Ler Carnívora foi uma grata surpresa. O projeto, que ganhou vida através de financiamento coletivo, se passa inteiramente no Rio de Janeiro e, principalmente, em um morro – o assombrado Morro da Caveira.
A sinopse:
“E quando o sangue, a morte e o terror são espalhados por uma força muito superior a dos traficantes ou policiais?”
Carnívora é um álbum de terror que conta a história de Carlos, um policial civil à procura de sua noiva desaparecida após um sequestro. Como única pista, um endereço: Morro da Caveira. O maior complexo de comunidades do Rio de Janeiro. Mas não apenas isso. Intrigantes relatos dos moradores chamam a atenção. Todos contam a mesma história: o topo do morro é assombrado por pequenas criaturas carnívoras, parecidas com crianças, que levam terror e morte às redondezas.
É lá que a procura de Carlos começa e ele vai encontrar o que menos espera. Mas não só sustos e sanguinolência que compõe Carnívora. A história faz refletir sobre o preço de nossas escolhas, o que pode trazer a tona os verdadeiros monstros.”
A arte de Péricles Júnior, em preto e branco, é ágil e expressiva. As mulheres são voluptuosas e sensuais, mas não é algo usado apenas como artifício sexista. Entre os personagens retratados com boa dose de realismo, encontram-se policiais, funkeiros e funkeiras e moradores do morro. As páginas panorâmicas chamam a atenção pelos detalhes e jogo de sombras, o que cria um clima bem propício para a narrativa.
A Representação Feminina em Carnívora
Mesmo em um contexto de violência majoritariamente e quase que unicamente perpetrada por homens, Carnívora capricha na representação feminina. Elas não estão presentes somente no baile funk, mas também em lugares de poder: Além da delegada adjunta, Doutora Jéssica – uma das protagonistas, a chefe da delegacia – que passa sermão nos brutamontes que abusam do poder – também é mulher, e uma mulher negra! Ainda existem outras pequenas participações femininas menores na trama, sem falar na misteriosa mulher que ilustra a capa.
Conclusão
A obra aborda temas necessários, como violência policial, abuso de autoridade e violência urbana em geral. O autor, acertadamente, toma cuidado para não criar uma narrativa muito simplista ou dicotômica em relação a essas questões. As cenas de ação são fluidas e funcionam perfeitamente dentro da história. Não entraremos em mais detalhes sobre o enredo para não estragar o prazer da leitura. Mas garantimos: ao final – aberto, você vai querer ler mais e mais.
Carnívora
Péricles Júnior
124 páginas
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