e me entreguei fácil ao livro. Enquanto lia a obra, lembrei-me da minha primeira memória com o oceano, uma das histórias preferidas da minha avó. Eu tinha uns três anos e viajei para o litoral com meus pais, amigos deles e minha avó. Junto com ela, eu ia cedo me encontrar com o mar. Ela me ensinou uma música que dizia “esse mar é meu” e eu ia, munida de meu maiô e meu baldinho, cantando essa música em direção à praia.

Meu primeiro contato com as ondas, que podem ser encaradas como braços do mar, foi pacífico. E eu achei que seguiria assim. Estava enganada e aprendi que o mar não é de ninguém. A onda me pegou, tentei sair e não consegui. Ela veio forte e me jogou no chão. Eu tentava sair dela, mas, caída e possuindo um corpinho ainda com pouca coordenação motora, só consegui quando ela retornou. Levantei com ajuda da minha avó e disse para ela: “O mar não é meu não!”. Assim aprendi a admirar o mar com respeito e sem a petulância de achar que eu era algo perto dele.

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Quando essa lembrança surgiu, as páginas do livro me apresentavam Corina, a personagem principal do livro, que aprendia um pouco mais sobre seus poucos colegas que dividiam com ela a missão de testar trajes de mergulho que prometiam aguentar a pressão e as variações de temperaturas do fundo do mar e, por isso, estavam isolados na Auris, uma estação subaquática. Nesse ponto da leitura, eu não sabia que a história também era sobre as criaturas, que assim como Auris, estão, ou um dia estiveram, em contato com a água salgada.

Ora estamos na Estação Auris espionando a busca e a fuga de cada um dos personagens, ora nos encontramos nas profundezas do oceano. Em ambos os casos, cercados pelo desconhecido e tentando desvendar o que está ali e o que nos levou até ali.


As Águas Vivas Não Sabem de SiAs Águas Vivas Não Sabem de Si

Aline Valek

296 páginas

Editora Rocco

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Escrito por:

4 Textos

O que falta em tamanho sobra em atrevimento. Isso foi dito sobre um galinho garnisé numa revista do Globo Rural dos anos 80, mas também serve para a Thaís Campolina. Thaís escreve onde ela conseguir cavar espaço e também é uma contadora de casos nata, uma louca de papelaria e uma grande fã de jogos.
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