5 indicações para quem quer começar a assistir k-dramas

5 indicações para quem quer começar a assistir k-dramas

A Coreia do Sul, na última década, vem ganhando bastante espaço no ocidente ao se tratar de produção cultural – de tal maneira que, ano passado, foi um filme sul-coreano que ganhou os grandes prêmios do Oscar: Parasite (2019) levou as estatuetas de melhor filme estrangeiro, melhor roteiro original, melhor direção e melhor filme (sendo o primeiro filme de língua não inglesa, dentro dos mais de 65 anos de premiação, a ganhar o prêmio).

Outros títulos que projetaram enredos com protagonismo asiático também se destacaram mundialmente, como Asiáticos Podres de Ricos (2018), Para todos os garotos que amei (2018) e A Despedida (2019). Quanto à música, o espaço que o kpop conquistou nos últimos anos é inegável, seja Psy e o sucesso estrondoso de Gangam Style em 2012 ou Super Junior com Sorry Sorry e a onda haylu de 2009.

Com a popularização da internet e surgimento dos streamings, os grupos musicais como BTS e Blackpink também ganharam bastante visibilidade. Nas redes sociais, nas rádios, nos programas populares e tudo que raio cultural possa se interessar e consumir, estão presentes mais nomes e elementos do entretenimento sul-coreana.

Mais um ramo cultural sul-coreano será apresentado: os k-dramas (k se refere à Coreia e drama é o termo utilizado para esse formato). Pela estrutura, podem equivaler ao que a América Latina tem por novelas e os EUA e Europa, pelas séries; cada uma com suas particularidades e diferenciais em narrativa. 

O que são k-dramas?

Os k-dramas buscam trazer, em seus 16 – ou 32 – capítulos, histórias em que o telespectador possa se identificar com elementos da rotina dos personagens e suas possíveis problemáticas pessoais, entretanto, com abordagens que tragam uma leveza dentro de seu desenvolvimento.

Nos dramas, são apresentados elementos essenciais da cultura sul-coreana, como normas sociais e morais estabelecidas entre familiares, amigos e grupos sociais (colegas de trabalho, conhecidos da faculdade ou membros da mesma equipe esportiva, por exemplo). Cenários com uma fotografia viva e colorida expõem a arquitetura coreana, como também a culinária, a moda e tecnologia.

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Contudo, o grande diferencial de se deleitar com a narrativa coreana, além de sua presteza ao contar seus enredos, é observar como as histórias românticas são construídas ali: prepare-se para close up na troca de olhares, para a dramaticidade do tocar de mãos e assistir, de todos os ângulos possíveis, um abraço ocorrendo. O primeiro beijo – e talvez único, de todo o show – levará tempo para ocorrer e quando acontecer, talvez seja um pouco decepcionante. Os beijos, nos dramas, muitas das vezes não passam de um roçar de lábios, o mais singelo selinho (e muito provavelmente o “beijado” estará com os olhos bem abertos).

A fada do levantamento de peso, Kim Bok Joo (2016)
A fada do levantamento de peso, Kim Bok Joo (2016) | Foto: SBS/K-drama

Toda essa concepção romântica possui uma explicação: o que estará sendo retratado naquela história buscará apresentar cada etapa que o amor se desenvolve; ele se manifestará de encontros (passeios em parques de diversões, restaurantes diversos, cinema e passeios ao ar livre em bicicletas, por exemplo).

Assim como em toda cultura, a maneira de expressar o interesse ou carinho é diversa. Para quem não está adaptado, poderá se chocar algumas demonstrações consideradas “declarações de amor e carinho disfarçados” mostradas nos dramas, uma vez que podem soar agressivas (do elemento masculino para com a feminina). Contudo, esses comportamentos são peças-chave para demonstrar a evolução dos personagens, como parte da estrutura narrativa.

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Seguindo a proximidade do casal e se tornando capaz de fazer uma autoavaliação, o protagonista progride para uma postura e comportamento respeitoso. Sem contar que as personagens femininas também se impõem diante às atitudes desrespeitosas ou degradantes. Apesar disso tudo, saiba que, ao assistir as cenas extremamente românticas e que carregam consigo doses precisas de extrema “fofura”, você vai querer se apaixonar daquela exata maneira representada na cena.

Os herdeiros (2014) k-dramas
Os herdeiros (2014) | Imagens: koreandrama/K-drama

Como foi dito ali em cima, por mais que nos roteiros dos dramas sejam construídas jornadas em que o telespectador possa se reconhecer, todo seu desenvolvimento partirá de um ponto idealizado, caminhando quase sempre para algum final perfeito e feliz. Talvez seja por isso que os k-dramas estejam ganhando tanto espaço: temos uma perspectiva positiva, agradável ou, pelo menos, leve de uma das versões da realidade.

Pensando em algumas das características apresentadas acima, separamos cinco títulos populares e clássicos de k-dramas para quem tem interesse em ser tornar uma dorameira de carteirinha! Divirta-se:

Observação: todas as informações aqui serão sem spoiler! Pode ler sem medo!

1. Itaewon Class (2020)

Itaewon Class - k-dramas
Itaewon Class é um dos k-dramas que apresenta muitas discussões acerca da representatividade e inclusão. Imagem: divulgação

Sinopse: é apresentada a jornada de 15 anos de Park Saeroiy (Park Seo Joon). No final de sua adolescência, seu pai morre em uma tragédia, dias antes de poderem realizar o sonho da família de abrir o próprio restaurante. A partir desse momento, Saeroiy enfrenta diversas dificuldades, entre elas ser preso por alguns anos. Com todos esses elementos que moldam sua vida, o herói de Itaewon Class constrói uma narrativa não somente para vingar a morte de seu pai, mas também consegue apresentar as faces da ambição, da honra e o desejo infindável desejo de dar a volta por cima.

Porquê assistir: este k-drama é um original Netflix e é uma boa opção para quem ainda não é habituado à estrutura narrativa das produções sul-coreanas. Aqui o roteiro se desenvolve de uma maneira mais crua e realista que outras obras do gênero. Assim, o desenvolvimento do enredo pode ser similar a algumas obras ocidentais.

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Itaewon Class deve ser uma opção não somente por sua narrativa, mas também por apresentar muitas discussões acerca da representatividade e inclusão: há personagens declaradamente transgêneros e gays (o que, para a Coreia, ainda é um assunto delicado para expor de maneira tão evidente em programas de entretenimento).

Também há personagens coreanos que não são do fenótipo amarelo presente na população sul-coreana, isto é, tem um personagem ali que é birracial: negro, de mãe Guianesa, e asiático, pois seu pai é coreano.  Por fim, discute-se a ressocialização de ex-presidiários e a oportunidade de seguir em frente, crescer e ser bem sucedido (e o núcleo feminino é muito bem construído).

Quantos capítulos: 16 episódios, com cerca de 1 hora de duração.

Onde assistir: Netflix, com legendas em português disponíveis.

2. Goblin (2016-2017)

k-drama Goblin (2016-2017)
Goblin é um dos k-dramas mais famosos e mais recomendados. Imagem: divulgação

Sinopse: em Goblin, acompanhamos a trajetória de um Duende (ser mágico que tem quase um milênio de existência) chamado Kim Shin (Gong Yoo), de “sua noiva” Ji Eun Tak (Kim Go-Eun), do Ceifador (ele é tão antigo que não lembra o próprio nome) (Lee Dong Wook) e da empresária Sunny (Yo In Na). Eles todos carregam consigo uma história de muita solidão e a partir do momento em que os quatro se encontram e relacionam, as emoções de quem está assistindo desaba enquanto se explora o valor da vida, da culpa, do medo, do respeito, do amor e do perdão.

Porquê assistir: quando você for pesquisar k-dramasdramas ou doramas na internet, Goblin surgirá no topo das pesquisas. Se você pedir por alguma indicação, independente do lugar (Twitter, grupo do Facebook ou Telegram, reuniões informais do clube do livro, não importa), será gritado, em plenos pulmões, Goblin. E não é à toa: a criadora desse k-drama, Kim Eun-Sook, investiu seis anos para construir todo o universo e mitologia que se baseia a história (nesse meio tempo, ela também estava insistentemente convidando o Gong Yoo para ser seu protagonista).

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Ao assistir Goblin será possível compreender como essa história se tornou um divisor de águas do entretenimento sul-coreano. Após este k-drama, toda a maneira de contar uma história (desde a ousadia dentro de uma produção é roteiro, por exemplo) mudou – e, sem dúvida, esse é o trabalho da carreira dos quatro atores citados.

Quantos capítulos: 16 capítulos de 1 hora cada + 2 extras com entrevistas com elenco e produção.

Onde assistir: Viki (site e aplicativo de streaming com foco em obras asiáticas), com legendas em português.

3. Moon Lovers (2016)

drama coreano Moon Lovers (2016)

Sinopse: Go Ha Jin (IU), após descobrir a traição de seu (ex) namorado com a (ex) melhor amiga, está tendo um péssimo dia. A fim de se distrair, ela vagueia pela cidade e então se depara com uma criança se afogando em um lago próximo. Buscando salvar a criança, Ha Jin acaba se afogando. Naquele mesmo instante de seu acidente, ocorre um eclipse solar e, como um toque de mágica, Ha Jin é transportada para o século 10, em plena Dinastia Goryeo.

Não bastasse estar em outro período histórico, Ha Jin passa a ser Hae Soo, de apenas 16 anos, e além de ter de se adaptar à uma vida completamente diferente, com costumes, comportamentos e com pessoas desconhecidas, ela terá de encarar a luta pelo império, afinal, ela fará parte da família real.

Porquê assistir: aqui, além de se deparar com as atuações de grandes nomes do k-pop como IU (solista) e Beakhyun (EXO e Super-M), terá um drama histórico e de época. Como a personagem de IU carrega uma consciência do século 21, é interessante observar sua recepção à história sendo feita (e o telespectador podendo conhecer elementos da história e geopolítica coreanas).

Quantos capítulos: 20, cada um de 1 hora de duração com mais 2 episódios especiais.

Onde assistir: disponível em sites feitos por fãs.

4. She was pretty (2015)

k-drama She was pretty (2015) k-dramas

Sinopse: aqui você encontrará o melhor de O Diabo Veste Prada e Betty, a feia em um só único ­drama.

Kim Hye-Jin (Hwang Jung-eum) se encontra com quase 30 anos, desempregada e vivendo de favor na casa da melhor amiga. Além disso, Hye-Jin também deve encarar olhares julgadores devido à sua aparência que é totalmente fora de moda, devido a inúmeros fatores, ela teve que escolher priorizar investimentos na sua educação e só depois, poderia pensar em tratamentos de beleza e fashion. Surge, então, uma oportunidade única de emprego e, devido alguns infortúnios, a protagonista é transferida para o setor editorial da maior revista de moda da Coreia do Sul.

Porquê assistir: neste drama coreano se condensam os elementos clássicos que os k-dramas têm: triângulo amoroso (e você não sabe para quem torcer) os mais diversos e românticos encontros amorosos e uma aura perfeita de humor e, principalmente, o desenvolvimento e amadurecimento da protagonista. Embora ela tenha que lidar com muitos julgamentos, devido a sua aparência e personalidade, Hye-jin se mostra uma protagonista forte, muito esforçada e determinada. Aqui também tem o perfeito exemplo de second lead syndrome (um termo comum para quem assiste k-dramas que se refere àqueles personagens secundários que roubam a cena) com o Siwon, do grupo de k-pop Super Junior, que interpreta o divertido – e apaixonante! – repórter Kim.

Quantos capítulos: 16, de 1 hora cada.

Onde assistir: Viki (premium), com legendas em português disponíveis.

5. Descendentes do Sol (2016)

drama coreano Descendentes do Sol (2016)

Sinopse: este foi um dos k-dramas mais populares de 2016 e vai contar a história de amor entre Yoo Shi Jin (Joong-ki Song) e Kang Mo Yeon (Hye-kyo Song), um soldado das forças especiais e uma médica. Em uma situação anterior, eles já haviam se conhecido e flertado. O breve relacionamento se encerra em consequência às divergências de suas profissões – enquanto o ofício de Shi Jin é matar a serviço de sua nação, Mo Yeon deve salvar vidas, independente de quem sejam. Contudo, oito meses depois, ambos se reencontram no mesmo campo de batalha do país fictício Kurn, que está sofrendo uma guerra civil.

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Porquê assistir: aqui se encontra uma modalidade de um romance mais maduro e são abordados temas mais brutos e sérios, como conflitos bélicos, assédio moral e sexual, relação vida e morte em conflito com a própria profissão e moral pessoal. No elenco (e OST), Onew, líder do grupo de k-pop SHINee, interpreta um médico residente. O casal protagonista chegou a se relacionar fora das telas por alguns anos, o que torna o romance apresentado nas telas ainda mais realista.

Quantos capítulos: 20 capítulos, de uma hora cada.

Onde assistir: Viki, com legendas em português disponíveis.

Menção honrosa: Boys Over Flowers (2009)

dorama Boys Over Flowers (2009)

É praticamente um pecado falar sobre dramas coreanos e não citar um dos nomes mais populares dessa área: o ator Lee Min Ho.

O k-drama aqui selecionado é de 2009 e muito provavelmente há de ser considerado ofensivo para quem possa assisti-lo hoje. Como foi dito no início do texto, com o desenrolar do enredo, as atitudes incômodas progridem para mais respeitosas e coerentes.

Contudo, há 10 anos, esse título foi um grande fenômeno na Ásia. A história surgiu no Japão com um mangá shoujo e com o sucesso estrondoso ganhou diversas adaptações para dramas e filmes. Dentre essas adaptações, há versões do Japão, Coreia do Sul, Taiwan e China, essa última conhecida como Meteor Garden, da Netflix.

Porquê assistir: a história praticamente lançou, para a plataforma, a estrutura do triângulo amoroso colegial. Geum Jan-di (Ku Hye-sun), que ingressa no colégio de elite e, devido a seu espírito de justiça e lealdade, enfrenta a tudo e todos com muita honra. Lee Min Ho interpreta Go Jun Pyo, o líder dos populares e bad boy. Está disponível no Viki, com legendas em português.

Essas cinco (na verdade seis) indicações de k-dramas tiveram o objetivo de apresentar títulos de qualidade produzidos pela Coreia do Sul, além de conhecer novos atores e atrizes, uma cultura completamente nova e a aventura de conhecer algo que fuja do eixo ocidental é embarcar em um mar de infindáveis novas opções.


Edição por Isabelle Simões. Revisão realizada por Gabriela Prado. Arte em destaque por .

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Ket tem 23 anos, é formada em Letras - Língua e Literatura Portuguesa, pela UFAM. Nasceu e criou-se em Manaus, onde ainda mora. Não é capaz de conceber uma realidade em que as mulheres não sejam livres, uma vez que sua vida inteira viveu em um lar matriarcal. Gosta de histórias tristes, é fascinada pela cultura Sul-coreana e chora com animes.
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