[RETROSPECTIVA 2018] As melhores séries (ou temporadas) lançadas em 2018!

[RETROSPECTIVA 2018] As melhores séries (ou temporadas) lançadas em 2018!

Durante essa última semana de dezembro aproveitamos para relembrar quais foram as melhores séries (ou temporadas) lançadas ao longo de 2018, e podemos afirmar neste ano várias protagonistas femininas marcaram a telinha, além de notarmos o crescimento de representações LGBTQ+, com histórias inesquecíveis e a abordagem de temas sérios e necessários. A TV e os serviços de streaming atualmente estão construindo uma nova era do audiovisual para o protagonismo feminino, com discussões de gênero, raça e preconceito. Confira as nossas escolhas de 2018!

Doctor Who – 11ª temporada

Indicação da autora Priscila Cruz

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A 11ª temporada de Doctor Who estreou no dia 07 de outubro de 2018 e tornou-se um marco na história da série. A principal razão se deve a escolha de Jodie Whittaker como protagonista, primeira mulher a ser designada para o papel do 13º Doutor. Sabemos que tal fato não se deu por acaso. Além trazer novos ares para o seriado e ter contribuído para o significativo aumento de audiência, a BBC conseguiu explorar variadas temáticas sociais, destacando o protagonismo feminino. Os 10 episódios são marcados por reflexões profundas e, como sempre, buscam indicar um caminho melhor para a humanidade. A semelhança de seus predecessores, a Doutora é corajosa, destemida, ousada e audaciosa. E também é bondosa, compassiva e misericordiosa. Inspira os corações daqueles que a conhecem e dá bons exemplos.

Porém, uma das situações que mais chamou atenção na 11ª temporada é o reconhecimento de que, independentemente da classe social, da raça ou orientação social, as mulheres sofrem com o machismo em nosso planeta. Inclusive uma mulher muito especial, que nem mesmo é humana. Isso mesmo! Para aqueles que ainda não sabem, a Senhora do Tempo foi vítima de machismo, como vimos no oitavo episódio “The Witchfinders“, e mesmo com todos os séculos de experiência, a competência e o caráter da Doutora foram postos à prova e, é claro, que ela deu uma excelente cutucada em quem duvidou de seu valor.

Consciente da injustiça, ela batalhou pelo que é correto e, como sempre, salvou a vida de todos. Mais importante do que simplesmente ilustrar uma situação machista, Doctor Who mostrou que as mulheres têm seu valor e, felizmente, não precisam de homens para salvá-las. As mulheres são capazes de iniciar revoluções, lutar contra injustiças, erguer-se contra vilões, salvar vidas e mudar os rumos do Universo. Temos certeza de que as ações da Doutora e de todas as mulheres que tiveram a oportunidade de estar ao lado dela não ficarão presas às telas em que foram exibidas. Elas contagiarão aqueles que assistirem aos episódios, sobretudo as mulheres. Não apenas para provar que as pessoas possam ser melhores, mas, principalmente, para que homens e mulheres caminhem lado a lado.

Babylon Berlin

Indicação da autora Mariana Rio
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Imagem/promocional Netflix

Considerada umas das séries mais caras, com produção da Alemanha, Babylon Berlin conta com a direção de Tom Tykwer (Corra Lola, Corra e A Viagem). A série é um thriller policial que tem como plano central os anos dourados da república de Weimar até a acessão do nazismo ao poder.

A trama segue a jovem Charlotte Ritter (Liv Lisa Fries), taquígrafa e aspirante à inspetora de polícia, que para complementar a sua renda vira prostituta, além do detetive do interior Gereon Rath (Volker Bruch) que foi convocado para uma missão secreta em Berlim.

Babylon Berlin é uma série intrigante que traça um panorama político cruel sobre o papel das mulheres numa sociedade decadente e embriagada pela corrupção. Com 16 episódios, divididos ao longo de duas temporadas a obra é transmitida internacionalmente pela Netflix. Para o Brasil, ainda não há data para a estreia.

Crazy Ex-Girlfriend

Indicação da autora Mariana Rio
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Imagem/Promocional The CW

Sem dúvida, Crazy Ex-Girlfriend é um dos melhores seriados em exibição da atualidade. Com uma narrativa sagaz, irônica e desbocada, a obra conta as desventuras de Rebecca Bunch (Rachel Bloom), uma advogada que abandona toda a sua vida estável para correr atrás de um namoradinho de adolescência chamado Josh Chan (Vincent Rodriguez III), que vive numa cidade no interior da Califórnia.

Pela sinopse pode até aparecer mais uma comédia romântica no estilo “O Casamento do meu melhor amigo”, mas à ideia da série é justamente fazer uma dura crítica, através de muito humor satírico aos padrões de beleza e comportamento impostos às mulheres.

A série trata de assuntos atuais como feminismo, empoderamento, sexualidade feminina, transtornos mentais, sororidade, entre outros. O grande trunfo da produção está na sua protagonista diferentona, que foge de todos os padrões que estamos acostumadas a ver na telinha. Crazy Ex-Girlfriend está disponível no catalogo da Netflix Brasil. A série está atualmente na 4ª temporada

Pose

Indicação da autora Adriana Ibiti

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Pose é mais uma série de Ryan Murphy – criador de sucessos, como Glee e American Horror Story – agora sobre histórias da comunidade LGBTQ+, especialmente focada na vida das transformistas, na década de 80. Muito do que podemos ver na série, é semelhante ao excelente documentário “Paris is Burning” (1990), de Jennie Livingston.

A série não deixa de ser colorida e exagerada em alguns aspectos. No entanto, o que pesa a seu favor é a profundidade da retratação de alguns temas, como a necessidade de pertencer a um grupo, de lutar por uma identidade, ou encontrar uma família. Além disso, a série incita à consciência social ao abordar temas como a AIDS, por exemplo.

Pose pode ser considerada uma das séries mais emotivas do ano, capaz de provocar o choro, mas também de fazer dançar. E vai mais longe! É uma das séries com maior representatividade LGBTQ+ e com o maior elenco transgênero da telinha. Como se não bastasse, Pose vai reverter toda a sua renda para a comunidade, através do financiamento de projetos de educação e saúde, como o combate ao HIV. Vale à pena conferir!

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A Amiga Genial

Indicação da autora Athena Bastos

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A Amiga Genial é uma série recente da HBO, baseada no livro homônimo, primeiro da Tetralogia Napolitana, da italiana Elena Ferrante. E chegou ao fim de sua primeira temporada no mês de dezembro. Já renovada para uma segunda temporada, a série mostrou qualidade e foi fiel a muitos elementos do livro. Retratou, assim, a força da amizade entre duas mulheres e a forma como elas cresceram juntas, em um misto de amor e competitividade.

Ambientada em Nápoles, Itália, no século XX, a primeira temporada narra a infância e adolescência de Lila e Lenu. Amigas desde a infância, as duas meninas moram com suas respectivas famílias, em um bairro pobre, cuja vida é marcada pelas desavenças entre duas famílias ricas.

Lila é reconhecida desde jovem como dotada de uma mente brilhante. No entanto, a vida lhe impede de prosseguir nos estudos e acaba por arrastá-la para caminhos que ela jamais desejou. Já Lenu, a narradora, sempre parece um passo atrás de sua amiga. Retrata-se como uma sombra daquela que ela coloca como protagonista. Ainda assim, é quem consegue, talvez, se libertar das amarras sociais. As duas, então, aprendem a viver em um mundo marcado por diferenças sociais e econômicas, mas também marcado pela submissão feminina e pela opressão contra a mulher. Elas precisam superar essa competitividade que as move, mas também as afasta.

Apesar disso, o apoio mútuo prevalece. Como em suas demais histórias, Elena Ferrante explora as condições externas, mas também a psicologia das personagens, assim, aborda temas importantes, sobretudo referentes às vidas femininas, como maternidade, matrimônio, pressões familiares e sociais, assédio e estupro.

Objetos Cortantes

Indicação da autora Isabelle Simões

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Com direção criativa de Jean-Marc Vallée (Big Little Lies), Objetos Cortantes é uma adaptação da HBO, do primeiro livro da autora americana Gillian Flynn. Na série, a jornalista Camille Preaker (Amy Adams) retorna em sua cidade Natal, em Wind Gap, para produzir uma matéria jornalística sobre o assassinato de uma menina, que ocorreu há pouco, hospedando-se na casa de sua mãe e padrasto. Com o retorno, Camille não só descobrirá informações que jamais poderia pensar sobre o misterioso caso, como também sobre si mesma, revivendo lembranças amargas do passado e traumas.

Jean-Marc Vallée costuma retratar em suas obras casos misteriosos que ocorrem em pequenas cidades, como vimos também em Big Little Lies. Parece que todos na cidade já sabem o que está acontecendo, menos nós. Com influências de southern gothic, o retorno de Camille nessa cidade interiorana do sul dos Estados Unidos revelará inúmeros segredos daquela sociedade, um local marcado pela inveja, alienação e preconceito.

Já a atriz Amy Adams interpretou o melhor papel de sua carreira até agora. Podemos sentir toda a sua dubiedade, marcada pelo vício em álcool e automutilação. Camille é uma personagem complexa, que desafia a nossa curiosidade por conhecê-la cada vez mais. Não conseguimos parar de assistir a série quando nos adentramos nessa misteriosa jornada que aborda de forma indescritível o sentimento de culpa que foi construído na narrativa da protagonista. 

Gillian Flynn é conhecida por escrever histórias de mulheres multifacetadas, dúbias, mulheres que têm vícios, mulheres doentes, mulheres que são consumidas pelas relações próximas e familiares, mulheres que não estamos acostumadas a ver com frequência nas obras literárias ou audiovisuais. A autora mesma já afirmou em entrevista que teve muita dificuldade de publicar Objetos Cortantes, pois os editores diziam que as pessoas não gostariam de ler histórias com mulheres retratadas dessa forma. Não só vale a pena ler o livro antes para uma maior imersão, como vale a pena assistir essa série que é uma das melhores obras e adaptações do ano. 

The Good Place

Indicação da autora Wladiana Maria 

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Se você ainda não assistiu The Good Place, pule agora para evitar spoilers. A terceira temporada mostra a vida de Eleanor, Chidi, Tahani e Jason após serem “resetados”, graças às ações de Michael na temporada anterior. Após suas experiências de quase morte, cada um dos integrantes toma a decisão de melhorar sua vida e, eventualmente, acabam se encontrando na Terra, com uma ajudinha de Michael e Janet.

A série inseriu uma espécie de triângulo amoroso envolvendo Eleanor, Chidi e Simone, uma neurocientista que auxilia Chidi no seu projeto de pesquisa. No entanto, em nenhum momento The Good Place coloca Eleanor (ou as espectadoras) contra Simone, e as duas formam uma bela amizade. Além disso, Tahani consegue resolver parte da rivalidade entre ela e sua irmã, de uma forma orgânica. Atualmente, a temporada está em hiato, mas deve retornar para sua conclusão em janeiro de 2019.

O Mundo Sombrio de Sabrina

Indicação da autora Wladiana Maria 

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A série é um remake de “Sabrina, aprendiz de feiticeira”, mas não há muita semelhança com a original além das personagens principais. Sabrina é retratada de uma maneira mais séria e realmente sombria, com preocupações que vão além das comédias adolescentes tradicionais.

O universo bruxo de Sabrina é bem conservador, portanto a personagem é sempre vista como revolucionária no seu mundo, pois ela tenta mudar as tradições e quebrar a rivalidade feminina, mesmo quando suas colegas tentam fazer o contrário. A série conta com personagens gays e negros em destaque, sem restringir suas narrativas a apenas questões de raça ou sexualidade. Há ainda destaque para uma personagem que tem que lidar com questões de padrões de gênero, deixando sua história aberta para os  desenvolvimentos futuros decorrentes de sua identidade de gênero. O Mundo Sombrio de Sabrina ainda conta com uma ótima direção de vídeo e trilha sonora que ajudam na imersão da telespectadora.

Produzida pela Netflix, a série possui atualmente uma temporada completa (crítica sem spoilers / com spoilers) e um Especial de Natal. A segunda temporada tem estreia prevista para abril de 2019. A série fez tanto sucesso que já foi renovada para as partes 3 e 4.

Dietland 

Indicação da autora Mariana Amaral

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Talvez a abordagem mais abertamente feminista em séries de TV, Dietland chegou com sua primeira temporada expondo e criticando indústrias poderosas: a indústria da beleza em toda sua extensão  – de padrões corporais a cirurgias invasivas e perigosas – a indústria da moda e a alienação que ela provoca em jovens garotas, a indústria do sexo e sua intrínseca violência sexista, além da própria indústria da mídia e sua constante ligação com o silenciamento e acobertamento de crimes contra as mulheres.

A série cutuca feridas abertas do feminismo e faz perguntas tão sérias, que em vários momentos no perguntamos: “Como essa série conseguiu ser produzida?”

Estrelando Joy Nash como Plum, uma escritora inteligente que responde cartas de uma revista pretensamente feminista e que luta para conseguir uma cirurgia bariátrica para perder peso, a série segue a saga de auto conhecimento e conhecimento externo da personagem ao se deparar com um grupo de mulheres terroristas que extermina estupradores e homens violentos poderosos. O time de atrizes é também poderoso: Tamara Tunie e Julianna Margulies dão vida à narrativa com suas performances precisas.

A série entrou tão profundamente em questões tão sérias que não é surpresa que a AMC e produtores tenham resolvido cancelá-la já na sua primeira temporada. Foi de fato muito surpreendente que teorias feministas tão radicais pudessem ter voz na grande mídia em uma série de TV. De qualquer forma, a primeira temporada consegue fechar o pensamento e a mensagem em seus poucos episódios, e sua crítica é profunda, precisa e marcante. Não deixe de conferir! 

Good Girls 

Indicação da autora Mariana Amaral

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Que mulher apaixonada por séries nunca imaginou como seria se os grandes sucessos de crítica fossem protagonizados por mulheres? E se a história de Walter White ou Tony Soprano fossem na verdade a história Skyler ou Carmella entrando no mundo do crime após uma crise financeira? Felizmente, parece que a Netflix e a criadora Jenna Bans resolveram tirar essa narrativa do papel e investir em uma série em que mulheres vestem as calças da responsabilidade e arregaçam as mangas para fazer acontecer. Mesmo que nem tudo seja dentro da legalidade.

A primeira temporada de Good Girls segue um ritmo rápido em que toda ação tem uma consequência quase imediata: o que deixa a narrativa das protagonistas mais intrigante. Seguindo a trajetória de três mulheres “comuns” –  uma dona de casa com quatro filhos, uma garçonete casada com um aprendiz de policial, e uma caixa de supermercado que luta pela guarda da filha com o ex-marido - , a série acompanha a transformação de Ruby, Annie e Beth quando a vida tranquila sai do controle por conta de falta de dinheiro. É por conta de uma série de más ideias corajosas e incidentes perigosos que as três entram em uma rede de lavagem de dinheiro, e por conta das aparências inofensivas, elas acabam se dando bem no jogo.

Juntando uma parte de comédia com uma parte de drama, a série balanceia momentos hilários e inesperados com o cotidiano de mães que tentam sobreviver em um mundo hostil às mulheres.

Good Girls, que é produzida pela NBC nos EUA, já foi confirmada para sua segunda temporada em março de 2019. A série é distribuída pela Netflix que ainda não anunciou a data da estreia, mas nós mal podemos esperar!

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