[EVENTO] Entrevista: O olhar atento de Rebeca Prado (2º Encontro Lady’s Comics)

Ela transforma o cotidiano em tirinhas hilárias, é professora, formada em Artes Visuais pela UFMG, com especialização em Cinema de Animação. Ok, ok, dispensa apresentações! Você já deve conhecer as aquarelices de Rebeca Prado (ou Beca). Não? Já falamos sobre Baleia e Navio Dragão aqui no blog. Agora vamos falar sobre a autora. Aliás, vamos deixar que ela mesmo fale.

No 2º Encontro Lady’s Comics, Rebeca Prado falou sobre sua experiência dando aulas de quadrinhos, como é sagaz a mente de uma criança e como a relação com o quadrinho ajuda no desenvolvimento. Vem conhecer um pouco dessa quadrinista mineira.

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DN – Além de produzir, você também dá aulas de quadrinho. O que você traz dessa experiência para sua produção?

Rebeca – Eu acho que quando a gente lida com pessoas, e ser professor é uma excelente forma de lidar com pessoas, a gente acaba percebendo algumas particularidades do ser humano. Então, por exemplo, as minhas tirinhas do “Baleia”, que são tiras muito existenciais, eu acabo trazendo muito pra elas essas questões que às vezes eu vejo acontecendo com as pessoas perto de mim. A Lif, eu trabalho com criança também, a questão da espontaneidade. Então ser professor é uma boa experiência pra observar pessoas e absorver o que elas tem de particular.

DN – Qual a importância do quadrinho ser trabalhado dentro da sala de aula?

Rebeca – Gente, quadrinho é uma mídia tão linda. É um negócio tão complexo e completo. Ele é tão amplo! Eu não vejo motivo pra não trazer ele pra sala de aula. A questão cognitiva de texto e imagem, narrativa, interpretação, coordenação motora… Tudo isso é trabalhado. Fora a questão da criatividade, interação social, a parte humana da coisa toda também.

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DN – Como é sua relação com o público?

Rebeca – Então, as pessoas acham que não, mas eu sou muito introvertida. Existe uma diferença entre ser tímido e ser introvertido. Eu não sou muito tímida, não tenho problemas pra falar em público… Quer dizer, tenho, fico ansiosa e tal, mas eu faço. Agora lidar com as pessoas em eventos, eu acho maravilhoso, mas tenho um pânico de chatear alguém, de fazer alguma coisa errada e eu fico sempre com medo de não dar atenção direito. Mas ao mesmo tempo as pessoas são muito incríveis sempre! Ontem eu ganhei uma aquarela que uma mocinha fez pra mim de presente. E eu guardo tudo que me dão, tudo mesmo. Todos os comentários… Alguns comentários inclusive, eu tenho um bloco de notas onde eu salvo alguns comentários que eu gosto muito. Então é uma relação de muito carinho. Às vezes eu acho que nem mereço esse carinho todo, mas as pessoas são muito carinhosas e tem muito a oferecer, se a gente dá oportunidade pra elas.

DN – Como você enxerga a importância de você se juntar com outras mulheres que também produzem quadrinhos?

Rebeca – Nossa! Eu me pergunto por que a gente não se junta até mais! Gente, as meninas são lindas. Eu só faço o trabalho que eu faço porque elas fazem o trabalho delas. Às vezes eu tô desanimada, não sei muito bem o que eu quero fazer. E eu vejo as meninas produzindo e incentivando, sabe?! E e quero fazer, quero consumir o que elas fazem também, trocar experiência, trocar insegurança, trocar ideia. E as meninas dos quadrinhos aqui do Brasil e em Belo Horizonte são ótimas, eu não tenho do que reclamar. Só tenho que falar que a gente ainda precisa de mais meninas fazendo. Você vê que aqui no evento é uma cuidando da mesa da outra, cuidando da outra, os trabalhos, a gente troca, a gente conversa. Eu acho que isso não tem preço, essa relação que a gente tem entre as meninas.

DN – O que você diria para uma mulher que tá começando nesse universo do quadrinho?

Rebeca – Eu diria pra ter coragem, porque não é tão fácil mesmo, as pessoas ainda são muito ignorantes. Mas ao mesmo tempo a gente tá aqui pra acolher quem que que seja. Às vezes você acha que o trabalho não é bom, mas vai aprender, sabe?! E o “bom” é uma coisa muito relativa. Não existe quadrinho certo, quadrinho errado, é o SEU quadrinho, é o SEU trabalho. Você tem que abraçar ele e a gente abraça também. E eu acho que é isso, não ter medo e nas horas que tiver medo a gente tá aqui pra não deixar ter tanto medo assim.

Acompanhe o trabalho de Rebeca Prado
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Bagunceira e bagunçada, por dentro e por fora. Prefere ver séries em maratonas, menos Game of Thrones, porque detesta spoiler. Totalmente apaixonada por desenho e animação. Tem mania de citar filmes em conversas, conselhos, brigas ou onde couber uma referência. Prefere gastar dinheiro com quadrinhos do que com comida, sendo muito entusiasta do quadrinho nacional e graphic novels em geral. Formada em Jornalismo, mas queria mesmo trabalhar com roteiro e ilustração.
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