[SÉRIES] 4 Séries Feministas para compreender como o Feminismo é essencial e pode nos ajudar

[SÉRIES] 4 Séries Feministas para compreender como o Feminismo é essencial e pode nos ajudar

Feminismo aplicado na TV. E não, não estamos falando de Fernanda Lima em “Amor & Sexo” e igualdade de gênero desenhado e explicadinho na telinha (nada contra também). Estamos falando de uma maratona delícia de séries incríveis que vão te fazer pensar, sem doer (talvez um pouco) e sem suar (ok, talvez bastante), o que o feminismo pode fazer por você, por mim, por nós todas. A ideia é ir além das séries “Girls” ou “Orange is The New Black“. Listamos quatro séries feministas e adoráveis para vocês [e não daremos spoilers]. Vamos lá!

Séries Feministas
“Peguei esse caso para fazer um tremendo barulho. E para mudar o mundo.” (Good Girls Revolt)

Big Little Lies

A série tem um tom inicial de mistério, mas o foco mesmo são os relacionamentos. Os episódios são construídos com uma mistura da história e os depoimentos de personagens contando suas versões sobre um acontecimento grave não explicado, o que nos deixa bem interessadas no que pode vir, mas isso é apenas um gancho secundário. As opiniões, na verdade, servem mais pra guiar o nosso olhar sobre as posturas das personagens principais. Quatro mulheres tentando viver bem e dar a melhor vida possível para os seus filhos, que acabaram de entrar na primeira série em uma cidade podre de rica na Califórnia.

Séries Feministas

Por que é feminista?

As mulheres são levadas por tudo e todos a se enfrentarem e se odiarem, mas elas sempre arrumam um jeito de se ajudarem. E no fim, [não é spoiler], a união delas dá o caldo. Os depoimentos das pessoas mostram vários estereótipos comuns às mulheres como “louca”, “fofoqueira”, “neurótica”, “perfeita”. Aos poucos, o foco da série se vira para o abuso. De abuso sexual a relação abusiva, e como essas coisas estão ali discretamente sobrevivendo nos nossos dia-a-dia. A série mostra como ações cotidianas podem virar atos de violência e como o amor pode fazer qualquer um ignorar abusos numa relação.

O que pode fazer por você?

Nos ensina sobre sororidade, apesar das adversidades.

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Good Girls Revolt

Good Girls Revolt é uma série da Amazon, com Anna Camp e Grace Gummer entre as atrizes principais e fala sobre a luta por igualdade profissional em uma redação no fim dos anos 1960. A história é uma adaptação para as telas do que aconteceu com a Newsweek.

Séries Feministas

O que é?

No fim dos anos 1960, a redação da revista News of The Week (sagaz!) é dividida entre os repórteres (homens) e as pesquisadoras (mulheres). Os meninos escreviam as matérias usando todo o material (arquivos, dados e entrevistas) que as meninas reuniam. E claro, só os caras assinavam. Após um episódio de demissão da escritora Nora Ephron, repreendida porque escreveu um texto muito bom (?), as mulheres da revista aos poucos se organizam para lutar contra as regras machistas da casa.

Por que é feminista?

Além da óbvia razão da premissa da história, a série mostra como o patriarcado funciona como ideologia, curtindo o machismo no conceito do que é ser mulher e qual é o ““papel natural”” (muitas aspas para dar ênfase) dessa mulher na sociedade. A série apresenta isso com e sem obviedades, mas sempre com muita classe. A mulher está ali para deixar a vida do homem mais fácil, ser linda e servir café. Em um dos diálogos, uma das meninas questiona se é justo os meninos assinarem as matérias sozinhos, mesmo quando eles só escreveram parte das matérias. A resposta da colega é: “normal, é isso que repórter faz”. Ou seja, eles estão ali para levar o crédito. Há também momentos de crise feminina, que acontecem em qualquer década, como quando um relacionamento acaba porque o cara não consegue acompanhar que a mina que ele sai não quer um relacionamento tradicional.

É adorável que tudo isso se passa com a Segunda Onda Feminista como pano de fundo, com as mulheres indo a “reuniões de conscientização”, onde elas aprendiam que mulher também é gente, com direito a igualdade no trabalho e ao prazer sexual.

O que pode fazer por você?

Um dos maiores méritos da série é lembrar as bases do porque o feminismo é importante. Cenas de chauvinismo nos ajudam a dar aquele up na vontade de se educar.

I Love Dick

Essa série, de nome maravilhoso, é sobre um livro cujo título tem o mesmo nome (traduz livremente para “Eu amo Pinto”, com Pinto podendo significar o nome próprio ou, sim, pinto). O livro foi escrito em 1997, pela também maravilhosa, Chris Kraus, e tem um quê autobiográfico

Séries Feministas

O que é?

Chris (Kathryn Hahn) é uma roteirista de talentos não testados que acompanha o marido escritor, de Nova York, a uma cidadezinha no interior do Texas. Ele acabou de ganhar uma bolsa para se dedicar a um livro sobre o holocausto, mas os planos dela (deles?) são comprometidos quando ela desenvolve uma obsessão com Dick (Kevin Bacon), um artista famoso e o patrono da bolsa que o companheiro dela usufrui.

Por que é feminista?

Chris escreve cartas e mais cartas para Dick, em uma espiral obsessiva que agita a vida sexual do seu casamento. Tudo parece maravilhoso, mas ela precisa fazer com que Dick leia tudo o que ela escreveu, o que faz com que ela entre em uma cruzada de exposição e rejeição publica, e muita, muita vergonha alheia.

Dick não se sente confortável em ser um muso (palavra tão acostumada ao papel feminino, “musa”, que o dicionário não reconhece a versão masculina). A sexualidade de Chris incomoda e todos esperam que ela mantenha as taras dela pra si mesma.

As personagens secundárias também são um arraso. Podemos ficar obcecadas com Toby (India Menuez), uma jovem pesquisadora de história da arte, doutora em pornografia hardcore, e Devon (Roberta Colindrez), que ama as cartas para o Dick e resolve fazer teatro com isso. Genial. Procurando por fotos, encontramos esse texto mara do NYT, que fala sobre um dos melhores episódios da série. 

 

O que pode fazer por você?

Lugar de mulher é onde ela quiser, e isso inclui espaço público, sim, e todo o tipo de sentimento que ela quiser levar pra rua, incluindo tesão.

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Halt & Catch Fire

Dê uma chance pra essa série bem nerd da AMC. Paciência, porque a série é boa e a segunda temporada é ainda bem melhor.

Séries Feministas

O que é?

O show conta a história de criação da Compaq nos anos 1980, em que dois caras se juntam para criar o próximo computador pessoal que vai revolucionar como a gente compra e usa PCs.

Por que é feminista?

É adorável jogar o nome da série no Google e aparecer vários hits de como o show é “sorrateiramente” feminista. A verdade é que, apesar dos protagonistas óbvios serem o programador Gordon Clark (Scoot McNairy) e o vendedor Joe MacMillan (Lee Pace), quem manda no negócio mesmo são as minas!

A mulher do Gordon, Donna (Kerry Bishé) é uma dona de casa que trabalha com T.I. e se mata cuidado das duas filhas, enquanto o marido fica chateado porque os projetos dele não dão certo. Quando ele resolve fazer alguma coisa (esse é o argumento da série, então não é spoiler), ele contrata uma mulher para programar, a Cameron (Mackenzie Davis). Aos poucos, bem aos poucos, as duas mostram que quem manda na parada são elas mesmo!

O que pode fazer por você?

Mulher é foda mesmo, e não é vergonha nenhuma ser melhor que o seu chefe ou o seu marido. A desigualdade de oportunidades é ainda o maior empecilho da carreira feminina, e é ótimo que lembrem a gente disso nas telas.


Texto publicado originalmente em Medium.

Autora convidada: Natalia Peixoto deixou o jornalismo em São Paulo mas ainda escreve em Vancouver, onde mora desde 2014. Acredita em feminismo interseccional, em políticas afirmativas e em cultura boa representada.

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