Escritoras da Era Medieval: Idade Média, Renascença e Reforma Protestante

Escritoras da Era Medieval: Idade Média, Renascença e Reforma Protestante

Artigo escrito por Jone Johson Lewis para o site ThoughtCo., traduzido por Maria Amelia Fleury Nogueira

No mundo todo, algumas mulheres chamaram a atenção do público como escritoras, durante um período que se estendeu do século VI até o século XIV. Aqui estão muitas delas, listadas em ordem cronológica. Alguns nomes podem ser familiares, mas provavelmente haverá alguns que você nunca ouviu antes.

Khansa (Al-Khansa, Tumadir bint ‘Amr)

Encadernação em relevo de ‘Khansa, Five Poems’ de Jami, 1931. Imagem: Getty Images (reprodução)

Nascimento por volta de 575 – Morte por volta de 644

Convertida ao Islã durante a vida do profeta Maomé, seus poemas falam principalmente sobre as mortes de seus irmãos em batalhas, antes da chegada do Islã. Por isso ela é conhecida tanto como uma poetisa Islâmica, quanto um exemplo de escritora da literatura árabe pré-islâmica.

Rabiah al-Adawiyah

Nascimento 713 – Morte 801

Rabi’ah al-‘Adawiyyah de Basrah foi uma santa sufista e uma asceta que era também professora. Foi retratada por aqueles que escreveram sobre ela – nos primeiros séculos após sua morte – como um modelo do conhecimento islâmico e da prática mística, e uma crítica da humanidade. Dos poemas e escritos dela que sobreviveram, alguns são sobre Maryam of Bashrah (sua aluna) ou Rabi’ah bint Isma’il de Damascas.

Dhuoda

Nascimento por volta de 803 – Morte por volta de 843

Esposa de Bernard de Septimania, que era afilhado de Luis I (Rei da França, Imperador Romano Sagrado) e que se envolveu em guerra com ele. Dhuoda ficou sozinha quando seu marido tirou seus dois filhos dela. Ela enviou a seus filhos uma coleção escrita de conselhos, além de citações provenientes de outros escritos.

Hrotsvitha von Gandersheim

Nascimento por volta de 930 – Morte 1002

Primeira mulher conhecida como dramaturga, Hrotsvitha von Gandersheim também escreveu poemas e crônicas.

Michitsuna no haha

Hrosvitha lendo um livro no convento beneditino de Gandersheim. Arquivo Hulton. Imagem: Getty Images (reprodução)

Nascimento por volta de 935 – Morte por volta de 995

Escreveu um diário sobre a vida na corte e é conhecida também como poetisa.

Murasaki Shikibu

Na imagem: Murasaki escrevendo “O Conto de Genji”, no templo de Ishiyama. “O Conto de Genji” é um romance que relata a história do imperador Genji, e é considerado o primeiro romance do mundo. Foto por Culture Club / Getty Images (reprodução)

Nascimento por volta de 976-978 – Morte por volta de 1026-1031

Murasaki Shikibu é considerada a escritora do primeiro romance do mundo, baseado em seus anos trabalhando como criada na corte imperial japonesa.

Trotula de Salerno

? – Morte por volta de 1097

Trotula foi o nome dado a uma compilação de textos médicos medievais, e a autoria de pelo menos alguns desses textos é atribuída a uma médica, Trota, que às vezes era chamada de Trotula. Os textos eram padrões que guiaram a prática ginecológica e obstétrica durante séculos.

Anna Comnena

Nascimento em 1083 – Morte em 1148

Sua mãe era Irene Ducas, e seu pai era o Imperador Alexius I Comneus de Bizâncio. Após a morte de seu pai, Anna documentou sua vida e reinado em uma história de 15 volumes escrita em grego, que também incluiu informações sobre medicina, astronomia e sobre mulheres bem sucedidas de Bizâncio.

Li Qingzhao (Li Ch’ing-Chao)

Nascimento em 1084 – Morte por volta de 1155

Budista da região norte da China (atual Shandong), tinha pais literários e escreveu poesia lírica e, junto com seu marido, colecionou antiguidades durante a dinastia Song. Durante a invasão Jin (Tartar), o casal perdeu a maioria de suas posses. Alguns anos mais tarde, o marido de Li Qingzhao morreu. Ela terminou um manual de antiguidades iniciado por seu marido, acrescentando a ele memórias de sua vida e poesias. A maioria de seus poemas – 13 volumes durante sua vida toda – foi destruída.

Frau Ava

? – Morte em 1127

Freira alemã que escreveu poemas entre 1120 e 1125, seus escritos são os primeiros feitos por uma mulher em língua alemã, de que se tem notícia. Sabe-se pouco sobre a vida dela, exceto que parece que ela teve filhos e pode ter vivido reclusa em uma igreja ou monastério.

Hildegard de Bingen

Hildegard of Bingen. Imagem: Heritage Images / Getty Images (reprodução)

Nascimento em 1098 – Morte em 17 de setembro de 1179

Líder e organizadora religiosa, escritora, conselheira e compositora (onde ela arrumou tempo para fazer isso tudo???), Hildegard Von Bingen é a compositora mais antiga sobre quem a história de vida é conhecida.

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Elisabeth de Schönau

Nascimento em 1129 – Morte em 1164

Freira alemã beneditina, sua mãe era a sobrinha do bispo de Munster, Ekbert. Elisabeth de Schönau começou a ter visões com 23 anos e acreditava que sua missão era revelar os conselhos morais e a teologia contida nas visões. Outras freiras e seu irmão (também chamado Ekbert) registravam suas visões. Ela também enviou cartas com conselhos para o Arcebispo de Trier e se correspondia com Hildegard de Bingen.

Herrad de Landsberg

Manuscrito ilustrado por Harrad de Landsburg, Tormentos do Inferno (Torments of Hell). Imagem: Getty Images (reprodução)

Nascimento por volta de 1130 – Morte por volta de 1195

Conhecida como cientista e também como escritora, Herrad de Landsberg foi uma abadessa que escreveu o livro sobre ciência chamado “Jardim das Delícias” (em latim, Hortus Deliciarum). Tornou-se freira no convento de Hohenberg e eventualmente tornou-se abadessa da comunidade. Lá, Herrad ajudou a fundar um hospital onde ela também trabalhou.

Marie da França

Nascimento em 1160 – Morte por volta de 1190

Sabe-se pouco sobre a mulher que escreveu sob o nome Marie da França. Provavelmente, ela escreveu na França e viveu na Inglaterra. Pensa-se que ela fez parte do movimento de “Amor Cortês Medieval” associado à corte de Eleanor de Aquitaine, em Poitiers. Os lais* escritos por ela foram os primeiros de seu gênero e ela também publicou fábulas baseadas em Esopo (as quais, segundo ela, são uma tradução dos textos do Rei Alfred).

*lais são uma forma de romance medieval, contos rimados de amor geralmente curtos.

Mechtild von Magdeburg

Nascimento por volta de 1212 – Morte por volta de 1285

Beguina e mística medieval que se tornou freira Cisterciense, Mechtild escreveu descrições vívidas de suas visões. Seu livro, intitulado “A Luz que Flui da Cabeça de Deus” foi esquecido por quase 400 anos antes de ser redescoberto no século XIX.

Ben no Naishi

Nascimento em 1228 – Morte em 1271

Ela é conhecida por ter escrito “Ben no Naishi nikki”, poemas sobre o tempo que ela passou na corte japonesa do Imperador Go-Fukakusa, ainda criança, até sua abdicação. Filha de um pintor e poeta, entre seus ancestrais havia vários historiadores.

Marguerite Porete

Nascimento em 1250 – Morte em 1310

No século XX, um manuscrito de literatura francesa foi identificado como tendo sido escrito por Marguerite Porete. Beguina*, pregou sua visão mística da igreja e escreveu sobre isso, apesar de ter sido ameaçada de excomunhão pelo bispo de Cambrai.

* Beguinas eram mulheres leigas católicas que praticavam uma vida ascética em comum, parecida com a monacal, a maior parte das vezes nos chamados beguinários.

Julian de Norwich

Estátua de Julian de Norwich, por David Holgate, na Catedral de Norwich. Imagem por Tony Grist, em domínio público. (reprodução)

Nascimento por volta de 1342 – Morte por volta de 1416

Julian de Norwich escreveu “Revelações do Amor Divino” como registro de suas visões de Cristo e da crucificação. Seu nome verdadeiro não é conhecido, Julian vem do nome de uma igreja local onde ela se isolou por muitos anos em um quarto. Ela era uma anacoreta: uma leiga que tornou-se reclusa por escolha, e era supervisionada pela igreja apesar de não ser membro de nenhuma ordem religiosa. Margery Kempe (abaixo) menciona uma visita de Julian de Norwich em seus escritos.

Catherine de Siena

Catherine de Siena, 1888, por Alessandro Franchi. Imagem: EA / A. DAGLI ORTI / Getty Images (reprodução)

Nascimento em 1347 – Morte em 1380

Parte de uma família italiana grande e com muitas conexões na igreja e no Estado, Catherine tinha visões desde criança. É conhecida por seus escritos (apesar de terem sido ditados por ela, que nunca aprendeu a escrever) e pelas cartas que escreveu a bispos, papas e outros líderes (também ditadas), além de seus trabalhos de caridade.

Leonor López de Córdoba

Nascimento por volta de 1362 – Morte entre 1412 e 1430

Leonor López de Córdoba escreveu o que é considerada a primeira autobiografia em língua espanhola e é um dos primeiros trabalhos escritos nesta língua por uma mulher. Envolvida em intrigas da corte com Pedro I (ela foi criada com os filhos dele), Enrique III e sua esposa Catalina, Leonor escreveu sobre o início de sua vida em “Memórias”, passando por seu sua prisão a mando de Enrique III, sua soltura quando ele morreu, e seus problemas financeiros depois disso.

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Cristina de Pisano

Christina de Pizan, em uma miniatura do século XV. Imagem: Culture Club / Getty Images (reprodução)

Nascimento por volta de 1364 – Morte por volta de 1431

Cristina de Pisano escreveu o “Livro da Cidade das Damas”. Foi uma escritora do século XV e uma feminista precoce.

Margery Kempe

Durante a vida de Margery Kempe, Wycliffe publicou sua tradução em inglês da Bíblia. Imagens de Ann Ronan / Print Collector / Getty Images (reprodução)

Nascimento por volta de 1373 – Morte por volta de 1440

Mística e autora de “O Livro de Margery Kempe”, Margery e seu marido John tiveram 13 filhos. Apesar de suas visões a terem levado a buscar uma vida de castidade, Margery, como uma mulher casada, tinha que seguir a escolha do marido. Em 1413, fez uma peregrinação até a Terra Santa, visitando Veneza, Jerusalém e Roma. Quando voltou para a Inglaterra descobriu que sua adoração emocional tinha sido condenada pela igreja.

Elisabeth von Nassau-Saarbrucken

Nascimento em 1393 – Morte em 1456

Elisabeth, nascida em uma família nobre e influente na França e Alemanha, fez traduções em prosa de poemas na língua francesa antes de se casar com um conde alemão, em 1412. Eles tiveram 3 filhos até que Elisabeth ficou viúva, quando serviu de chefe do governo até a maioridade de seu filho. Foi casada novamente entre 1430 e 1441. Escreveu romances muito populares sobre os Carolíngios.

Laura Cereta

Nascimento em 1469 – Morte em 1499

Estudiosa e escritora italiana, Laura Cereta começou a escrever quando seu marido morreu após menos de dois anos de casamento. Ela se encontrava com outros intelectuais na Bréscia e em Chiari, e era muito elogiada. Quando publicou alguns ensaios para se sustentar, Laura foi criticada, provavelmente porque o seus ensaios insistiam que as mulheres melhorassem suas vidas e desenvolvessem suas mentes, ao invés de se concentrarem na beleza externa e na moda.

Marguerite de Navarre (Marguerite de Angoulême)

Nascimento em 11 de abril de 1492 – Morte em 21 de dezembro de 1549

Escritora da Renascença, Marguerite foi bem educada, influenciou um rei da França (seu irmão), patrocinou reformadores religiosos e humanistas e educou sua filha, Jeanne d’Albret, de acordo com os padrões da Renascença.

Mirabai

Templo de Mirabai, Chittaurgarh, Rajastão, Índia, século XVI. Imagem: Vivienne Sharp / Imagens do Patrimônio / Getty Images (reprodução)

Nascimento em 1498 – Morte em 1547

Mirabai foi uma santa e poetisa Bhakti, famosa tanto por suas centenas de canções de devoção a Krishna, quanto pelo fato de quebrar as expectativas de papéis tradicionais. Sua vida é mais conhecida através das lendas do que por fatos históricos verificáveis.

Teresa de Avila

O êxtase de Santa Teresa de Avila. Imagem: Leemage / UIG / Getty Images (reprodução)

Nascimento em 28 de março de 1515 – Morte em 4 de outubro de 1582

Uma de duas Doutoras da Igreja* nomeada em 1970, a escritora espanhola do século XVI, Teresa de Avila entrou para o convento cedo, e por volta dos 40 anos de idade fundou seu próprio convento em um espírito de reforma, enfatizando a oração e a pobreza. Ela escreveu regras para sua Ordem, obras sobre misticismo e uma autobiografia. Porque seu pai era judeu, a Inquisição suspeitou de seu trabalho e ela produziu seus escritos teológicos para provar as bases sagradas de suas reformas.

*Doutor da Igreja é título conferido por uma variedade de igrejas cristãs a indivíduos de reconhecida importância, particularmente nos campos da teologia ou doutrina católica.

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