Rihanna e a representatividade na indústria da beleza: quando o empreendedorismo abraça a diversidade

Rihanna e a representatividade na indústria da beleza: quando o empreendedorismo abraça a diversidade

Muito antes de o termo “ditadura da beleza” ser amplamente difundido, o mundo já sofria com um mal chamado padrão estético corporal. Ao longo da história, as mulheres foram forçadas a se enquadrarem em diferentes ideais estéticos (geralmente baseados em modelos socioeconômicos ou em tendências do gosto masculino) para que fossem consideradas belas ou dignas de prestígio social. 

No Renascimento, mulheres mais gordas eram valorizadas, apesar de o espartilho ser um item essencial para a maioria delas. Na Idade Antiga, o belo era representado por proporção, curvas, seios fartos e quadris largos. Já na Idade Média, era a cintura fina e o volume no quadril que chamavam a atenção.

Durante todas essas fases, as mulheres não tinham oportunidade de mostrar seu descontentamento com o sofrimento para se encaixar em padrões aos quais muitas delas sabiam não pertencer. Contudo, nas últimas décadas, a indústria da beleza vem sendo duramente criticada por sua falta de diversidade e, consequentemente, de representatividade. No entanto, novas marcas como a Fenty Beauty e SAVAGE X FENTY estão mudando aos poucos essa realidade. 

"O Retrato de Maddalena Doni" ao lado de imagem da modelo Cindy Crawford na década de 1980.
“O Retrato de Maddalena Doni” ao lado de imagem da modelo Cindy Crawford na década de 1980, representando a mudança de conceitos de beleza ao longo do tempo.

Fenty Beauty e SAVAGE X FENTY são exemplos da utilização do empreendedorismo como ferramenta social

Lançada em setembro de 2017, a Fenty Beauty já carregava consigo uma grande responsabilidade social desde seu anúncio. Isso se deve ao histórico de Rihanna, fundadora da marca, como ativista de causas sociais e ambientais: em janeiro do mesmo ano, a cantora foi nomeada “Humanitária do Ano” pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Além de ações envolvendo a criação de hospitais para pessoas com doenças terminais e a disponibilização de recursos para populações que sofrem com crises sanitárias, a barbadiana é abertamente engajada na causa antirracista.

Coloque um homem árabe com essa mesma arma, no mesmo Walmart, e de nenhuma forma Trump ficaria sentado para dizer publicamente que é um problema de saúde mental. O ser humano mais mentalmente doente dos Estados Unidos, atualmente, parece ser o presidente.

As pessoas estão sendo mortas por armas de guerra que são compradas legalmente. Isso não é normal. Isso nunca deveria ser normal. E o fato de ser classificado como algo diferente por causa da cor da pele? Isso é um tapa na cara. É completamente racista.

– Rihanna sobre ataque a tiros em shopping de El Paso (Texas), em ato racista.

O público que nutria alta expectativa com os novos produtos não se decepcionou. Desde seu lançamento, a Fenty tem sido elogiada por sua ampla gama de cores de base, que atende a diversos tons de pele. Os tons mais escuros, que costumam ser ignorados por pela indústria da beleza, são tão valorizados pela marca quanto os tons mais claros.

Além disso, suas ações publicitárias são sempre compostas por modelos de diferentes cores de pele, enaltecendo todos os seus potenciais clientes, mas dando ênfase para aqueles que sempre são esquecidos pelas grandes redes de cosméticos. Além disso, também há grande presença da comunidade LGBTQIA+ nas campanhas de publicidade, marcada principalmente pelo protagonismo de modelos transgênero.

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Diversidade de alguns dos tons de base oferecidos pela Fenty Beauty. 
Diversidade de alguns dos tons de base oferecidos pela Fenty Beauty.

Além dos cosméticos, Rihanna também é a idealizadora e sócia majoritária da Savage X Fenty, marca de lingeries inclusiva, que valoriza a diversidade corporal. Ao contrário de grandes nomes do mesmo ramo que dão visibilidade apenas a corpos inatingíveis para a grande maioria das mulheres comuns, a Savage prioriza os corpos reais em seus diversos tipos.

Liderado por décadas pela Victoria’s Secret, o mercado de lingeries assombrava mulheres ao redor do mundo com o fantasma do “corpo perfeito”. Para vestir as peças desfiladas nos grandes eventos de moda televisionados, era preciso ser alta e muito magra. Um desejo praticamente impossível que desencadeou distúrbios alimentares e de imagem em diversas mulheres de diferentes idades.

Então, surgiu a Savage X Fenty, quebrando todos os padrões reforçados pelos desfiles de moda, e dando visibilidade aos corpos reais. Seja nas coleções femininas ou nas masculinas, a representatividade corporal está sempre presente. 

Diversidade no Savage X Fenty Fashion Show vol. 2
Diversidade no Savage X Fenty Fashion Show Vol. 2. | Foto: Getty Images for Savage X Fenty

Nosso desafio a cada ano é apenas expandir nossa inclusão, certo? Você nunca consegue ser inclusivo o suficiente.

Você não pode simplesmente chegar lá e dizer ‘Nós cuidamos de todos!’

Sempre há alguém que você não representou e todos os anos nós queremos incluir mais representação.

– Rihanna sobre o Savage X Fenty Show vol. 3, realizado em 24 de setembro de 2021.

O lançamento de um novo conceito de marca de roupas íntimas reforçado com desfiles anuais que quebram padrões ressignificam o que é ser sexy. Ser atraente não quer dizer fazer parte de um grupo seleto com determinadas características físicas. Ser sexy é assumir e se orgulhar de quem se é, sem precisar mudar nenhuma característica física para reafirmar isso nas vestimentas utilizadas todos os dias.

O sucesso financeiro como consequência da busca por representatividade

As marcas gerenciadas por Rihanna estão tendo um impacto significativo na indústria da beleza em termos de lucro. Em 2021, a Fenty Beauty acumulava cerca de US$1,7 bilhão. Já a Savage X Fenty teve seu capital avaliado pela revista Forbes em US$125 milhões em 2022. 

Existe, sim, um apelo pelo nome de Rihanna na criação dos produtos, mas não apenas isso. O lucro exorbitantemente alto da empresa mostra que há uma grande demanda por produtos de beleza que sejam inclusivos e representativos. Além disso, a representatividade precisa estar não só nos produtos, mas em sua divulgação também.

Savage x Fenty
Savage x Fenty | Foto: Getty Images for Savage X Fenty

Além de ser a cantora mais rica do mundo, o trabalho da barbadiana fora dos palcos lhe rendeu o posto de segunda mulher mais rica do entretenimento, ficando atrás apenas de Oprah Winfrey, que acumula um patrimônio de cerca de US$3 bilhões. Juntando o lucro da carreira de sucesso de Rihanna como cantora, com a renda da Fenty e da Savage X Fenty, ela acumula mais de R$1,7 bilhão em patrimônio.

O conceito de inclusão trabalhado pelas marcas coordenadas por Rihanna geraram um efeito positivo no cenário de cosméticos e indumentária. O chamado “Efeito Fenty” fez com que marcas como Dior, Maybelline e CoverGirl ampliassem a gama de tons de base oferecidos em suas linhas. Diversas marcas passaram a aumentar o público-alvo ao ver a resposta positiva das ações inclusivas na indústria da beleza.

Rihanna sabe exatamente o que faz ao liderar uma mudança na indústria da beleza. Sua trajetória até aqui mostra que a representatividade não é apenas importante, mas também pode ser rentável.

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Uma jornalista apaixonada por música, literatura e cinema. Seus maiores hobbies incluem criar playlists para personagens fictícios e falar sobre Taylor Swift nas redes sociais.
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