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Divino Amor
CINEMA

Divino Amor: bela fotografia e quebra de tabu, mas narrativa lenta

por Carol Lucena · 23 de julho de 2019

“Divino Amor“, o novo filme de Gabriel Mascaro (diretor do aclamado “Boi Neon“) é uma distopia futurista. Em 2027, o Brasil perdeu seu caráter laico e se tornou totalmente evangélico. O carnaval já não é a maior festa do país, como nos conta a narração, perdendo o posto para a “festa do amor supremo”, de caráter religioso.

Joana (Dira Paes) trabalha em um cartório, na área de registro dos pedidos de divórcio, e faz de tudo para impedir que os casais consigam prosseguir com o processo. Além disso, ela se empenha para trazer alguns deles para sua igreja do Divino Amor, onde os casais realizam diversos rituais, inclusive de procriação. O lema é “quem ama não trai, quem ama divide”.

Divino Amor

Cena de ritual de “Divino Amor” (Imagem: reprodução)

Em sua vida privada, Joana tenta ter um filho com seu marido Danilo (Julio Machado), mas ele enfrenta problemas de infertilidade. Por causa disso, ela visita constantemente um pastor que atende em um drive-thru religioso, algo que já existe de verdade no Brasil atual. O grande desafio de Joana é fazer essa gravidez acontecer e é a isso que ela dedica suas mais fervorosas orações.

Boa premissa, porém trama mal desenvolvida

O diretor visivelmente tem um grande apuro estético, ajudado bastante pela bela direção de arte e fotografia, que abusam de cores e luzes neon, mesmo em cenários onde elas seriam improváveis, como dentro de casa. Os elementos que criam esse mundo distópico também são bem estabelecidos, como a tecnologia invasiva que atua em favor de propósitos conservadores: em todo estabelecimento há um leitor de identidade na porta, que identifica quem passa por ela, inclusive fetos dentro da barriga de suas mães, e também mostra o estado civil da pessoa.

É uma pena que Mascaro não dedique o mesmo capricho ao desenvolvimento narrativo. Apesar de Joana ter um arco claro, as cenas criam pouca tensão, pouca excitação e pouco drama, embora na teoria devessem despertar todas essas emoções. Isso se deve provavelmente ao ritmo bastante lento, com cenas que focam em ações banais do dia a dia e menos na interação entre os personagens. As várias repetições da rotina do casal principal também é algo que incomoda, dando a impressão que a história custa a evoluir.

Divino Amor

Joana demonstrando sua fé em cena de “Divino Amor” (Imagem: reprodução)

Outro ponto negativo é a narração, feita por uma voz infantil robótica e que pouco acrescenta às cenas, às vezes apenas descrevendo o que já podemos ver na tela. Essa voz apenas se justifica ao final, mas mesmo assim não deixa de ser uma presença desagradável durante a projeção. Um texto melhor e uma melhor atuação vocal certamente contribuiriam mais para a trama.

Leia também:
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As qualidades de “Divino Amor”

O que o filme traz de interessante é uma visível crítica à guinada que o Brasil (e o mundo) estão dando em direção ao conservadorismo, aliada à dominância cada vez maior do cristianismo evangélico no país. Mascaro escolhe um caminho sutil, entretanto, e é possível que espectadores que não estejam informados sobre a situação política atual nem sequer enxerguem o tom crítico e de alerta. Essa sutileza torna a crítica mais sofisticada.

Outro ponto positivo é a representação da nudez sem tabus. Em especial, nus frontais masculinos são expostos sem qualquer constrangimento, o que é algo raro no cinema em geral e bastante positivo. As cenas de sexo também são muito bem filmadas e ambientadas. É uma pena que elas percam um pouco de sua força por causa da falta de senso narrativo. Por exemplo, os casais com os quais Joana e Danilo se relacionam nos rituais do Divino Amor não são nem um pouco desenvolvidos, fato que prejudica a eroticidade das cenas pela falta de identificação emocional com eles. 

No geral, “Divino Amor” é um filme com uma premissa muito interessante e belo apuro estético, mas que peca em seu desenvolvimento narrativo. Bastaria isso para se tornar uma obra realmente potente. 

O filme foi assistido no cinema Petra Belas Artes.

 

 


Edição realizada por Gabriela Prado.

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Carol Lucena

Cineasta, musicista e apaixonada por astronomia. Formada em Audiovisual, faz de tudo um pouco no cinema, mas sua paixão é direção de atores. Vocalista da banda Noite e compositora nas horas vagas. Também escreve sobre cinema em seu site Cine Medusa, e é co-fundadora do Verberenas.

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