[LITERATURA] 11 livros assustadores para começar a ler neste Halloween!

[LITERATURA] 11 livros assustadores para começar a ler neste Halloween!

O terror pode se manifestar de diversas formas. Seja através de fantasmas, espíritos malignos, casas assombradas, monstros ou criaturas sobrenaturais. Mas ele também pode surgir através das situações cotidianas, rotineiras e imprevisíveis, que todos experimentam em algum momento de suas vidas. Todo mundo sente medo de alguma coisa. Do medo de escuro ao medo da violência, ou aquele ocasionado pelo ódio que é manifestado por outrem, passando pelo medo dos direitos violados, que já vimos em obras ficcionais distópicas e que muitas vezes está mais próximo da nossa realidade do que imaginamos. Essa lista é para você que quer começar a ler neste Halloween livros assustadores, com diversas manifestações do medo. Vamos à lista!

As Coisas Que Perdemos no Fogo – Mariana Enriquez

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O livro de contos de terror de Mariana Enriquez não é sobre fantasmas, monstros ou possessões. A autora utiliza o horror oculto inserido em nosso cotidiano para descrever algumas das histórias mais sombrias e assustadoras da literatura contemporânea.

Normalmente associamos a literatura do gênero de terror aos autores mais destacados na mídia, como Edgar Allan Poe, H.P. Lovecraft ou Stephen King. Mas será que não há grandes autoras da atualidade que estão produzindo obras memoráveis, e abordando as diversas manifestações do horror e do medo, que é algo inerente a todos os seres humanos?

Com apenas 44 anos de idade, a autora argentina Mariana Enriquez utilizou como inspiração para a produção literária dos seus contos a real situação de sua geração pós-ditatorial, como afirmou recentemente em uma entrevistaSeu país é marcado por uma passado onde a população vivenciou as diversas manifestações do medo, resultantes da violência física, psicológica e sexual que uma ditadura militar proporciona à população, trazendo sequelas que assombram as esquinas de Buenos Aires até hoje. 

A maioria das histórias apresentadas em As Coisas que Perdemos no Fogo trazem mulheres como protagonistas, e os homens geralmente são descritos como insolentes ou violentos. A autora, em um dos seus melhores contos (que possui o nome do título da obra) aborda um fenômeno inexplicável, onde diversas mulheres unem-se, em uma espécie de ritual, para dar um basta à normalização da violência contra à mulher.

As Coisas que Perdemos no Fogo é um livro essencial para fãs do gênero, aquele tipo de horror que transmite um medo que nenhum fantasma ou ser sobrenatural é capaz de causar. “Conto-lhes que sempre queimaram a nós, mulheres, que nos queimaram durante quatro séculos! Não conseguem acreditar, não sabiam nada sobre os julgamentos de bruxas, percebem? A educação neste país foi para o cacete.” (pág. 190 – As Coisas que Perdemos no Fogo)

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Frankenstein –  Mary Shelley

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Frankenstein, romance da escritora inglesa Mary Shelley, é considerado nada mais, nada menos do que o primeiro romance de ficção científica da História. A obra relata a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que constrói um monstro em seu laboratório, abandonando-o em seguida, o que gerará terríveis consequências para si e sua família.

A obra é um relato que busca refletir (e em muitos sentidos, denunciar) a complexa e muitas vezes mortal relação entre os seres humanos, o conhecimento científico e as criações que daí resultam. Ainda hoje, a ideia discutida no livro é a base de muitas outras histórias que buscam problematizar a relação entre criador e criatura, entre a humanidade e a inteligência artificial, o uso do conhecimento para o mal, entre outros múltiplos vieses possíveis.

Mary Shelley — filha da famosa escritora e ativista feminista Mary Wollstonecraft, autora de “Reivindicação dos direitos da mulher”, de 1792— escreveu Frankenstein quando tinha apenas 19 anos. A obra foi publicada em 1818, sem o devido crédito para a autora em sua primeira edição, mas com um prefácio escrito por seu marido. É considerada uma das mais importantes obras literárias de todos os tempos. Leia mais sobre o livro AQUI.

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O papel de parede amarelo  – Charlotte Perkins Gilman

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A grande mensagem deste conto, considerado um clássico feminista, é: o machismo pode adoecer e enlouquecer uma mulher. Ele denuncia como esse processo nem sempre mostra suas garras de forma escancarada, mas é, antes de tudo, uma desumanização diária, sutil e silenciosa, difícil de descrever e de provar.

O papel de parede amarelo conta a história de uma mulher internada pelo marido após o diagnóstico — feito por ele mesmo, um médico reputado — de esgotamento mental e fragilidade emocional (um subterfúgio para encerrar a mulher na figura da “louca” e controlá-la). Nesse “retiro terapêutico”, ela passa a maior parte do tempo dentro de um quarto, decorado por um tenebroso papel de parede amarelo.

A estampa repetitiva, nauseante e claustrofóbica parece prender várias mulheres rastejantes que a cada dia se tornam mais reais e parecem se fundir à personalidade da narradora, num quadro psicótico arrepiante. É considerado um conto de viés autobiográfico da escritora estadunidense Charlotte Perkins Gilman, uma prolífica ativista feminista que cometeu suicídio em 1935, após uma vida de luta contra as interdições impostas às mulheres de sua época. Leia mais sobre o livro AQUI.

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O Conto da Aia – Margaret Atwood

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Embora se passe num futuro distante, em um território que um dia pertenceu aos Estados Unidos, a trama de O Conto da Aia, da escritora canadense Margaret Atwood, tem similaridades assustadoras com os dias de hoje, e poderia se passar em qualquer lugar, inclusive no Brasil. É a história de uma teocracia, a República de Gilead, que retirou das mulheres o direito de votar, ter dinheiro e escrever, encerrou-as dentro de casas de estranhos e as obrigou a parir sem cessar para homens velhos e capazes de matá-las por qualquer passo em falso. O cenário é de terror, extremamente claustrofóbico e paranoico.

Há, também, as mulheres que ensinam as parideiras (as aias do título) a se resignarem diante de seu destino, sob o risco de pauladas e choques; as que são escravizadas ao eterno serviço doméstico; as não-mulheres, obrigadas a trabalhar com lixo radioativo até seus órgãos se desfazerem, entre outros “tipos de mulher”, todas vivendo sob profunda tirania e opressão.

A escritora afirma que nada do que escreveu foi inventado — tudo o que é narrado, algum dia, já foi realidade para alguma mulher. Ao terminarmos a obra, sabemos que não somente tal opressão já existiu, como continua a existir para milhões, talvez bilhões de mulheres. Leia mais sobre o livro AQUI.

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Calibã e a Bruxa – Silvia Federici

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O que foi e por que houve a caça às bruxas? Quem eram essas mulheres? Elas ainda estão entre nós? Essas são algumas das indagações que a historiadora feminista italiana Silvia Federici busca responder nesta obra magistral, leitura obrigatória para toda mulher que busca entender as origens da opressão sobre seu corpo e sua vida, no livro Calibã e a Bruxa.

A proibição do aborto, a maternidade compulsória, a violência obstétrica, o estupro, o trabalho doméstico infindável, o assédio sexual no ambiente de trabalho, o encerramento no espaço doméstico e o cuidado solitário e não valorizado das crianças — Silvia nos explica como tudo está conectado, a partir da história de como o Estado, após a crise do sistema feudal no século XIV, instituiu uma política de terror para controlar a reprodução feminina e destruir seu poder social.

Não é uma obra de ficção, mas sim um resgate corajoso de uma parte da História que foi invisibilizada e apagada, inclusive por pensadores da esquerda — todos homens, obviamente. Leia mais sobre o livro AQUI.

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Círculo, Vol. I da Trilogia Engelsfors – Mats Strandberg e Sara Bergmark Elfgren

Escrito pelos suecos Mats Strandberg e Sara B. Elfgren, Círculo (Cirkeln) narra a história de 6 adolescentes unidas por um acontecimento mágico. Na pequena cidade industrial de Engelsfors, o jovem Elias se suicida, causando uma comoção entre os demais estudantes. Sua morte é seguida pelo aparecimento de uma estranha lua vermelha, a qual só pode ser vista pelas adolescentes Minoo, Rebecka, Anna Karin, Línnea, Ida e Vanessa. Com exceção de Minoo, todas desenvolvem poderes que parecem ter conexão com as dificuldades que enfrentam cotidianamente. A dádiva, contudo, vem acompanhada de um grande mal. A mesma força maligna que influenciou a morte de Elias espreita as escolhidas. A única forma de lutar contra um fim terrível é unindo as forças, o que exige a superação das divergências.

O livro é um romance young adult com um ar bastante sombrio, por unir a temática da bruxaria com problemas contemporâneos. A luta externa contra a força maligna é concomitante às batalhas internas de cada uma das protagonistas. Paralelamente ao desenvolvimento do mistério sobrenatural, ocorre a discussão sobre importantes temas, tais como auto-estima, suicídio, distúrbios alimentares, homoafetividade, padronização estética, rivalidade feminina, sexualização, drogas e romances, todos envoltos pela necessidade de empatia entre indivíduos social e historicamente diferentes.

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As Garotas – Emma Cline

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No thriller As Garotas, Emma Cline reinterpreta o famoso caso Tate-LaBianca, dando enfoque à participação das mulheres na Família Manson. A protagonista é Evie Boyd, uma adolescente da Califórnia de 1969 que, apesar de sua boa condição financeira, faz parte de uma sociedade culturalmente misógina. A opressão ao sexo feminino, revelada através de pequenas condutas do cotidiano – imposição de ritos estéticos, definição do papel feminino, submissão e desconsideração da mulher, cultura do estupro, entre outros – conduz a jovem de 14 anos a uma tentativa de liberdade junto ao grupo da intrigante Suzanne.

No rancho, o grupo liderado pelo cativante Russel vive em aparente liberdade, e ali Evie encontra mulheres que, como ela, não se reconhecem na sociedade. Aos poucos, contudo, ela se depara com as facetas mais obscuras desse mundo, o que culminará em um impiedoso assassinato. Com um escrita crua, propositalmente desconfortável, Emma Cline reconstrói o marcante episódio de violência como um prelúdio para uma discussão maior: a violência cotidiana contra as mulheres. Leia mais sobre o livro AQUI.

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A Hora do Lobisomen – Stephen King

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Em A Hora do Lobisomem, Stephen King nos dá mais um capítulo sobre a clássica lenda do Homem-Lobo. Nesta edição da Suma de Letras, a lenda se torna ainda mais real através das ilustrações de Bernie Wrightson. Aqui, apesar de não ser uma nova versão da clássica lenda, vemos o desenvolvimento da história de mortes em uma pequena cidade do Maine, sem faltar o elemento de terror e suspense típico das obras de King, com a recorrente descrença enfrentada quando enfrentamos o sobrenatural. É uma história curta, com apenas 152 páginas, mas isso não nos impede de nos envolvermos com a trama nem de nos cativarmos com os personagens. Além disso, a edição da Suma trás obras de artistas brasileiros com o tema do livro, o que aumenta ainda mais a nossa sensação de estar dentro da história, seja isso bom ou ruim.

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 O Livro do Cemitério – Neil Gaiman

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Quando toda a família de um bebê é assassinada misteriosamente em um noite fria, algo inexplicável faz com que o pequeno menino engatinhe até o cemitério próximo ao lar e, assim, consiga fugir do terrível destino de seus familiares. O lugar, apesar de aparentemente hostil, torna-se convidativo e aconchegante quando os fantasmas daquele lugar decidem criar o garotinho, dando-lhe o peculiar nome de Ninguém. Nin, como é chamado por todas as criaturas, cresce cercado de proteção, aprendendo sempre a respeitar as diferenças entre seu povo e o povo do cemitério.

O livro infantojuvenil, escrito pelo pai de Sandman, Neil Gaiman, é uma releitura de The Jungle Book (O Livro da Selva), de Rudyard Kipling e acompanha as aventuras de Nin da infância à idade adulta por meio de pequenas crônicas acerca de suas aventuras. Além de uma história sobre perda, assassinato e mistério, O Livro do Cemitério também discursa sobre o poder da amizade, aceitação e descobertas que a vida – e a morte – pode reservar. A edição da editora Rocco conta com belíssimos e sensíveis desenhos de Dave McKean.

O Livro do Cemitério ainda foi adaptado no formato de quadrinhos por P. Craig Russell, parceiro de Gaiman em diversos livros, incluindo a versão em HQ de outro clássico do autor, Coraline. O quadrinho será publicado em 2 volumes pela editora Rocco, e o primeiro volume já se encontra em pré-venda AQUI.

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A Menina Submersa: Memórias – Caitlín R. Kiernan

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India Morgan Phelps, ou simplesmente Imp, é uma jovem assombrada pela história de suas antepassadas e por sua própria história: ela é esquizofrênica, assim como a mãe e a avó, que se suicidaram e deixaram um enorme vazio em sua vida. Atormentada com seus próprios pensamentos barulhentos, Imp decide narrar fatos referentes à sua vida em um diário. “Vou escrever uma história de fantasmas agora”, ela datilografa para si, para que tenha com quem desabafar o desespero e as confusões de sua própria mente.

Num determinado dia, enquanto dirige por uma rodovia à beira de um rio, Imp encontra Eva Cunning, nua, molhada e desnorteada, e decide levá-la para casa, a fim de ajudá-la. A mulher misteriosa some após o episódio e desencadeia em Imp uma busca incansável por respostas. Ora acreditando se tratar de um fantasma, um lobo em pele de mulher ou uma sereia, Imp tenta descobrir a identidade e o paradeiro da mulher, ao passo que entra em um desgaste psicológico muito grande.

O livro possui um viés fantástico, soturno e de mistério envolvido por uma escrita não-linear, que faz referências a contos clássicos, músicas e artistas plásticos, buscando resgatar e compreender a história por trás da vida da mulher-sereia-lobo-fantasma e da própria narradora. A escrita de Caitlín é muito rica em detalhes e entrega o enredo aos poucos, fazendo com que várias interpretações possam ser desenvolvidas ao longo e ao final da narrativa. Nota: o livro possui representatividades femininas e LGBTQ muito marcantes, como Abalyn, a namorada trans de Imp, a qual tem um papel muito importante no desenrolar da história.

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O País de Outubro – Ray Bradbury

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Nesta antologia de 19 contos, Ray Bradbury baila por vários tipos de terror e consegue fisgar a leitora em pelo menos algum medo (ou em todos). De circos assombrados, a histórias de fantasmas e também sobre o Dia de Los Muertos, o autor une prosa poética às clássicas narrativas de horror e terror para falar sobre medo, angústia, desespero, dor, de formas viscerais e também sutis e tocantes. O País de Outubro pode ser encontrado atualmente em sebos virtuais ou físicos. 

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Lista colaborativa escrita por: Isabelle Simões, Vanessa Prateano, Athena Bastos, Camille Legrand e Laís Fernandes.

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