E Buda Desabou de Vergonha: a resistência de uma menina diante das opressões de gênero

E Buda Desabou de Vergonha: a resistência de uma menina diante das opressões de gênero

E Buda Desabou de Vergonha (Buda as Sharm Foru Rikht) é um desses filmes que te revolta e emociona ao mesmo tempo. Iraniano, de 2007 e dirigida por Hana Makhmalbaf, a produção nós trás a jovem Bakhtai (Nikbakht Noruz), de 6 anos, em um dia que decide ir para a escola aprender a ler.

A missão parece ser fácil ao nossos olhos, mas em Bamian – cidade repleta de estátuas de Buda destruídas pelo talibã – não é tanto. A dificuldade já começa na falta de material. A garotinha sai pelo mercado com quatro ovos na tentativa de vendê-los para comprar os objetos necessários. No meio do caminho, dois dele quebram, fazendo com que só consiga dinheiro para um caderno. Mas ela não está disposta a desistir, e tem a brilhante ideia de usar o batom de sua mãe como lápis.

Durante o percurso para a escola de meninas, ela encontra um grupo de garotos “brincando” como se fossem do talibã, e a faz prisioneira, por levar consigo um batom – algo visto como pecaminoso na cultura.

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Apesar de não ser uma produção tão boa em termos técnicos, definitivamente é um filme que merece atenção. Mesmo sem saber, Bakhtai desafia os padrões impostos ao feminino de diversas formas. E já com ela, uma criança, conseguimos ver os diversos problemas a cerca dessa sociedade. Pobreza, alienação, machismo e extremismo religioso.

Todos esse fatores parecem incrustados em todos os indivíduos, que seguem religiosamente a regras sem cabimento. Com exceção de Bakhtai, que representa a resistência jovem, que luta pelos seus direitos sem se deixar abalar pelos que vão contra.

Mais do que um simples filme, E Buda Desabou de Vergonha serve como lição e nos traz novamente a mensagem de que ainda há muito a se fazer por nós, mulheres, e pelas nossas irmãs menos privilegiadas. Como já disse Simone de Beauvoir:

“Se à nossa volta todas não são iguais e livres, não podemos dizer que nós mesmos sejamos iguais e livres. Não acredito em salvação individual.”

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“O senhor não imagina bem que eterna variação de gênio é aquela moça. Há dias em que se levanta meiga e alegre, outros em que toda ela é irritação e melancolia.” (Ressurreição, Machado de Assis). 20 anos, estudante de Engenharia e que prefere passar o dia vendo filmes do que com a maioria das pessoas.
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