A Netflix lançou recentemente, mais especificamente no dia 20 de junho de 2019, “I Am Mother“, filme de suspense/drama/sci-fi que trata sobre a humanidade, a tecnologia, o desconhecido e a maternidade de uma forma muito bem estruturada e interessante, de uma maneira que se distrair da tela seja praticamente impossível.
Este texto não contém spoilers
Com direção de Grant Sputore e roteiro de Michael Lloyd Green, “I Am Mother” conta com um elenco totalmente formado por mulheres, com as atrizes Clara Ruggard-Larsen, Hilary Swank e Rose Byrne interpretando, respectivamente, a Filha, a desconhecida e a Mãe (apenas a voz, já que a personagem é um robô). O filme é uma produção de ficção científica utópica, mas ao mesmo tempo muito real e próxima da nossa atual realidade, mostrando a relação humano vs máquina de uma forma visceral e muito cativante.
“I Am Mother” inicia lentamente, mas já indicando o que está por vir, deixando frestas para que a espectadora adivinhe o que vai acontecer em seguida – o suspense e o mistério inseridos organicamente na produção provavelmente sejam os destaques do longa, pois ao mesmo tempo em que você precisa de concentração pra entender tudo o que está rolando, também precisa segurar o coração pra não levar um jumpscares com os barulhos mecânicos e a aparição da Mãe repentinamente na tela.
Narrativa desenvolta e maternidade em “I Am Mother”
Nenhuma informação é jogada na história e tudo o que envolve as personagens é muito bem construído e definido. A paleta de cores merece destaque, pois além do neutro prata e cinza das “latarias” das máquinas e da personagem Mãe, as cores vermelho e branco também são bem presentes, mas sem destoar da intenção de sobriedade da produção. O jogo de luzes também faz toda a diferença no decorrer das quase duas horas de filme, pois proporciona a intensidade que as personagens sentem e o que a telespectadora deve sentir e entender do contexto como um todo.
A forma como a maternidade é exposta em “I Am Mother” é um acréscimo positivo para a obra, pois é simples e não reforça nenhum estereótipo que estamos acostumadas a ver sobre o assunto. Claro que algumas partes da narrativas não são das mais amigáveis ou empáticas, como o fato da Mãe sempre frisar que tudo o que faz é para o bem da Filha, mesmo que isso a prive de se conhecer e conhecer o que aconteceu com seu antigo mundo antes da extinção da humanidade – a robô Mãe simplesmente mostra uma tremenda aversão ao fato da Filha saber da “verdade” ou qualquer outra coisa que não seja o já explicado por ela.
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Por fim, toda a trama do filme é bem girl power, porque a robô Mãe cuida, totalmente sozinha, da Filha desde seu nascimento e sempre a ensina a ser autossuficiente e a lidar com os problemas sem precisar de outra pessoa; já a reviravolta na história é muito bem arquitetada, principalmente por nos fazer pensar, de forma nova e assustadora, no quão as máquinas estão à frente de nós.
“I Am Mother” cativa, emociona, assusta e inspira com mulheres tão fortes no seu enredo. Vale muito a pena!
Confira o trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=mRfXV87B9WY