Em Mães de Verdade, a diretora Naomi Kawase emprega seu costumeiro toque delicado para mostrar diversos lados envolvidos numa história de adoção.
A história de “Mães de Verdade”
Um casal vive um cotidiano feliz com seu filho de 5 anos. Até que um dia recebe a ligação de alguém se identificando como a mãe biológica da criança.
O filme então entra em flashback para retratar a vida de Kiyokazu Kurihara (Arata Iura) e Satoko (Hiromi Nagasaku), mostrando como lidaram com a descoberta da infertilidade do marido, e como adotaram seu filho através da companhia sem fins lucrativos “Baby Baton”.
Em outro flashback, passamos a acompanhar a história de Hikari (Aju Makita), a mãe adolescente do bebê adotado, desde o inocente romance que teve com um colega de escola, até o trágico desenrolar após a descoberta da gravidez por sua família.
Em Mães de Verdade, Kawase mais uma vez entrega um olhar delicado e doce, até mesmo nas cenas em que seus personagens vivenciam as maiores dificuldades. Esse retrato permite criar uma grande empatia por eles, e suaviza o tom melodramático da história.
Narrativa fragmentada ajuda o ritmo do filme
O recurso de ir e voltar no tempo também cria um interesse pelo desfecho de certas cenas, algo que dá mais ritmo para uma narrativa que poderia ser muito morosa caso fosse contada de forma linear.
Por exemplo, só ficamos sabendo o que aconteceu após a ligação da mãe biológica lá pro meio do filme, depois de vermos diversos flashbacks sobre a vida dos personagens, quando a diretora planta várias dúvidas sobre a identidade de alguns deles.
Olhar amplo sobre a maternidade
O que o filme tem de melhor, além da sempre reconfortante delicadeza de Kawase, é o retrato sincero e afetivo sobre diversos tipos de mães. Até a senhora que gere a “Baby Baton” diz em um momento que se sente mãe de todas as garotas que passaram por lá.
Esta, aliás, é uma das melhores sequências do filme, quando vemos Hikari ficar sob os cuidados da “Baby Baton” antes de dar à luz. Ela vai para uma casa afastada da cidade, onde há várias garotas jovens grávidas, que, assim como ela, não tem condições de criar os bebês. Lá encontra um ambiente acolhedor, que ampara e cuida dessas garotas.
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A medida que Hikari interage com algumas delas, também podemos ter noção das situações que as levaram àquela gravidez acidental, e como são diversas suas trajetórias. Essas cenas criam um cenário empático e compreensivo, ao contrário de tantos outros filmes que retratam a gravidez na adolescência como fruto apenas da irresponsabilidade dos envolvidos.
Mães de Verdade estreia hoje, 13 de maio, nos cinemas.
