Dias Perfeitos é um longa-metragem dirigido por Wim Wenders, com roteiro escrito por Wenders e Takuma Takasaki. Esta obra foi uma coprodução entre Alemanha e Japão e teve a honra de competir pela Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes de 2023.
Sua estreia ocorreu em 25 de maio, e durante o festival, o filme foi agraciado com o Prêmio do Júri Ecumênico, além de garantir o Prêmio de Melhor Ator para Koji Yakusho.
A destacada qualidade artística e narrativa do longa também lhe rendeu a seleção como representante japonês para o Oscar de Melhor Filme Internacional na edição de 2024. No Brasil, a estreia nos cinemas ocorrerá no próximo dia 29 de fevereiro.
A sinopse de Dias Perfeitos não poderia ser melhor: Hirayama trabalha como limpador dos banheiros públicos em Tóquio e parece satisfeito com sua vida simples.
Seguindo uma rotina estruturada, ele dedica seu tempo livre à paixão pela música, pelos livros e pela fotografia de árvores. No entanto, mais sobre seu passado é gradualmente revelado por meio de uma série de encontros inesperados.
Os dias perfeitos que são tranquilos
Ao amanhecer, uma pessoa varre a rua enquanto uma brisa gélida sopra. Essa é a rotina dos dias perfeitos de Hirayama (Koji Yakusho).
Sua vida é meticulosamente estruturada, dispensando até mesmo o uso de despertador. As atividades diárias, tanto em casa quanto no trabalho, são realizadas de forma cadenciada, mas longe de serem entediantes, proporcionando-lhe uma existência confortável e calma.
Desde o início do filme, percebemos que as variáveis são poucas e banais, limitadas a escolher uma música ou lidar com a imprevisibilidade do comportamento do colega de trabalho.
Os dias perfeitos que podem não ser tão tranquilos
Mesmo quando as variáveis começam a se tornar menos controláveis, como quando sua sobrinha aparece de surpresa, Hirayama mantém sua serenidade. Em vez de sucumbir à ansiedade, ele compartilha um pensamento profundo: “da próxima vez é da próxima vez. Agora é o agora“, revelando uma sabedoria tranquila.
A chegada da jovem desencadeia situações inusitadas que exigem uma gama de emoções complexas, e é somente nesse momento que começamos a desvendar um pouco mais sobre seu passado. Talvez, afinal, os dias não fossem tão perfeitos ou tranquilos como aparentavam ser.
À primeira vista, Dias Perfeitos parece ser um filme sobre repetição, centrado na rotina pré-estabelecida de Hirayama. Porém, com uma sensibilidade certeira, a direção nos apresenta uma sequência de dias sempre com detalhes diferentes.
Os flashes borrados de sonho do protagonista, o jogo de câmera, a angulação da luz e a velocidade com que as coisas acontecem na tela nos deixam com a sensação de que tudo se desenrola de forma semelhante, mas não necessariamente da mesma maneira.
O filme é uma homenagem às coisas simples da vida, como recolher uma muda de planta no parque ou tomar uma cerveja com alguém. Além disso, ele nos mostra que é possível lidar com sentimentos incômodos de maneira pacífica, mesmo que isso não seja confortável.
Em Dias Perfeitos, Wenders e Takasaki nos presenteiam com uma poesia sobre a vida cotidiana, revelando que a realidade nem sempre é tão perfeita quanto parece.