Muitos filmes de terror populares têm protagonistas brancos, mas é importante reconhecer que o gênero também incorporou protagonistas e histórias negras, contribuindo significativamente para a riqueza e diversidade das narrativas de horror.
Esses protagonistas não apenas enfrentam criaturas assustadoras na tela, mas também desafiam preconceitos arraigados na indústria do entretenimento.
Na companhia do medo – 2003
Protagonizado por Halle Berry, o filme retrata Miranda Grey, uma psiquiatra criminal perturbada pelo espírito de uma jovem que morreu tragicamente.
Miranda acorda na ala de psiquiatria acusada de assassinar brutalmente o marido, sem saber o motivo. Confusa e desconfiando de sua sanidade, ela conta com a ajuda do colega de trabalho Pete Graham (Robert Downey Jr) e relembra os fatos e acontecimentos sombrios da fatídica noite.
Nós – 2019
O filme de Jordan Peele começa de forma morna e confusa, sem revelar claramente para onde está indo. No entanto, esquenta durante a invasão na casa da família que buscava um final de semana tranquilo na Califórnia.
Em Nós, pessoas duplicadas surgem tentando matar seus sósias e assumir seus lugares na sociedade. Enquanto a família luta pela sobrevivência e busca entender o porquê, flashes do passado de Adelaide (Lupita Nyong’o) revelam os eventos que originaram as cópias.
Reviravoltas e planos de conspiração mirabolantes são elaborados por Red, a verdadeira Adelaide. Sustos, cenas em parque de diversões à noite, sala de espelhos assombrada e a ameaça de uma cópia tentando assumir seu lugar tornam o filme perturbador.
O final pode decepcionar quem prefere conclusões claras. Entretanto, este não é o estilo do diretor, conhecido por seus finais subentendidos, com uma boa pitada de crítica social e elementos utópicos.
“O monstro sempre é o Outro: a outra cultura, o outro país, o outro espectro político, a outra religião, o outro gênero.” – Lupita Nyong’o para a Entertainment Weekly
Último fato curioso: ao pesquisar o filme no Google, antes você encontrava um mini doodle mostrando pessoas de mãos dadas e tesouras, referindo-se ao final do longa.
A Lenda de Candyman – 2021
A versão mais popular da verdadeira lenda de Candyman é:
“Um escravo negro que se apaixona pela filha branca de seu ‘dono’. Ao ver que esse amor era correspondido, o senhorio manda matar o escravo. Esse tenta fugir, e na fuga é atacado pelos feitores que lhe cortam a mão, o amarram ao tronco, e jogam uma colmeia de abelhas nele.
Diante dessa cena, o escravo ferido, cheio de mel e abelhas matando-o aos poucos, os feitores e alguns escravos ainda passam pelo homem tirando sarro de sua situação. As últimas palavras que o homem escutou antes de morrer foram as risadas maldosas gritando ‘Candyman’ cinco vezes até ele finalmente falecer.
Como toda morte trágica, o espírito do escravo volta literalmente na força do ódio para matar todos os que o chamam cinco vezes na frente do espelho.”
Corta para tempos atuais onde quase ninguém mais acredita em lendas e mitos. E o artista Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen III) buscando inspiração, tem a brilhante ideia de basear sua próxima obra nos contos de Candyman.
Corta para os tempos atuais, onde poucos acreditam em lendas e mitos.
Em A Lenda de Candyman, filme de Nia DaCosta, o artista Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen III) busca inspiração e decide basear sua próxima obra nos contos de Candyman.
Fantasmas e Cia – 2023
Fantasmas e Cia é quase um filme para a família, daqueles que poderiam facilmente estar no catálogo da Disney+ para o público infanto-juvenil. Aborda temas típicos como relação pai e filho, dificuldades financeiras, familiares e conflitos adolescentes.
A diversão começa quando Kevin (Jahi Di’Allo Winston), o caçula da família, faz contato com o espírito que assombra sua nova casa, Ernest (David Harbour de Stranger Things), e criam um laço de amizade de forma bem humorada.
O filme retrata de forma interessante como um espírito de casa mal assombrada seria tratado nesta década. Ernest vira meme, tem canais no YouTube dedicados ao caso, a família se torna tendência nos programas paranormais da internet, e o espírito vira até crush!
Quando parece que não vai acontecer mais nada, Kevin decide ajudar seu amigo fantasma a fazer a passagem. A trama se aprofunda quando eles partem em busca da verdade sobre a morte de Ernest e o motivo dele estar ali.
Lovecraft Country – 1ª temporada – 2020
Lovecraft Country é uma série de terror perfeita! Importante destacar que não é uma adaptação fiel da obra de H.P. Lovecraft, mas sim uma inspiração.
A primeira temporada tem 10 episódios com um formato dinâmico. Cada episódio apresenta um protagonista diferente, embora compartilhem a mesma história final.
Ao representar estilos variados de horror em cada episódio, incluindo casa mal assombrada, body horror e ficção científica, a série proporciona uma experiência diversificada.
Além disso, aborda temas de crítica social e cenas de puro racismo, tornando-se um verdadeiro terror para assistir.
O terror negro do momento: Jordan Peele!
Não é por acaso que três das indicações hoje têm direção ou roteiro de Jordan. Talvez você não se lembre, mas ele começou a carreira como ator no humor, em alguns filmes de comédia, dublagens e programas de TV como Mad TV.
Jordan virou diretor em Corra!, pelo qual ganhou o prêmio de Melhor Roteiro Original do Critics’ Choice, e desde então não parou mais.
Reconhecer um filme de Jordan não é difícil: elenco principal negro, críticas sociais e um suspense envolvente. Ele destaca o protagonismo de atrizes e atores afrodescendentes, ampliando o espaço para nossas estrelas negras brilharem!