Barbie e o feminismo por trás do cor-de-rosa

Barbie e o feminismo por trás do cor-de-rosa

Para além da reputação de boneca mais famosa do mundo, a Barbie carrega uma série de estereótipos atrelados a seu nome desde a sua criação em 1959. Ela é a representação da mulher perfeita e a possibilidade de ser quem quiser. É o padrão de beleza inatingível e, ao mesmo tempo, a quebra de paradigmas.

Seis décadas depois de seu lançamento, centenas de versões de bonecas e um catálogo recheado de séries e filmes de animação, a loira com mais de 200 profissões vai ganhar o primeiro live-action e está mais em alta do que nunca.

A origem da boneca Barbie

Pensada por Ruth Handler, a Barbie ganhou vida enquanto sua criadora observava o desinteresse da filha pelos brinquedos da época, resumidos em bebês de pano ou plástico, jogos de cozinha e outros objetos que remetiam a maternidade e a ser dona de casa.

O primeiro trailer do live-action faz uma referência a 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) e mostra meninas brincando com suas bonecas bebês e as largando imediatamente ao se depararem com a Barbie (Margot Robbie). Pensar que uma boneca adulta poderia ser qualquer coisa, inclusive assumir profissões que eram consideradas masculinas, foi revolucionário.

Referência a "2001: Uma Odisseia no Espaço" (1968) no trailer de "Barbie" (2023)
Cena do trailer de Barbie (2023) | Imagem: Warner Bros

Desde o início dos tempos, desde que a primeira garotinha existiu, existem bonecas. Mas as bonecas eram sempre e para sempre bebês. Até…

Mas a Barbie é feminista?

Apesar de ter sido criada e vendida com o slogan de “Você pode ser tudo que quiser” — algo muito a frente do seu tempo considerando que nos anos 60 as mulheres viviam majoritariamente nos papéis tradicionais de gênero —, a hiperfeminilidade e as medidas irreais da boneca contribuíram para que nem todos enxergassem a Barbie como um símbolo feminista. Embora esse ponto de vista seja válido e renda muita discussão, não é justo reduzir a personagem a sua estética, principalmente considerando o contexto em que ela foi criada.

Com o passar dos anos e o lançamento de uma franquia de filmes e séries, a personalidade da boneca foi aprofundada e os ideais de coragem, liderança e empatia a acompanharam. A partir dos anos 2000, dezenas de filmes foram lançados e todos se desenvolve em torno de uma Barbie sensível e gentil, mas também ousada e corajosa. Ela persegue seus sonhos e não mede esforços para enfrentar seus obstáculos. Além de não depender de um salvador.

Ainda que em alguns filmes exista interesse romântico, eles não passam de uma subtrama. Lições sobre amizade, independência e autoestima são o que geralmente se destacam. Por exemplo, em O Castelo de Diamantes (2006) o enredo foca na relação de Liana e Alexa. Juntas elas enfrentam desafios e perigos, mas também superam obstáculos e mostram a importância de compartilhar alegria e bondade.

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Liana e Alexa em Barbie e o Castelo de Diamantes
Liana e Alexa em Barbie e o Castelo de Diamantes | Imagem: Reprodução

Em uma adaptação do clássico de Alexandre Dumas, As três mosqueteiras (2009), Barbie é Corinne, uma camponesa que sonha se tornar uma mosqueteira real, cargo ocupado somente por homens. O que não é um obstáculo para ela. No desenrolar da história, Corinne aprende a superar as expectativas impostas por ela ser mulher e descobre que se há determinação, coragem e habilidades, seu gênero não a impedirá de realizar seu sonho.

Cena de Barbie e as Três Mosqueteiras
Cena de Barbie e as Três Mosqueteiras | Imagem: Reprodução

Em Super Princesa (2015), Barbie é Kara, uma princesa comum que descobre um poder secreto e se torna uma heroína com habilidades especiais. Ela precisa aprender a controlar seus novos poderes e usá-los para proteger seu reino de uma ameaça. Ao mesmo tempo, Kara enfrenta desafios pessoais, como encontrar um equilíbrio entre sua identidade de princesa e sua identidade como super-heroína. Ela desenvolve a autoconfiança e abraça sua singularidade, percebendo que todos conseguem fazer a diferença, sendo uma super-heroína ou não.

Barbie como Kara em “Super Princesa”
Barbie como Kara em “Super Princesa” | Imagem: Reprodução

Boneca em carne e osso

O material promocional de Barbie, de Greta Gerwig, diretora e roteirista, sugere que o novo filme vem imerso no mundo cor-de-rosa da boneca, mas com uma diversidade maior de personagens, algo incomum nas linhas de brinquedo e nos filmes até pouco tempo.

O longa também promete uma aventura no mundo real e, ao que parece, uma brincadeira com a questão dos padrões de beleza. No trailer, a Barbie é expulsa de Barbieland por não se adequar as normas: seus calcanhares tocam o chão, ela sente fome e sono e começa a questionar a razão de sua existência.

O material se agarra ao lema que nasceu com a boneca: seja o que quiser ser. Os pôsteres divulgando o elenco mostram Barbies que são presidentes, diplomatas, advogadas e outras tantas possibilidades. Os Kens, por outro lado, são apenas Kens. Similar aos filmes e séries já lançadas, os personagens masculinos devem ficar em segundo plano, deixando a loirinha e as demais Barbies comandarem a ação.

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Margot Robbie e Ryan Gosling como Barbie e Ken.
Margot Robbie e Ryan Gosling como Barbie e Ken. “Ela é tudo, ele é só o Ken” | Imagem: Warner Bros

As características inerentes a história da Barbie parecem vir em peso no novo filme. Espera-se que assim como nas histórias que fazem sucesso até hoje, a Barbie de Greta Gerwig preserve os atributos naturalmente feministas da boneca, com uma pitada a mais de diversidade entre os personagens.

O live-action estreia em 20 de julho e, segundo o trailer, tem como público-alvo aqueles que amam e os que odeiam a boneca.

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Fangirl e fanfiqueira desde que me entendo por gente. Estudante de jornalismo e apreciadora de cachorrinhos, crochê e outras coisas fofas.
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