[CINEMA] Filmes de terror com protagonismo feminino para ver neste Halloween

[CINEMA] Filmes de terror com protagonismo feminino para ver neste Halloween

Aproveitando uma das nossas épocas favoritas do ano, resolvemos montar uma lista especial contendo dicas de filmes de terror com com protagonismo feminino. Alguns dos filmes utilizam o gênero do terror para discutir traumas e problemas reais como o bullying, depressão, violência doméstica, abuso sexual, fanatismo religioso, feminicídio e gravidez. Confira as nossas dicas!

O Orfanato (2007) – Espanha

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Direção: J. A. Bayona

Sinopse: Laura (Belén Rueda) passou os anos mais felizes de sua vida em um orfanato, onde recebeu os cuidados de uma equipe e de outros companheiros órfãos, a quem considerava como se fossem seus irmãos e irmãs verdadeiros. Agora, 30 anos depois, ela retornou ao local com seu marido Carlos (Fernando Cayo) e seu filho Simón (Roger Príncep), de 7 anos. Ela deseja restaurar e reabrir o orfanato, que está abandonado há vários anos. O local logo desperta a imaginação de Simón, que passa a criar contos fantásticos. Entretanto à medida que os contos ficam mais estranhos Laura começa a desconfiar que há algo à espreita na casa. Apesar de poder ser classificado como terror, O Orfanato permanece sendo um drama sobre infância e bullying, e conta com um belíssimo final e com uma ótima referência a Peter Pan.

https://www.youtube.com/watch?v=p9349UNI9FA

Mártires (2008) – Canadá, França

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Direção: Pascal Laugier

Sinopse: Lucie, uma garota de 10 anos, esteve desaparecida por um ano quando é finalmente encontrada numa estrada, louca e desorientada, sem conseguir contar o que aconteceu. Seu corpo, apesar de maltratado, não tem indícios de violência sexual. Então é levada a um hospital, onde se afeiçoa a outra garota chamada Anna, que passa a cuidar dela e estreitar os laços de amizade para que supere a experiência traumática que viveu. 15 anos depois, Lucie está completamente fora de controle, em busca dos responsáveis por todo aquele sofrimento, envolvendo Anna em acontecimentos com consequências imprevisíveis. Experimentos humanos, sensitividade e religiosidade são temas que podemos encontrar nesse thriller que caminha entre o psicológico e o subjetivo. (Há ainda um remake deste filme de 2015, porém recomendamos o original). Saiba mais sobre o filme aqui.

https://www.youtube.com/watch?v=OURQETU9s-0

Ninho de Musaranho (2014) – Espanha

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Direção: Esteban Roel e Juanfer Andrés (Disponível na Netflix)

Sinopse: Em Madri, nos anos 1950, vive Montse (Macarena Gómez), uma mulher que sofre de Agorafobia e cuida da irmã mais nova (Nadia de Santiago), já que a mãe morreu durante o parto e o pai abandonou as filhas. A doença de Montse faz com que ela se prenda dentro de um apartamento, piorando a situação. Um dia, a relação entre as irmãs começa a mudar com a chegada de um vizinho, Carlos (Hugo Silva). Aqui, temos mais um grande exemplo da grandiosidade do cinema espanhol, mesmo com baixo orçamento e com diretores estreantes. Todo o clima de suspense é bem trilhado, e com personagens muito bem construídas. Traumas, violência doméstica, abuso sexual e fanatismo religioso são temas abordados nesse longa.

O Babadook (2014) – Austrália, Canadá

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Direção: Jennifer Kent (Disponível na Netflix )

Sinopse: Depressão, transtorno de ansiedade e outras doenças similares ainda são tabus na sociedade. A grande sacada de O Babadook é usar o gênero de terror para retratar a jornada de sua protagonista, que em Hollywood tradicionalmente seria um drama. Amélia, após seis anos da morte do marido, ainda vive o luto e tem dificuldades de lidar com seu filho pequeno, que nasceu no mesmo dia do terrível episódio. Emulando a maneira como a sociedade trata as doenças mentais, o filme joga com a ambiguidade do monstro ser real ou não, e se os eventos acontecem de verdade ou apenas na imaginação dos personagens. O sofrimento mental de Amélia não é aquele costumeiro de filmes de terror, em que um agente externo perturba a personagem até que ela enlouqueça. A loucura vem da vida real, de situações do cotidiano que se instalam e atordoam quem as vive. E quer monstro mais assustador do que aquele que mora dentro de nós? Um intrigante terror psicológico que trabalha de forma esplêndida a depressão. Saiba mais sobre o filme aqui.

Os Olhos de Minha Mãe (2016) – EUA

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Direção: Nicolas Pesce

Sinopse: Uma jovem mulher (Kika Magalhaes), é consumida por seus desejos mais profundos e obscuros, após uma tragédia atingir a sua tranquila vida no campo. Com um clima bem sombrio e agoniante sobre solidão e contando ainda com uma incrível fotografia toda trabalhada em preto e branco, Os Olhos de Minha Mãe é uma ótima recomendação para aquelas que também gostaram de Garota Sombria Caminha pela Noite.

A Dark Song (2016) – Irlanda, Reino Unido

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Direção: Liam Gavin

Sinopse: Sophia Howard (Catherine Walker) é uma mulher que vê como última esperança contratar um estranho ocultista para realizar um ritual com o objetivo de realizar seu maior desejo: rever o filho falecido. Durante o trabalhoso processo, as personagens arriscam não só suas vidas e almas, mas também a própria essência de seus seres. Mas , mais do que um filme de terror sobre rituais de ocultismo, A Dark Song também trabalha muito bem ao redor de luto e perdão, e é claro, muita espiritualidade. Aviso: o ocultista interpretado por Steve Oram causa ranço extremo. 

Shelley (2016) – Dinamarca, Suécia

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Direção: Ali Abbasi

Sinopse: Louise e Kasper desejam se tornar pais, mas Louise não pode conceber uma criança. Ela sela um pacto com sua empregada romena, Elena, para carregar em si um filho de Louise, mas as coisas não acontecem como eles planejavam. Shelley é um título para as apreciadoras daquele terror minimalista como em A Bruxa, e que assim como este, traz no enredo um tema relacionado ao feminino: gravidez. Saiba mais sobre o filme aqui.

Clinical (2017) – EUA

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Direção: Alistair Legrand (Disponível na Netlix)

Sinopse: Uma psicóloga especializada em pacientes com traumas têm o seu próprio vindo a tona quando um paciente atípico aparece em sua vida, trazendo lembranças de seu passado que se tornam cada vez mais viscerais, e fazendo com que ela acabe por questionar a sua própria sanidade. Para as espectadoras mais exigentes, o filme pode não agradar em diferentes aspectos. A fotografia, maquiagem, e construção de alguns personagens não são dos melhores, e o próprio roteiro pode ser descrito como “muito mirabolante” – daquele tipo que tem uma ideia em potencial, mas acaba se perdendo ao desenrolar. O final também não é de agradar a maioria, mas mesmo assim ainda leva pontos positivos por retratar assuntos bem importantes, como trauma e abuso sexual infantil.

Jogo Perigoso (2017) – EUA

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Direção: Mike Flanagan (Disponível na Netflix)

Sinopse: Um casal viaja pra uma casa de campo para aproveitar um momento romântico que envolve jogos adultos. Depois de ser algemada na cama, Jessie (Carla Gugino) participa dos jogos do marido Gerald (Bruce Greenwood), até que a situação tem uma mudança trágica. Ela é deixada amarrada e sozinha com suas memórias dolorosas de infância, um cachorro de rua faminto, as vozes em sua mente e, possivelmente, alguém que a observa do canto escuro do quarto. Baseado na obra de Stephen King, Jogo Perigoso nos traz uma protagonista lidando com abusos de diferentes homens em diferentes fases da vida.

Suspiria (1977) – Itália

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Direção: Dario Argento

Sinopse: Clássico do gênero giallo, o filme acompanha a jovem bailarina norte-americana Suzy (Jessica Harper), que é transferida para uma escola de ballet na Alemanha e acaba se deparando com uma série de mortes estranhas, desvelando todo um universo sobrenatural por trás do que seria uma simples escola de ballet. Mesmo 40 anos depois de ser lançado, Suspiria continua sendo um dos filmes mais assustadores, sangrentos e belos do seu gênero, influenciando muitos outros filmes e diretores que o seguiram. Dificilmente você vai ouvir dizer que um filme de terror é esteticamente lindo, mas com suas cores vibrantes e jogos de sombra e luz (influência direta do expressionismo alemão), Suspiria consegue arrancar suspiros com sua beleza e mostra que é possível sentir muito medo e ainda achar tudo lindo. Além do uso expressionista das cores, o som desempenha um importante papel nos filmes de Argento, e no caso de Suspiria a trilha sonora composta pela banda de rock Goblin é sobreposta com efeitos sonoros como sussurros, gritos e choros, o que confere uma ambiência de pesadelo e paranoia constante ao filme.

Mate-me Por Favor (2015) – Brasil

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Direção: Anita Rocha da Silveira (Disponível nas plataformas de VOD (como o NET NOW))

Em Mate-me Por Favor, a diretora flerta com o ‘thriller’ para, usando arquétipos típicos do gênero em que um ‘serial killer’ é o elemento chave da narrativa, imprimir um retrato sobre o esvaziamento da vida dos jovens de classe média. Mas, não só isso. O longa-metragem de estreia de Anita Rocha da Silveira é uma ficção sobre violência contra mulheres, sobre feminicídio. Meninas vão sendo brutalmente assassinadas, aparentemente sem motivo. A clara ênfase na falta de motivação para as mortes ressoa na intenção da diretora em destacar os perigos que mulheres correm pelo simples fato de serem mulheres e, principalmente, por transgredirem as regras de comportamento esperadas dentro de uma ‘feminilidade enfatizada’ que o sistema patriarcal insiste em difundir para controlar e subjugar seus corpos.
 
As quatro amigas que conduzem a trama, com destaque para a protagonista Bia (Valentina Herszage), exalam uma química muito bem aproveitada no excelente trabalho de direção de atores. Some-se a isso o espetacular trabalho de som e uma trilha sonora quase sempre diegética que conjuga músicas Pop ao Funk carioca da década de 90 para exprimir os sentimentos das personagens. Impossível não ressaltar a fotografia e direção de arte que harmonizam o clima de tensão e suspense que o roteiro, também escrito por Anita, confere ao longa. A fascinação de Bia pela morte – lembremos que 13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil – remete a um desencantamento do mundo que culmina no desfecho em que vemos uma horda de adolescentes sorumbáticos rumo ao nada existencial: a um vazio de expectativas e sensações.

Greve (2016) – França

Direção: Julia Ducournau (Disponível na Netflix)

Greve (Raw), escrito e dirigido por Julia Ducournau, é um filme que recebeu uma divulgação duvidosa, que culminou mais no afastamento das pessoas de o assistirem, do que na intenção contrária. Dizem que algumas pessoas saíram do cinema após desmaiarem durante a sessão. Porém, apesar do tema sensível – o canibalismo –  o filme não apresenta exageradamente diversas cenas com intuito apenas de chocar a plateia. É um filme que vai além da estética do terror. A protagonista da história precisa ser ao mesmo tempo a antagonista para manter-se viva. 

Greve conta a história de Justine, uma estudante e caloura da faculdade veterinária que passa por um trote na universidade, onde é obrigada a comer carne. Porém, Justine é vegetariana e, após ingerir o alimento animal, passa a notar certos comportamentos diferentes, incluindo uma necessidade insaciável de comer carne humana.

O filme pode ser interpretado através de uma análise dos percalços que uma mulher enfrenta durante o seu crescimento decorrente do seu gênero, dentro de uma sociedade misógina e extremamente hostil e nociva para as mulheres. Desde a agressão do trote universitário, passando pela obrigatoriedade e cobrança estética imposta através dos ritos de feminilidade, Julia Ducournau apresenta um universo cru e sombrio – que nos faz lembrar do excelente “Trouble Every Day”, de Claire Denis – onde a protagonista precisa ao seu modo sobreviver em um mundo que está adoecido há muito tempo. Leia mais sobre o filme aqui.

Lista colaborativa escrita por: Monique Costa, Carol LucenaMariana Goethel, Samantha BrasilIsabelle Simões.

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