The Regrettes: feminismo, revolução e instrução leve e certeira nas músicas

The Regrettes: feminismo, revolução e instrução leve e certeira nas músicas

Formada em Los Angeles em meados de 2017, a banda The Regrettes conta com três álbuns lançados, o mais recente sendo How Do You Love?, e integram o grupo de rock Lydia Night (vocal e guitarra), Genessa Gariano (guitarra), Brooke Dickson (baixo) e Drew Thomsen (bateria), apresentando em suas músicas muitas críticas ao machismo, racismo, sexismo e deixando belas e necessárias mensagens sobre a liberdade das mulheres. Anteriormente, integravam a banda juntamente com Lydia e Genessa a baixista Sage Nicole e o baterista Maxx Morando.

Lydia Night é sempre ativa em suas redes sociais e expõe bastante sua opinião sobre política e problemáticas sociais, não se isentando e sendo uma excelente referência para as adolescentes mais novinhas, já que provavelmente o público da artista é um pouco mais jovem, visto o alcance ainda médio da banda.

Experiências pessoais nas músicas da The Regrettes

Lydia, Drew, Brooke e Genessa | Imagem: divulgação/Spotify

Assim como muitos artistas solo e bandas, The Regrettes incorpora muitas experiências pessoais nas letras de suas canções, combinando-as com melodias contrastantes e cheias de guitarras – mérito para as guitarristas. E é isso que difere o grupo dos demais: elas não criam personagens, apenas se permitem fluir entre personalidades.

“(…) You’re talkin’ to me like I’m dumb
Well I’ve got news, I’ve got a lot to say
There’s nothing you can do to take that away
You’re talkin’ to me like I’m hurt
Well at least I’m not six feet in the dirt
And I’ll still kick your ass even in my skirt (…)”

“(…) Você fala comigo como se eu fosse estúpida
Bom, tenho notícias, eu tenho muito a dizer
Não há nada que você possa fazer para me tirar isso
Você fala comigo como se eu estivesse ferida
Bem, pelo menos, eu não tenho seis pés na sujeira
E eu chuto sua bunda mesmo vestindo minha saia (…)”

Lydia Night | Imagem: divulgação/We Heart It

Inclusive, em julho de 2020, Lydia Night denunciou Joe Armstrong, filho de Billie Joe Armstrong, da banda Green Day, por abusos emocionais e coerção sexual durante o breve relacionamento dos dois, quando a artista tinha 16 anos e o agressor tinha 22.

Lydia, em grande relato publicado em seu Instagram, pontuou que Joe sempre pediu para ela “manter em segredo” o relacionamento dos dois e que ele se mantinha em uma posição de poder na relação, o que fez com que Lydia, por muitas vezes, nem se desse conta do que estava acontecendo.

Na música A Living Human Girl é possível se sentir abraçada e muito confortada pela voz das garotas roqueiras da The Regrettes e ainda deixar um recado bem sutil e claro para os homens que se acham no direito de invadir o espaço e a privacidade de uma garota.

“(…) I fall in love with people once a day
Oh but if you ask me out, I’m still allowed to say
No way.”

“(…) Me apaixono por pessoas uma vez ao dia
Mas se você me chamar para sair, eu ainda tenho permissão para dizer
de jeito nenhum.”

The Regrettes e seus clipes envolventes e divertidos

Eu conheci a banda muito por acaso, através das indicações do Spotify, e a primeira música que eu ouvi só não é minha favorita porque eu enjoei de tanto ouvir, mas abriu meus olhos – e ouvidos – para o mundo mágico da banda The Regrettes.

Seguindo em ordem não cronológica, temos Seashore, canção com uma letra forte e empoderada e um clipe ainda mais interessante, resgatando tópicos históricos sobre como as mulheres foram tratadas e retratadas nos primórdios.

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Nesta música dançante e hipnotizante vemos as integrantes caracterizadas como grandes líderes políticas e protestantes a favor do voto para as mulheres, além de vermos também um suposto julgamento pelo qual Lydia – na verdade a sua personagem – passa e a leva para a fogueira – te lembra alguma coisa?

Veja por você mesma:

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Em Hey Now, a cenografia toda se transforma em um domo de inclusão e diversão, transformando as garotas (na época, Sage era a baixista) da The Regrettes em personagens secundárias na história toda apresentada – e você vai entender o motivo. Vou deixar o visual falar por si:

Lançada durante a pandemia – lá no comecinho, quando a gente ainda tinha esperança de que tudo ia acabar rápido -, a música What Am I Gonna Do Today apresenta um videoclipe muito simples e certeiro, já que os integrantes gravam os takes com seus próprios celulares e mostram suas rotinas em casa – se puder, fique em casa!

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Se posicionar para inspirar: The Regrettes entrega conteúdo único e inspira mirando certo

Não pisar na bola na hora de expor sua realidade e criar seu conteúdo é essencial para qualquer artista, mas o que destaca a The Regrettes é a plena consciência de que as integrantes são pessoas comuns e isso não deveria tornar as discussões necessárias, acerca do empoderamento feminino, autoestima e liberdade com o próprio corpo, limitadas e inacessíveis.

The Regrettes acerta em cheio ao fazer punk rock com letras saudáveis, reais e inclusivas, transformando a si própria como uma ótima banda referencial – e que, espero, seja um espelho para as novas gerações entenderem que a revolução só começou.

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Redatora e revisora de textos, apaixonada por língua portuguesa, jornalista de formação e curiosa nas artes gráficas. Escreve sobre terror, sci-fi e comédia e sempre tem uma garrafinha de água na mão. LGBTQIA+ e antifascista.
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