Quinta-feira, uma tarde tediosa e modorrenta. A cachorra mestiça late loucamente para o carteiro mais gentil possível. Foi assim o primeiro encontro com uma expansão além dos mangás e, recentemente pela primeira vez, comics americanos de super heróis. O primeiro encontro com um novo estilo de quadrinho, com Hilda e o Troll.
Escrito por Luke Pearson, um jovem britânico de 30 anos, Hilda e o Troll é um livro da série de aventuras da menininha Hilda. Luke tem como outro trabalho notável ter sido parte da staff responsável por Adventure Time, criando storyboards na quinta e sétima temporadas.
Seu estilo de desenho faz jus ao estilo de um traço bem comum hoje em dia, com um certo ar infantil – tão visto no Cartoon Network; uma pintura que parece uma aquarela, levemente texturizada. As cores suaves ajudam a reforçar o ar sutil de imaginação e inocência, sem tirar a personalidade de Hilda.

Lançado começo do ano pela Companhia das Letras, Hilda e o Troll é o primeiro de 4 livros da série de Pearson. O encadernado é de capa dura, miolo colorido, de papel brilhante. Lembra a série de livros e fitas cassete “Conte outra vez”, da editora Globo e com selo Xuxa, mas com acabamento e papeis mais modernos. São 48 páginas de pura imaginação e sutilezas, com capas internas decoradas, não deixando nada em branco. Uma curiosidade: a capa brasileira é diferente da capa original.

Confira a sinopse da editora:
“Hilda adora aventuras, seja acampar numa noite chuvosa ou explorar a paisagem montanhosa nos arredores de casa. Durante uma expedição pelas colinas, ela encontra uma pedra muito suspeita: de dia, é apenas uma rocha engraçada, mas à noite se transforma num troll! Enquanto faz um desenho no caderno para registrar sua mais nova descoberta, Hilda acaba pegando no sono, e, ao acordar, o troll desapareceu. Agora, no caminho de volta para casa, Hilda terá de lidar com uma floresta assustadora, um gigante perdido, um homem de madeira misterioso e um sino tilintante. Inspirado no folclore nórdico, este quadrinho de cores vivas mistura realidade e fantasia para criar um universo deslumbrante, de onde crianças e adultos não vão querer sair.”
O mundo da imaginação
Hilda mora em uma casa perto de florestas, é vivaz e ativa. Tem literalmente um local amplo para explorar e tem liberdade para isso. Não é mostrado seu pai, apenas sua mãe, que apoia e muito as descobertas da menina. Só isso já foge daquele estereótipo típico de menina ter de se comportar feito “mocinha”, que tantas de nós ouvimos quando crianças, como também mostra o nível de cumplicidade e confiança entre mãe e filha. Não há aquela sensação de posse tantas vezes tão real na vida de muitas.
O quadrinho todo segue um ar que fica no limiar entre realidade (seria mesmo que o troll estava lá?) e o fantasioso (ou apenas seria a imaginação?), nos transportando a uma época onde nós mesmas já estivemos, onde imaginação e fatos se misturam e se tornam nosso mundo. No final isso é o menos importante, pois o foco é nos divertirmos junto de Hilda e revivermos a inocente arte de brincar e se aventurar.
É tudo mostrado de forma leve e nada forçado, o que deixa a leitura bem gostosa. Logo as 48 páginas são rapidamente devoradas, fazendo você reler só para encontrar mais detalhes. Obra altamente sugerida, com selinho de aprovação no teste de Bechdel, incentiva a imaginação e a criança a ser livre como deseja, principalmente meninas a se aventurarem por coisas além dos muros do “mocinha comportadinha”.
Hilda e o Troll
Luke Pearson
40 páginas
Essa obra foi cedida pela editora para resenha.
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