Bilquis Evely é uma das maiores quadrinistas brasileiras, sendo reconhecida não apenas em nosso país, mas também internacionalmente. Nascida em 1990, na cidade de Barueri em São Paulo, mostrou-se uma desenhista talentosa desde pequena. Seus primeiros trabalhos datam da época de escola, quando recebia comissões de professores e funcionários. Aos 14 anos, entendeu que seu desejo era ser quadrinista ao encontrar uma revista da Supergirl, desenhada por outro brasileiro, em uma banca de jornal.
Seu estilo é inconfundível. Os traços, limpos e claros, mas simultaneamente fortes, destacam-se em seus cenários etéreos, repletos de detalhes meticulosos. A artista habilmente utiliza linhas paralelas para criar padrões, sombras, volumes e texturas, evocando uma gama de sensações: desde o vazio e angústia da destruição até a plenitude de um universo onírico. Sua arte é excepcional, não apenas pela representação impecável de cenas em um roteiro, mas também pela profunda conexão emocional que elas evocam em nós.
Supergirl: presente desde o início da jornada de Bilquis Evely
Em entrevista, Bilquis Evely conta que foi essa ocasião que a inseriu no mundo dos super heróis: “Foi uma minissérie da Supergirl que me chamou a atenção na banca quando era adolescente, antes disso eu não tinha contato nenhum com esse universo de super-heróis”.
Ela ainda compartilha que então teve certeza que seu destino estava traçado: “Foi o dia que abriu uma portinha de possibilidades e, desde aí, tive certeza que trabalharia com quadrinhos no futuro. Mágico assim!”
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A partir deste momento, a quadrinista começou a sua jornada, focada em se desenvolver artisticamente, e começou a frequentar cursos em escolas especializadas em quadrinhos.
Em 2009, iniciou sua atuação na revista Luluzinha Teen e Sua Turma. Essa foi sua casa até 2012, quando estreou no mercado norte-americano pela editora Dynamite Entertainment, trabalhando em Doc Savage e Shaft.
Em 2015, Bilquis Evely recebeu o convite da DC Comics para trabalhar em seus projetos e não saiu mais! Foi aí que, mais uma vez, Supergirl esteve presente em sua trajetória. A primeira personagem com que trabalhou na nova editora foi a Supergirl de Bombshells.
Mais tarde, a artista conta que, quando Keith Giffen perguntou se ela sonhava em desenhar algum personagem específico, a resposta só poderia ser Supergirl. Isso foi o suficiente para que ele a colocasse em uma edição de Sugar & Spike, seu segundo trabalho na DC.
Em 2021, iniciou um novo projeto que também envolvia a super-heroína. A artista atuou na co-criação de Supergirl: Woman of Tomorrow, junto do quadrinista brasileiro Matheus Lopes e do escritor Tom King. A minissérie foi um sucesso muito grande, sendo indicada ao Eisner na categoria Melhor Minissérie Limitada, em 2022.
Em entrevista, Bilquis conta que, dessa vez, foi apenas uma feliz coincidência. Ela estava terminando seu trabalho com O Sonhar e se envolveu muito com o tom da história que seria contada em Supergirl: Woman of Tomorrow.
“Posso amar o personagem, mas se a história não funcionar com o meu tipo de traço, é como dar murro em pedra. Sou sempre cuidadosa quanto a isso. Então veio o convite no meio dessas reflexões e logo de cara pareceu perfeito para mim”, explica a quadrinista.
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O Sonhar: consolidando a sua realidade
Supergirl foi muito importante para colocar Bilquis Evely no mundo dos quadrinhos, mas ela não é sua única referência. Grande responsável por firmar a quadrinista na indústria de HQs e como uma das grandes artistas de sua geração, O Sonhar foi um divisor de águas em sua carreira e de seu estilo único.
Parte da expansão do universo de Sandman, O Sonhar deu oportunidade para que a artista criasse ilustrações impressionantes que retratam de forma deslumbrante e surpreendente o mundo e os personagens criados por Neil Gaiman. Na mesma entrevista, ela reforça que a experiência com O Sonhar foi fundamental para solidificar seu estilo, tornando o processo criativo ainda mais natural.
Mulher-Maravilha: uma importante referência
Se há um título que não podemos deixar de destacar é Mulher-Maravilha. A artista assumiu as artes das edições pares em 2016, substituindo Nicola Scott ao final do Arco Um, na edição #14. Antes disso, Bilquis também teve a experiência de ilustrar a edição #8, que conta uma história estrelada pela Mulher-Leopardo/Cheetah.
Em outra entrevista, Bilquis conta como foi a sua experiência com Mulher-Maravilha e a série Rebirth:
“Quando eles me convidaram, eu confesso que recebi isso com bastante naturalidade, como qualquer outro projeto que eu tenho que analisar antes de aceitar ou não. Porque sim, ela é uma das minhas personagens favoritas, ou talvez a favorita mesmo, mas eu sempre tento analisar se o projeto é legal para o meu estilo.
É isso que eu sempre tenho em mente a princípio. Então eu fiquei muito empolgada, mas principalmente porque eu sabia que era um estilo de projeto que eu me sairia bem.
Depois, com a repercussão da notícia e quando, de fato, eu comecei a colocar a mão na massa no projeto, eu percebi o quanto aquilo era significativo e o quanto eu, como mulher, tinha a oferecer para a personagem. Fiquei bem emocionada.”
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Outras obras e prêmios de Bilquis Evely
Além de Supergirl, Mulher-Maravilha e O Sonhar, Bilquis Evely tem em seu portfólio trabalhos em Batman Annual 2016, The Flintstones, Harley Quinn, Scooby Apocalypse e Plastic Man para a editora DC Comics.
O Sonhar lhe rendeu o prêmio alemão Rudolph Dirks Awards de Melhor Artista Sul-Americana, em 2018, e também a indicação ao Eisner Awards na categoria Melhor Desenhista, em 2020. Já em 2022, Bilquis foi premiada com o Troféu HQ Mix como Destaque Internacional, reforçando a sua importância para a cena além Brasil.
Além dos prêmios, Bilquis tem marcado presença em eventos de quadrinhos. Aqui no Brasil, em 2018, estreou como convidada na Comic Com Experience (CCXP), participando de painéis especiais e sessões de autógrafos. E a artista já foi confirmada na CCXP23, edição que comemora os 10 anos de evento e acontece entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro. Nós já estamos ansiosas para vê-la!