Logo na capa do livro As Sobreviventes tem uma citação do Stephen King dizendo que “este é o melhor thriller de 2017”. Com isso, ao ler o nome do desconhecido autor Riley Sager, é inevitável pensar que não seja mero marketing gratuito. A sinopse, ainda que interessante, também não é algo que nos leva à loucura, pois beira ao lugar comum de thrillers do gênero.
Se você também chegou à essa conclusão, temos apenas uma coisa a lhe dizer: Errou. Errou feio. E é isso que vai fazer durante toda a leitura. Sager consegue criar um terror psicológico real e sufocante que nos envolve até, literalmente, a última página de As Sobreviventes.
“Ela corria por instinto. Um alerta inconsciente de que precisava continuar, independentemente do que acontecesse.”
As Sobreviventes conta a história da estudante universitária Quincy Carpenter, que foi a única sobrevivente de um crime brutal, ocorrido há mais de dez anos. Sua tragédia a uniu, de forma involuntária, a mais duas mulheres com histórias similares: Lisa e Sam. Juntas, as três eram as Sobreviventes de crimes bárbaros, e ainda que não mantivessem contato entre si, foram “unidas”, pela mídia, sob o nome de As Garotas Remanescentes.
” VOCÊ NÃO DEVERIA ESTAR VIVA.
VOCÊ DEVIA TER MORRIDO NAQUELA CABANA.
ERA SEU DESTINO SER SACRIFICADA.”
No entanto, diferentemente de Lisa e Sam, Quincy tem um bloqueio na memória que a impede de se lembrar de tudo o que aconteceu naquela noite, há dez anos atrás, onde ela sobreviveu a um pesadelo real e ela esconde seu trauma no seu vício velado de remédios calmantes.
Acontece que, após uma recente tragédia, a vida delas se cruza, mais uma vez, e nenhum calmante é capaz de dar tranquilidade à mente de Quincy; muito pelo contrário, o muro do bloqueio pode estar prestes a ruir, se é que, algum dia, ele de fato existiu. Assim, Sager consegue entrar em nossas mentes, mas nós, sem sombra de dúvidas, até o final do livro, não conseguimos entrar na dele.
“[…] Quando levanta o olhar para mim, presumo que consegue sentir minha raiva. Com certeza ela sabe porque estou ali.”
As Sobreviventes é narrado de duas formas: o presente é contado na primeira pessoa, pela própria protagonista. Já o passado nos é retratado em terceira pessoa e só começa a ser revelado em capítulos intercalados, lá pra meados do livro, o que deixa a leitura ainda mais tensa.
Os fragmentos do passado formam uma colcha de retalhos velha, suja e de aparência pouco agradável, mas nos deixa insaciáveis. Acabamos por devorar o livro em busca da verdade, que aos poucos e timidamente se mostra.
“[…] Ainda que não devesse se preocupar com a possibilidade de ser ouvida. Ainda que tudo o que quisesse fosse gritar para o céu e deixar seu uivo esganiçado ser levado pela brisa.
Mas o punho nervoso dentro dela continuava a espremer, aumentando a raiva, a dor. Ela voltou pela mata com mais lágrimas se formando no lugar em que a anteriores haviam secado.”
O ar de mistério e o terror é mantido a todo o tempo e a imprevisibilidade é o que dita a escrita de Sager. Escrita esta que nos causa uma mistura de ansiedade e falta de ar, esta última, ocasionada, talvez, pelo medo e adrenalina que a história nos proporciona.
Definitivamente, As Sobreviventes é o thriller do ano, digno de uma adaptação para o cinema!
https://www.facebook.com/rileysagerbooks/videos/417925301926084/
SOBRE O AUTOR:
Riley Sager, é o pseudônimo do autor, que nasceu na Pensilvânia e além de ser escritor, é editor e designer gráfico. As Sobreviventes, cujo título original é Final Girls, é seu primeiro romance e já foi publicado em mais de 20 países.
Caso tenham interesse confiram as entrevistas concedidas por ele ao Bloody-Flicks e ao Houston Chronicle, onde ele conta um pouco sobre como “nasceu” a história do livro, dentre outras curiosidades.
CONFIRA UMA AMOSTRA DO LIVRO:
Para quem se interessou pelo livro, indicamos a leitura da amostra disponibilizada pela Editora Gutenberg: confira aqui. Mas avisamos: Não subestime este pequeno fragmento.
As Sobreviventes
Autor: Riley Sager
336 páginas
Lançado em 23/08/2017
Este livro foi cedido pela editora para resenha