[SÉRIES] O tão esperado season finale de “Game of Thrones” (crítica)

[SÉRIES] O tão esperado season finale de “Game of Thrones” (crítica)

Neste domingo, 26 de junho, chegou ao fim a sexta temporada de umas das séries mais populares dos últimos anos, Game of Thrones. A série de TV criada por David Benioff e D. B. Weiss, finalmente ultrapassou os livros escritos por George R. R. Martin, deixando os fãs ainda mais curiosos para saber o destino de Westeros e de seus personagens favoritos.

[Contém spoilers da sexta temporada]

Sem ter um livro completo de Martin para se basear, os criadores do programa tomaram para si muito mais liberdade criativa do que vimos nas temporadas anteriores e claramente procuraram saídas controversas para dar um desfecho próprio à história. Alguns personagens seguiram o plot de outros, talvez por motivos financeiros – afinal um seriado com tantos atores cada vez mais famosos não deve ser mais tão barato de se produzir – sem contar no tempo necessário para dar a atenção necessária a cada um deles.

Uma adaptação precisa ser exatamente isso, uma adaptação. É impraticável esperar que a série consiga dar a mesma profundidade que Martins confere a seus personagens nos livros. Não estou aqui para comparar uma coisa à outra. A questão é que quando analisamos a série por si só, a decadência de qualidade vista nesta temporada é muito evidente se comparada às temporadas anteriores. Muitos aspectos da produção continuam impecáveis, como figurino, efeitos especiais, fotografia, etc. A parte técnica no entanto não compensa totalmente a falta de um bom roteiro. Nesta temporada vimos alguns erros bastante grosseiros de continuidade e lógica, pra dizer o mínimo.

Kings Landing

De maneira geral o desfecho foi satisfatório. Depois de uma cena empolgante mas sem sentido envolvendo Lancel e um dos pardais de Qyburn, BUM! Cersei finalmente fez alguma coisa interessante! A explosão do Septo e o suicídio de Tommen foram de longe as cenas mais emocionante do episódio. Imagino que muitos fãs também já estavam cansados desse enredo envolvendo o Alto Pardal. Graças a Deus a tortura acabou de maneira grandiosa, em um daqueles momentos que simplesmente nos fazem amar Game of Thrones!

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O núcleo da capital dos Sete Reinos andava meio enrolado,  passamos a temporada inteira esperando e esperando. Ao meu ver os poucos acontecimentos relevantes foram fracos ou simplesmente desnecessários, visto o final que os criados pretendiam mostrar. Apesar das ótimas atuações, não comprei totalmente essa nova Cersei. Uma mulher antes tão passional e irada não derramar nenhuma lágrima perante a morte de seu último filho? A cena da rainha com Qyburn tirou todo o impacto que a morte de Tommen deveria ter sobre sua mãe. Se estão querendo exaltar o fato de que ela é uma pessoa diferente agora, a tão esperada “Rainha Louca”, a versão de Cersei nos livros faria muito mais sentido aqui.

Arya Stark

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Arya, na viagem de navio mais veloz de todos os tempos através do Mar Estreito, chegou as Gêmeas para entregar a refeição mais esperada pelos leitores desde o Casamento Vermelho, a famosa torta Frey! Compartilho a satisfação de todos em finalmente ver o velho Lord Fray pagando seus pecados mas, sério HBO? Não podiam ter esperado ele dar pelo menos uma mordidinha? Uma série de TV feliz em mostrar criancinhas apunhalando um velho até a morte resolveu ter pudores na hora de exibir um canibalismo disfarçado? Até o coração de cavalo fake que Daenerys comeu na primeira temporada conseguiu me deixar com mais nojo do que essa torta de dedão do pé.

Me recuso a esmiuçar o restante do núcleo da Arya!

O Norte

No Norte as coisas começaram estranhas. Um confronto no mínimo desnecessário entre Davos e Melisandre, só para lembrar que, sim ela trouxe Jon Snow de volta masssssss, ainda é uma assassina de criancinhas! Assim o show pôde dar um (provável) fim a mais um personagem que já cumpriu seu papel no núcleo. Minha aposta é de que a sacerdotisa vermelha retorne na próxima temporada junto com a irmandade sem bandeiras. Ano que vem saberemos.

Sansa, minha querida Sansa. Não sei nem por onde começar a expressar meu desapontamento. Todo o amadurecimento da personagem serviu para que mesmo? Seu ponto alto no episódio 9 serviu para que mesmo? Para sentar quietinha enquanto seu irmão bastardo é proclamado Rei do Norte! Afinal quem se importa com a linha de sucessão, não é? Ela só foi o motor principal de toda a guerra que acompanhamos desde a primeira temporada. Mas vamos lá, Jon Snow é um cara legal, deixou os selvagens – que todos os lordes do Norte odeiam a dezenas de gerações – passarem pela muralha, ganhou uma batalha contra o odiado Ramsay Bolton apenas por que os cavaleiros do Vale chegaram, claro que ele merece ser o Rei! Afinal, ele é o filho secreto de Rhaegar e Lyanna, ele deveria ser o rei de Westeros de acordo com a bendita LINHA DE SUCESSÃO!

Meereen

Depois de muitas cenas desperdiçadas com o trio Tyrion, Missandei e Verme Cinzento, a volta de Daenerys trouxe um pouco de emoção ao núcleo. O encontro da Mãe dos Dragões com os irmãos Greyjoy foi um dos acontecimentos inesperados da série que jamais veremos nos livros. Ponto para Dan e David!

Falando especificamente sobre o último episódio, confesso que ver a frota de Daenerys FINALMENTE zarpando para Westeros foi um dos momentos pelos quais mais esperei desde comecei a acompanhar a série e ler os livros. Mas me desculpe Dany, apontar um mercenário para tomar conta de uma cidade recém libertada da escravidão, repleta de problemas sociais e políticos parece a opção mais sensata? Não! Fiquei com a impressão de que os produtos acharam que era hora de cortar o cachê de Daario. Felizmente a cena seguiu para um diálogo muito bem escrito entre Dany e Tyrion.

Dorne

Parece que finalmente veremos algo produtivo e lógico saindo de Dorne na próxima temporada. Vamos ignorar o fato de que não faz nenhum sentido as Serpentes de Areia terem assassinado Doran Martell (vamos vingar a família matando o restante da família?) e os lordes de Dorne aceitarem a amante bastarda de Oberyn como sua rainha. Dorne nesta temporada foi apenas mais uma pequena decepção. Felizmente, a aliança eminente com Daenerys na próxima temporada pode ser desenvolvida de forma bem interessante, espero que os roteiristas saibam aproveitar todas estas atrizes maravilhosas.

OBS: Mal posso esperar para ver Daenerys levando uma bronca da Olenna Tyrell, seria impagável. HBO nunca te pedi nada!

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Você deve estar se perguntando se eu sou mesmo uma fã deste seriado. Sim, meus queridos, e justamente por isso estou deixando aqui minha sincera opinião. Por mais que eu ame a obra de George R. R. Martins e dedique fielmente meus domingos à vê-la, isso não me impede de pensar criticamente, nem me obriga a engolir goela abaixo tudo que o show entrega. Peitinhos, massacres e mortes horrendas não conseguiram esconder o roteiro confuso e a pressa da HBO em encerras algumas histórias, para conseguir concluir Game of Thrones em mais uma ou duas temporadas. Nota 7 para esta temporada.

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Deixei de mencionar muitos personagens e núcleos, mas se fizesse isso o texto ficaria enorme. Por isso segue aqui uma menção honrosa e uma salva de palmas para:

  • A jovem Lady Mormont – se mais líderes fossem como ela essa história já teria se resolvido em duas temporadas.
  • Ao diálogo entre Jaime e Edmure Tully – um dos poucos realmente impactantes que vimos nesta temporada.
  • A batalha dos bastardos – Simplesmente lindo!
  • O ator Iwan Rheon – por ser um Ramsay Bolton tão perfeito.
  • O cabeleireiro invisível de Daenerys! Toda mulher sabe que manter o babyliss em dia quando se é uma escrava Dothraki no deserto pode ser um desafio.
  • Brienne, a viajante mais rápida dos Sete Reinos, que infelizmente vai de lá para cá sem conquistar nada no fim do caminho.
  • Arya Stark, que secretamente possui habilidades de cura dignas de um mutante X-Men.
  • A pessoa responsável pelo figurino de Cersei no último episódio. Vestidos dignos da futura Rainha Louca, amei!
  • Varys e Podrick, porque sim!
  • Mindinho, por ter o plano mais mirabolante e secreto mas que ainda não está nem perto de se tornar o rei dos Sete Reinos.

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22 Textos

Estudante de Administração, cozinheira e confeiteira, que nas horas vagas ainda encontra um tempo pra se dedicar à escrita. Ama frio, livros de ficção, bons vinhos, bons restaurantes e filmes de época. Sonha em se tornar uma autora publicada e conhecer os quatro cantos do mundo.
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