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DELIRIUM NERD
CINEMA, LITERATURA

Emma: a modernização do clássico de Jane Austen que precisávamos

por Fernanda Coutinho @fercoutinhot · 5 de agosto de 2020
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Adaptar uma obra literária para o cinema é sempre uma tarefa difícil. Afinal, uma história que funciona perfeitamente em uma mídia escrita nem sempre vai ser fácil de traduzir para um meio visual. Isso vale em dobro para clássicos que já foram adaptados algumas vezes, como no caso de Emma, romance de Jane Austen publicado pela primeira vez em 1815.

Adaptada cinco vezes para a televisão e três vezes para o cinema (inclusive em um formato moderno em “As Patricinhas de Bevely Hills”), Emma é uma história com um legado significativo, dentre o qual a versão mais recente tinha o desafio de se destacar. A boa notícia é que o filme, dirigido pela estreante Autumn de Wilde – que abre a produção com a primeira frase do livro, citada acima – faz isso com êxito.

“Emma Woodhouse, bonita, inteligente, e rica, vivera no mundo até os vinte e um anos com muito pouco para estressá-la ou perturbá-la.”

"Emma" de Autumn de Wilde é uma adaptação de sucesso de um clássico literário.

“Emma” de Autumn de Wilde é uma adaptação de sucesso do clássico literário de Jane Austen. Imagem: divulgação

A trama é efetivamente resumida na frase de abertura: Emma Woodhouse (Anya Taylor-Joy) é uma menina rica e arrogante que mora em sua luxuosa casa com seu pai (Bill Nighy). Embora sem muitas aspirações românticas para si mesma, Emma gosta de juntar casais ao seu redor, interferindo especialmente na vida amorosa de sua amiga, Harriet Smith (Mia Goth), que a acompanha com submissão e idolatria.

Com exceção de alguns bate-bocas com um amigo da família, George Knightley (Johnny Flynn), Emma caminha pela vida com tranquilidade, confiante no seu julgamento e na sua capacidade de influenciar as pessoas ao seu redor. Como uma boa heroína de Jane Austen, ela está profundamente enganada – e seus erros criam uma série de mal-entendidos dignos de uma comédia romântica moderna.

Modernizando o clássico de Jane Austen

Filmes de época podem se destacar ou se perder pelo seu design de produção e construção de ambiente – e Emma certamente se encaixa na primeira categoria. Criando ambientes luxuosos e espaçosos, o filme usa o cenário como oportunidade para caracterizar os personagens. Assim, Mr. Knightley é apresentado sendo vestido por seus criados e preparando-se para sair de sua imensa e vazia mansão, ilustrando que sua suposta independência é um disfarce sutil para uma certa solidão.

E esse é apenas um dos muitos exemplos: Emma é sem dúvida uma obra que transparece em cada quadro o esforço para garantir que cada detalhe ajude a compor a história – do som à coreografia de cenas ao figurino e cabelo das personagens (observe como, por exemplo, os penteados de Harriet mudam ao longo do filme, em uma clara tentativa de imitar o estilo de Emma).

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Adaptação do clássico de Jane Austen que mistura comédia e romance

Harriet Smith (Mia Goth), e Emma (Anya Taylor-Joy). Imagem: reprodução

A direção de Autumn de Wilde cria dinâmica para a obra, usando cada elemento de uma cena para criar um ritmo quase coreografado da riqueza e da futilidade do mundo da protagonista. Não é à toa que parte da comédia do filme vem da presença constante e silenciosa dos criados, que executam suas tarefas com uma precisão teatral enquanto os protagonistas vivem seus emaranhados românticos.

E “emaranhado” é a palavra certa: As viradas de trama de Emma fazem um verdadeiro malabarismo romântico entre os personagens, com confusões e enganos que, apresentados com menos charme, poderiam facilmente se tornar cansativos. Ao invés disso, no entanto, o filme nunca perde a energia, carregado por performances fortes e um senso de humor discreto e divertido.

Uma comédia para sorrir

Muitas comédias contemporâneas se convertem em coleções de esquetes para comediantes profissionais recitarem diálogos hilários em situações absurdas, sob enredos frágeis que só servem para amarrar uma punchline na outra. Emma, por sua vez, segue um caminho oposto. Não há cenas para chorar de rir no filme. Ao invés disso, o humor se pauta em toques sutis – não apenas no diálogo, mas em todo o som da produção.

Emma: a modernização do clássico de Jane Austen que precisávamos

Cena de “Emma” (2020). Imagem: reprodução

A trilha sonora pomposa, pontuada por efeitos sonoros em momentos-chave, cria o humor em pequenos gestos, como Harriet e Emma virando as cabeças ao mesmo tempo em reação a uma fala. A música se encaixa bem no ambiente da nobreza europeia, enfatizando o desconforto de diversas situações.

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Momentos como um leque se abrindo de forma precisa para expressar a indignação de Emma pela performance de uma rival não são gags elaboradas, mas são impossíveis de assistir com a cara séria. Como resultado, o riso vem em doses suaves, criando uma produção muito mais divertida do que engraçada.

“Bonita, inteligente e rica”

Mas nada em Emma poderia funcionar sem a presença da personagem-título. Emma é uma protagonista cheia de defeitos, e acompanhar sua história poderia facilmente se tornar maçante se não fosse pela impecável performance de Anya Taylor-Joy. Sem em momento nenhum suavizar sua arrogância, Taylor-Joy carrega o filme com a dose ideal de charme, alcançando o perfeito equilíbrio ao fazer a espectadora gostar de Emma e mesmo assim torcer para sua evolução como pessoa.

Mas nada em Emma poderia funcionar sem a presença da personagem-título.

Suas expressões faciais, por si só, já constituem grandes momentos do humor sutil que lidera a obra. Ser esnobe é parte de Emma, e a atriz certamente aproveita isso nas situações certas, como na ótima sequência em que tenta escapar de uma conhecida desagradável em uma loja.

No entanto, Emma não tem más intenções – apenas a ingenuidade perigosa de alguém que conseguiu viver no mundo até a idade adulta “sem nada para estressá-la ou perturbá-la”. Assim, Taylor-Joy também acerta ao deixar transparecer uma inocência profunda pulsando sob a superfície de uma menina mimada, e sua sincera dor ao ser forçada a confrontar como sua arrogância machuca aqueles ao seu redor.

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Finalmente, é preciso ressaltar a química que Flynn e Anya constroem entre Knightley e Emma – crucial para um romance nascido de uma dinâmica ligeiramente paternal funcionar. Mesmo entre bate-bocas e até discussões mais sérias, é inegável a afeição entre os personagens, que se escancara como tensão romântica de forma muito natural ao longo da história.

E, após tantas idas e vindas, é gratificante celebrar, por fim, a culminação de um amor de anos, e a evolução de Emma em uma versão melhor de si mesma.


Edição, revisão e arte em destaque por Isabelle Simões.

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Fernanda Coutinho

Formada em História, Fernanda é escritora e trabalha com tradução, legendagem e produção de conteúdo. Gosta de games, quadrinhos e filmes. Passa a maior parte do tempo falando do seu cachorro ou do MCU.

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